sábado, 26 de janeiro de 2013

UE para quem quer


A 14 de janeiro de 1963, o presidente de França, o General Charles de Gaulle, fez uso do seu direito de veto e impede o Reino Unido de aderir à então CEE. Os franceses, para além da rivalidade óbvia, achavam que a entrada no Reino Unido na comunidade implicaria 2 coisas:
  1. A aceitação de um país que sempre se manifestou contra o projeto europeu, mais interessado na Commonwealth e na EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio);
  2. O possível envolvimento da comunidade na "Guerra Fria", perdendo alguma da sua autonomia fase ao bipolarismo mundial a que se assistia, já que os ingleses eram muito próximos dos EUA, que por sua vez tinham um relacionamento pouco amistoso com De Gaulle.
Antes do pedido de adesão para entrada na CEE, formulado em agosto de 1961 pelo 1º ministro britânico, o Reino Unido era completamente contra a comunidade europeia por se opor a uma união aduaneira, pois sentiam que isso lhes retiraria a sua soberania, desconfiando largamente do projeto de integração política europeia. No entanto, eram a favor da criação de uma zona de comércio livre, sem direitos alfandegários internos, e deste modo criaram a EFTA.

Porém, os britânicos ao verem um grande crescimento económico dos países da CEE em relação à sua taxa de crescimento nos anos 60, verificam o erro das suas ações, e tentam então entrar na comunidade, algo que foi sendo consecutivamente recusado pelos franceses sob o comando do General De Gaulle. Todavia, o Reino Unido consegue entrar em 1972 na CEE, após a saída do referido presidente francês em 1969. No fundo, o interesse britânico na comunidade europeia adveio somente de interesses egoístas, nunca acreditou realmente num projeto europeu, apenas entrou nele para satisfazer os seus interesses económicos, mantendo sempre "um pé do lado de fora do barco".
Figura 1- Charles de Gaulle, presidente francês, e Harold Wilson, PM britânico (1961).
O não-alinhamento do Reino Unido foi visível em inúmeras ocasiões e podemos afirmar que esse comportamento começou a minar por dentro o projeto Europeu, criando-se excepções para eles... abrindo-se então a chamada "caixa de Pandora", que muitos outros países viriam a solicitar em outras ocasiões. Uma das questões trata-se do Acordo de Schengen, uma convenção entre países europeus sobre uma política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países signatários, um acordo que não contou com o Reino Unido e a Irlanda, mas contou com países fora do espaço comunitário (Islândia, Noruega e Suíça), porém o acordo e a convenção de Schengen só passaram a fazer parte do quadro institucional e jurídico da UE através do, pela via do Tratado de Amesterdão, tornando-se condição sine qua non para todos os estados que queiram aderir à UE aceitarem as condições estipuladas no Acordo e Convenção de Schengen.

Margareth Thatcher sempre foi uma anti-europeísta, mas até ela percebia a utilidade da CEE para o desenvolvimento britânico. Tentando sempre "sacar" mais do que dar, a "dama de ferro" negociou um abatimento para o Reino Unido em 1984 em termos de financiamento à Política Agrícola Comum (anualmente cerca de €3,6 mil milhões). Um acordo completamente desfasado do sentido de solidariedade europeu e que concedia ao Reino Unido importantes privilégios dentro da comunidade.

Outra questão fraturante trata-se da união monetária da UE, algo em que o Reino Unido sempre se mostrou contra, não dando mais uma vez sinais de querer embarcar num projeto europeu "unido pela diversidade". O Tratado de Lisboa foi mais um dos casos em que o Reino Unido e a Irlanda tiveram as suas excepções, nomeadamente em relação a asilo, vistos e imigração, assim como em matéria de justiça e assuntos internos. Por fim, na questão do imposto sobre transações económicas, aprovado pelo ECOFIN à poucos dias, cujo mérito depende sobretudo da união entre os diferentes Estados, mas o Reino Unido, como não poderia deixar de ser, faz parte dos países que não entra neste esquema.
Figura 2- David Cameron, o chamado "bife a cavalo da Europa".
Desta forma, quando David Cameron promete um referendo sobre a manutenção do Reino Unido na UE para 2015, e logo nesta altura complicada para a zona euro, é necessário perguntar se alguma vez o Reino Unido esteve de "pedra e cal" na UE? A resposta é evidente, e dessa forma também poderemos perguntar se a desconfiança e  malandrice britânica, com os seus constantes opt-outs, não foram e são um factor de desestabilização do edifício europeu desde o início? Fará sentido construir uma Europa à la carte, sabendo que isso só irá fragilizar o projeto europeu? A UE está num momento de viragem e está na altura de saber quais os Estados que aceitam o seu ideal, com tudo o que isso implica, para com eles, começar a construir o Futuro.  

