sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Público: "Grécia falha meta do défice e põe em dúvida próxima parcela do resgate"

Será que Vítor Gaspar está atento ao que se passa na Grécia? A aposta dos gregos em políticas recessivas não está a resultar, como seria de prever!!! Mas parece que Portugal, mesmo com 1 ano e tal de observação da crise e das políticas gregas de combate ao défice e à dívida soberana, está a cair nos mesmos erros!


A Grécia não vai conseguir cumprir a meta do défice público definida para este ano, o que aparentemente levou à suspensão hoje das conversações com os inspectores da troika que estão a avaliar se o país reúne condições para receber uma nova parcela do plano de resgate em vigor.


Um funcionário próximo dos inspectores da troika Comissão Europeia-BCE-FMI disse, citado pela agência Reuters, que o défice orçamental de 2011 será de pelo menos 8,6 por cento do PIB, face a uma meta de 7,6 por cento, e a comunicação social local tem falado em 8,8 por cento.

O ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos, deu hoje uma conferência de imprensa onde assumiu que o défice aumentará “automaticamente” devido ao “agravamento da recessão”, mas não adiantou ainda qualquer estimativa para o seu valor, que remeteu para meados de Setembro, após novas negociações com a troika.

Venizelos disse que a economia grega deverá contrair-se cerca de cinco por cento, contra os 3,5 previstos no início do ano, e insistiu, no entanto, na importância de manter o défice para 2011 no valor absoluto antes previsto: 16,68 mil milhões de euros. Deste modo, poder-se-ia admitir que o aumento do défice não resultasse de outras derrapagens que não a da contracção da economia, que gera menos receita para o Estado e só por si impede o cumprimento da meta em percentagem do PIB, mesmo que o Governo grego cumpra com todos os outros pontos do acordo.

Mas para já não há acordo entre o Governo grego e os representantes dos credores internacionais nem sobre a dimensão da derrapagem do défice, nem sobre as suas razões – os inspectores da troika em Atenas consideram também que o país não está a concretizar as reformas com o vigor suficiente.

Esta situação está a complicar as negociações entre as autoridades gregas e os técnicos da troika, que aparentemente decidiram agora fazer uma pausa no processo, regressando dez dias depois para ver o plano de orçamento para 2012 e concluírem o procedimento de avaliação periódica do cumprimento das condições negociadas a que os países que receberam assistência financeira, como Portugal, ficam sujeitos como contrapartida da libertação progressiva dos montantes inicialmente acordados.

A interrupção das negociações anunciada hoje pela troika nunca tinha sido referida pelas autoridades gregas, e um porta-voz do Governo veio dizer que “as conversações não pararam” e que “há alguns pontos cruciais nestas negociações que o Governo está a defender”.

Esta situação poderá pôr em risco a transferência para o país da próxima parcela do plano de resgate de 110 mil milhões de euros, decidido na Primavera do ano passado para evitar que a Grécia entrasse em bancarrota, o que teria tido consequências devastadoras sobre o sistema financeiro europeu, ou mesmo mundial, ainda fragilizado pela crise que se revelou no final de 2008.

Os juros das obrigações gregas nos mercados secundários estavam hoje a disparar em todos os prazos, com as taxas a dez anos a atingiram às 13h de Lisboa um novo recorde desde que a agência Reuters apresenta registos, nos 18,505 por cento. Os juros das obrigações portuguesas, espanholas e italianas também subiam em todos os principais prazos, bem como os da Irlanda a dez anos.

Os juros portugueses a dez anos avançavam ligeiramente, para 10,338 por cento, enquanto os de Itália e Espanha, que tiveram uma queda abrupta na sequência do início da compra de obrigações dos dois países nos mercados secundários há cerca de um mês, avançavam nitidamente, para respectivamente 5,260 e 5,099 por cento. Os juros italianos e espanhóis a dez anos chegaram a estar acima de seis por cento no início do mês passado, e depois recuaram para ligeiramente abaixo de cinco por cento, mas na última semana recomeçaram a subir.

As cotações na Bolsa de Atenas estavam em queda acentuada. O índice Athens General era um dos que mais recuava (-3,04 por cento às 13h30 de Lisboa), mas os principais índices de Madrid, Paris e Milão desciam ainda mais. As cotações da banca estavam a ser particularmente penalizadas, com quedas de cinco até mais de sete por cento. O euro está a desvalorizar desde ontem.

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