sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Confissões grátis, aproveitem!!!

Nas minhas deambulações pela cidade de São Carlos, em miniférias do trabalho, acabei por parar cerca de uma hora na Catedral da cidade para falar um pouco com Deus e refletir sobre o ano que chega ao fim. Algum tempo depois de ter chegado, a minha esposa se junta a mim, naquele templo de paz, silencioso para juntos estar em comunhão divina.
Catedral de São Carlos Borromeu (São Carlos, São Paulo, Brasil)
Quase na hora de saída, mas ainda sentados, fomos abordados pelo pároco local, devidamente trajado para a eucaristia das 12:00, o qual nos abordou com a seguinte frase:
"Estamos com uma super promoção até ao dia 31 de Dezembro com confissões grátis!!!"
Ele virou costas e seguiu seu caminho. A início ficamos incrédulos olhando para a cara um do outro, até que a admiração passou a sorriso e o sorriso a riso, até que minha esposa quebrou o silêncio dizendo a Deus:
"Perdoa-lhe bom Deus porque ele não sabe o que faz!"
Olhei o telemóvel e vi marcado 27 de Dezembro!! Não, não era 1 de Abril! Falamos então um com o outro sobre o ineditismo da situação e como aquela abordagem de péssimo gosto se revestia de malícia e estava profundamente imbutida dentro dos conceitos atuais do Neoliberalismo e da Nova Ordem Mundial a qual transformou todas as coisas em produtos, em consumo, tanto bens materiais como pessoas e agora até, a paz espiritual!

Quando um Padre, um "representante" de Deus na Terra não dá nem um "Bom dia" e nos aborda de uma forma fugaz, descomprometida, calculista e fria, o que se pode esperar da restante Sociedade?

Uma pespetiva Histórica da Confissão

0 a 33: o ato de confessar nem sequer foi instituído por Jesus Cristo. No Novo Testamento, o filho de Deus cede aos 12 apóstolos o poder de perdoar os pecados (Jó 20,21-23), mas esta ação não se pode nem entender como a "Confissão" propriamente dita, mas sim num âmbito maior de amor e compaixão com o próximo, de bondade extrema e ajuda espiritual ao próximo!

Século I (1ª metade): foi São Paulo que advertiu sobre a necessidade e deu origem a este sacramento (Cor 5, 18). Recorde-se que São Paulo, um cidadão romano, nem sequer era um dos 12 apóstolos originais, escolhidos por Cristo.

Século XVI (meados): o Concílio de Trento reorganiza a Igreja Católica emitindo numerosos decretos disciplinares e especifica claramente as doutrinas católicas. Entre as quais, define que a Confissão é uma ação obrigatória para toda a população e sublinha a obrigatoriedade de registo escrito da mesma. São elaborados desde então os róis de confessados que consistiam numa listagem imensa com o nome de cada pessoa e data da última confissão. Aquele que não se confessasse regularmente ficava sujeito às penas impostas pelo Tribunal do Santo Ofício.

Século XIX:  a Confissão passa a ser voluntária.

2012: em São Carlos (Brasil) consta-se que a confissão passa a ser um sacramento pago. O ato de falar perante Deus sobre os pecados terrenos e pedir o Seu perdão, passa a estar somente ao alcance de pessoas que possam estar dispostas a pagar financeiramente por tal ação, portanto, indigentes e pessoas no limiar da pobreza ficam automaticamente excluídas do perdão divino - considerando que esta prática está em vigor por toda a Igreja Católica e não nasceu da cabeça do padre local.


Para mais informações:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Confiss%C3%A3o_%28sacramento%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlio_de_trento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inquisi%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_de_Tarso

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