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O destino da ADSE

As declarações de elementos do PS, como Álvaro Beleza e Correia de Campos, relançaram um debate sobre o futuro da ADSE. A ADSE é um organismo sob a dependência do Ministério das Finanças que foi criado em 1963, tendo em vista a proteção social dos trabalhadores da Função Pública em Portugal, funcionando um pouco como um regime de seguros de saúde para os funcionários de uma empresa, ou seja, uma empresa negoceia em nome dos seus trabalhadores com uma Seguradora de saúde de modo a conseguir prémios mais vantajosos para si e para os seus.

A ADSE é, portanto, uma espécie de "seguro de saúde" para os funcionários públicos, algo que todas as grandes e boas empresas devem ter, funcionando como proteção na saúde do seu trabalhador, evitando baixas e perdas de produtividade, e sendo um factor de atratividade de trabalhadores por parte da empresa. O Estado, como maior empregador do país e como autoridade moral e legisladora, deverá dar o exemplo para as restantes entidades empregadoras. Alguns dirão que a diferença está no facto dos cidadãos contribuírem com os seus impostos para esta proteção, porém, visto por outro prisma, também contribuem para os sistemas da PT, dos bancos, da EDP, pelo simples consumo e pagamento.

O sistema cria uma certa urticária em falanges esquerdistas porque foi um sistema herdado do Salazarismo, que sobreviveu ao 25 de abril, mas também provoca calafrios a grupos mais liberais, avessos à Administração Pública. Penso que um governo ou uma oposição ao governo, antes de emitir uma ideia ou solução, deviam, primeiramente, pensar sobre ela, conhecer os seus cambiantes e terem o cuidado para não se debruçarem em falsas premissas. Uma das falsas premissas que anda por aí é a obrigatoriedade dos funcionários públicos terem de aderir à ADSE. É falso desde 2005! Podendo optar por sair deste subsistema a qualquer momento.  Outra das falsas premissas é que a ADSE é completamente sustentada pelo Estado. É falso! O servidor público contribui todos os meses com um pagamento por conta da ADSE, pode-se é discutir o valor dessa contribuição.

E quais seriam as consequências do fim da ADSE? Os funcionários públicos com mais recursos fariam seguros de saúde de forma individualizada, os que têm menos recursos, a maioria, teria de aderir ao Sistema Nacional de Saúde (SNS), cuja capacidade de absorsão destes novos clientes seria extremamente difícil, criando ainda mais tempo de espera para todos os utentes. Claro que a receita do SNS poderia aumentar, mas paralelamente também a sua ineficácia. Tornaria de facto a saúde igual para quase todos, mas provavelmente não da melhor maneira, criando mais períodos de ausência do trabalho e menos saúde na população em geral.

Mas o paradigma poderia ser alterado sem ser extinta a ideia base, eliminando a estrutura estatal e tranferindo-a para o privado, por exemplo: o Estado poderá abrir um concurso público para escolher uma seguradora que, pelo melhor preço, segure os seus trabalhadores em termos de cuidados de saúde, permitindo ao Estado uma possível poupança. Pode ser feito, mas o facto do Estado ser o maior empregador do país podia fazer com que se criasse uma situação de crescente monopólio da seguradora que ganhasse o concurso, eliminando outras do mercado e decrescendo a sua qualidade e aumentando os seus preços com o passar do tempo.

E se possibilitassem às diferentes pessoas coletivas de direito público (institutos, câmaras municipais, etc.) negociarem no mercado, através de concurso público, um sistema de seguros de saúde para os seus trabalhadores? De facto isso podia ser uma solução, mas aqui o Estado poderia perder algum do ser poder negocial ao não atuar em unidade, mas ainda assim a concorrência e a pluralidade de soluções poderia ser benéfica, porém, iriam ser criadas algumas desigualdades entre diferentes funcionários públicos, porque, como é evidente, as diversas negociações teriam sempre resultado diferentes para cada organismo, por exemplo, a Câmara de Lisboa teria sempre melhores condições neste campo, que a Câmara de Vila de Rei, devido ao tamanho da sua estrutura, criando óbviamente um grau de atratividade diferente para os trabalhadores, cada vez mais impelidos para o litoral. Claro que a pessoa coletiva pública poderá colmatar isso através da diminuição da percentagem que o seu trabalhador terá que contribuir para o seguro, mas isso só iria agravar o seu erário público.

Uma das grandes questões acerca da ADSE é que alimenta prestadores privados de saúde com montantes elevados, mantendo-os no mercado de forma ilusória e prejudicando o SNS em termos de receita, mas também temos de ver se a SNS consegue absorver este segmento da população, sem prejudicar os restantes... e também temos de ver se os acordos assinados pela ADSE são de facto bastante benéficos para os trabalhadores e para o Estado em termos de custos de cuidados de saúde! Outra questão relaciona-se com o privilégio dados aos funcionários públicos relativamente ao resto da população... creio que isto é questionável, pois o que está mal não é estes trabalhadores terem semelhantes privilégios, mas outros trabalhadores não o terem, não esquecendo que as grandes empresas geralmente dão estes benefícios aos seus trabalhadores.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Rubén Faria em 2º no Dakar

O motociclista português Rubén Faria ao ganhar a 14ª e última etapa do Dakar assegurou o 2º lugar na classificação geral, tornando-se a melhor prestação de sempre de um português na prova rainha do desporto motorizado, superando o 3º lugar de Hélder Rodrigues obtido nas edições de 2011 e 2012 (nesta edição terminou em 7º).

Rubén Faria chegou a liderar a prova, mas apenas por uma etapa, sendo que o vencedor nas motos acabou por ser o seu colega de equipa na KTM, o francês Cyril Desprès. O motociclista português merece os nossos parabéns e ficamos a esperar que ele, ou o Hélder Rodrigues, consigam, eventualmente, trazer um 1º lugar para Portugal.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Armstrong admite, finalmente, a culpa


Lance Armstrong fez-se "homenzinho" e confessou, em entrevista a Oprah Winfrey, o que toda a gente já sabia... que utilizou doping para melhorar o seu desempenho no ciclismo, levando-o a várias vitórias no Tour.

A atitude do estado-unidense em confessar o que fez foi a correta, e temos que o elogiar por isso, mas claro que não limpa os seus pecados relativamente à falta de desportivismo e ética competitiva que mostrou no passado. Porém, não deixa de ser um passo em frente para um possível renascimento do Ciclismo como desporto respeitado e admirado pelas pessoas, pois nos últimos anos tem sido muito afetado por escândalos de doping, havendo mesmo ciclistas que apesar de condenados, se consideram vítimas do sistema (ver Alberto Contador), o que é um contra-senso. Os entusiastas da modalidade e os futuros ciclistas deixam de admirar falsos ídolos e podem começar a perceber que a "mentira tem pernas curtas".

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Portugalidades (8): o Manuelino

O "manuelino" é um estilo decorativo e escultórico usado na Arquitetura e no Mobiliário, algo tipicamente português que está relacionado com a epopeia dos Descobrimentos. Surge no período de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, entre o Gótico e o Renascimento, sendo muitas vezes designado um estilo de gótico português tardio, tendo uma iconografia bastante rica e única, apesar de ser fruto de várias influências culturais, como o estilo mudejar, o Renascimento italiano, plateresco hispânico, Norte da Europa e dos povos que os portugueses encontraram na sua expansão marítima para Oriente.
Figura 1- Janela de Convento de Cristo (Tomar).

A sua denominação foi aventada pelo diplomata brasileiro Francisco Adolfo Varnhagen, em "Notícia Histórica e Descriptiva do Mosteiro de Belém" (1842), ao querer designar uma unidade entre as várias obras características do reinado de D. Manuel I. Porém, é preciso referir que foi no reinado de D. João II que começaram a surgir as primeiras obras do género  (Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha) e que se prolongou no reinado de D. João III, mas é preciso notar que foi D. Manuel I utilizou de forma abundante, desenvolvendo-o e utilizando, no conjunto estilístico, a representação da sua heráldica, uma forma de propaganda para se legitimar no trono do reino, que lhe caiu nas mãos de forma inesperada, daí o cognome o venturoso.

Figura 2- Custódia de Belém (MNAA) e  pelourinho de Alverca.

O manuelino estrutura-se na arquitetura gótica, porém, apresenta uma exuberância de formas e decorações extremamente originais, recorrendo a elementos relacionados com a epopeia marítima e com os seres fantásticos descobertos em terras distantes, cruzando-se com um simbolismo cristão e pagão. É um estilo observado em bens imóveis, especialmente religiosos (igrejas, conventos) ou não (pelourinhos, palácios), mas na arte móvel, tanto tumular como na ourivesaria. Os motivos decorativos mais frequentes são:
  1. As armas do rei D. Manuel I - escudo nacional, o símbolo da legitimação de uma nova dinastia;
  2. A esfera armilar - um instrumento de astronomia aplicado em navegação que consta de um modelo reduzido do cosmos, tornando-se também num símbolo régio, divisa dada por D. João II ao seu cunhado, D. Manuel I;
  3. A Cruz de Cristo - a Ordem de Cristo (descendente dos Templários) foi o principal "motor" dos Descobrimentos numa 1ª fase;
  4. Elementos naturalistas - algas, conchas, cachos de uva, corais, alcachofras, pinhas, folhas de loureiro, de hera, árvores secas, romãs, etc. Um elemento em voga no Gótico final, próximo da estética franciscana, simbolizando a fertilidade ou a regeneração;
  5. Elementos fantásticos - animais, sereias, gárgulas, ouroboros e monstros (dragões), etc. Representam uma certa mitologia marítima, de proteção, retorno e os receios;
  6. Elementos estruturais - cordas, barcos, bóias, correntes, etc. Ligadas claramente a vida marítima dos portugueses;
  7. Elementos religiosos - anjos, o cordeiro (agnus dei), representações religiosas. Um dos grandes motivos para a epopeia marítima estava no domínio da expansão da religião cristã.
Figura 3- Pormenor de janela manuelina do Mosteiro da Batalha.
Há quem afirme que o manuelino é inspirado nas aspirações messiânicas do rei D. Manuel, que pretendia encontrar o reino cristão perdido de Prestes João, para assim dispor de auxílio para a cruzada contra a ocupação islâmica da Terra Santa e a fundação do 5.º império, de acordo com a Profecia de Daniel. A partir daí foram assimilados uma série de eventos insólitos que o levaram a acreditar que esta seria a vontade de Deus. Um desses eventos, o principal, foi aquele que o levou ao trono, depois da morte seguida de vários herdeiros diretos ao trono, especialmente o príncipe herdeiro D. Afonso. A esfera armilar conferida por D. João II a D. Manuel, com a expressão "Spera Mundi" escrita no meridiano foi interpretada como sinal de um desígnio divino. O seu nome, Emanuel, significando "Deus connosco" em hebraico, foi outro sinal, dado por sua mãe quando nasceu após um trabalho de parto longo e doloroso que só terminou quando a procissão do Corpo de Deus passou pela rua.

Em termos de arquitetura há poucas novidades, existe influência do gótico alemão e hispânico, mas é característico a aplicação de abóbodas com nervuras polinervadas a partir de mísulas, a ausência de transepto e cabeceiras retangulares. Ao nível da planta assistimos, entre 1490 e 1530, ao recurso a diferentes soluções, visível também nas cobertura, existindo exemplares de travejamento em madeira, assim como edifícios totalmente abobadados. A nível volumétrico há uma grande simplicidade, quebrada pela justaposição de corpos, os contrafortes arredondam-se e surgem mais ligeiros, pregados de elementos decorativos. 
Figura 4- Torre de Belém vista por dentro.
Os principais autores do Manuelino diferem consoante a zona geográfica onde produzem o seu trabalho, sendo que no Norte de Portugal destacam-se Pêro Galego, João Lopes, Francisco Fial, João de Castilho, Tomé de Tolosa, João Vargas e João de Parmenes, muita influencia do Norte de Espanha, revelando nas suas obras os "combados", ou seja, abóbadas com anel central circular que permite um maior achatamento da cobertura, uma técnica que se foi alastrando ao resto do país por volta de 1520-1530, para além da ornamentação plateresca. No Sul destacam-se o mesmo João de Castilho, Diogo Boitaca, Mateus Fernandes e os irmãos Francisco e Diogo de Arruda, mais ligado à influência francesa e do Norte da Europa, para além do mudejar, preferindo as abóbadas com penetrações, recorrendo-se, especialmente na Estremadura, às nervuras curvas, de carácter decorativo, achatando-se o perfil das abóbadas, com uma decoração mais densa, recorrendo à ornamentação de chaves. Referindo alguns monumentos mais emblemáticos onde o manuelino está presente:
  1. Pelourinho de Arcos de Valdevez;
  2. Igreja Matriz de Caminha;
  3. Igreja Matriz de Vila do Conde;
  4. Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta;
  5. Igreja do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra;
  6. Convento de Cristo de Tomar;
  7. Igreja de S. João Baptista de Tomar;
  8. Igreja Matriz da Golegã;
  9. Mosteiro de Santa Maria da Vitória de Batalha;
  10. Igreja de Nossa Senhora do Pópulo de Caldas da Rainha;
  11. Paço Real de Sintra;
  12. Mosteiros dos Jerónimos de Lisboa;
  13. Torre de Belém em Lisboa;
  14. Igreja do Mosteiro de Jesus em Setúbal;
  15. Paço de D. Manuel I em Évora;
  16. Castelo de Évoramonte;
  17. Igreja Matriz de Monchique;
  18. Igreja Matriz de Odiáxere;
  19. Igreja da Misericórdia de Loulé;
  20. Sé Catedral do Funchal;
  21. Igreja Matriz de Ponta Delgada.
Apesar de ser um estilo nacional, não é só no território atualmente português que se verificam os traços do Manuelino, pois a expansão marítima também fez com levássemos esta arte para outros locais do mundo como: Marrocos (Igreja da Assunção de Mazagão [El Jadida]; Catedral de Safim [Safi]); Cabo Verde (Pelourinho da Ribeira Grande); Moçambique (Capela de Nossa Senhora do Baluarte e Palácio de S. Paulo [ilha de Moçambique]); Índia (Igreja do Priorado do Rosário e Igreja de São Francisco [Goa], Fortaleza de Diu); Omã (Forte de Caçapo [Musandam]; Fortaleza de al-Jalali [Mascate]); Irão (cisterna da Fortaleza de Ormuz; Fortaleza de Queixome); Bahrein (capela do forte de Quala'at al-Bahrain). É preciso não esquecer o "melhor recanto de Espanha", a Igreja de Santa Maria Madalena de Olivença, cidade que foi parte do território português até ao episódio da Guerra das Laranjas (1801).

Figura 5- Igreja de Nossa Senhora da Madalena (Olivença).
O Estilo Manuelino é uma expressão artística que mostra uma nova etapa da história do reino português nos inícios do século XVI, uma etapa plena de riqueza económica e cultural, fruto de estarmos em pleno desenvolvimento dos Descobrimentos e da nossa expansão marítima e comercial. É uma das marcas que simbolizam aquilo que Portugal  fez pela Humanidade, dando "novos mundos ao mundo".


Figura 6- Pelourinho de Arcos de Valdevez.
Figura 7- Sé Catedral do Funchal.
Figura 8- Igreja Matriz da Golegã.
Figura 9- Igreja de Odiáxere
Figura 10- Igreja Matriz de Freixo de Espada a Cinta.
Figura 11- Interior da Igreja do Mosteiro de Jesus em Setúbal.
Figura 12- Paço de D. Manuel I em Évora.
Figura  13- Igreja do Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.
Figura 14- Vista para a Igreja de S. João Baptista durante a festa dos Tabuleiros em Tomar.
Figura 15- Interior da Igreja Matriz de Caminha.
Figura 16- Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa.
Figura 16- Igreja Matriz de Ponta Delgada.
Figura 17- Paço da Vila de Sintra e suas janelas manuelinas.

Bibliografia:

DIAS, Pedro - A arquitetura Manuelina. Porto: Civilização, 1988.

Infopedia

PEREIRA, Paulo – A Obra Silvestre e a Esfera do Rei. Iconologia da Arquitectura Manuelina na Grande Estremadura. Coimbra: Instituto de História da Arte, 1990.

Wikipedia

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

"Portugal na hora da verdade: como vencer a crise nacional"

"Uma verdadeira reforma do Estado que torne as nossas contas públicas saudáveis e sustentáveis não deve ser feita contra os funcionários públicos ou contra o serviço público. Muito pelo contrário. Uma verdadeira reforma da Administração Pública terá de melhorar o serviço público, não piorá-lo. Uma verdadeira reforma do Estado terá de incentivar a auto-estima dos funcionários públicos e fazer com que sejam eles próprios a estimular a mudança de que a nossa administração necessita. Finalmente, uma verdadeira e duradoura reforma do nosso Estado não poderá encarar a necessária dieta da Administração Pública como uma mera poupança de euros e de despesa pública, mas sim como uma oportunidade única para melhorar a eficiência do Estado e, assim, simplificar e auxiliar a vida dos portugueses. É neste sentido que uma reforma da Administração Pública tem de ser feita com os funcionários públicos e não contra eles. Porquê? Porque toda e qualquer reforma que esteja contra os funcionários públicos está condenada ao fracasso. E porque, como já disse, não são eles os responsáveis pela situação actual, mas sim os nossos governantes.".

Álvaro  Santos Pereira
2011

Subscrevo inteiramente o que o nosso atual Ministro da Economia afirmou no seu livro "Portugal na hora da verdade: como vencer a crise nacional". Toda uma mudança numa organização tem de contar com as pessoas que lá trabalham, porque senão está condenada ao fracasso. O ex-INA, e particularmente o CEAGP, fazem parte da alavanca para uma mudança, através da criação de um funcionário público mais apto e crítico para lidar com os desafios e mudanças constantes que se deparam na nossa sociedade atual, pena estarem em vias de extinção.

O relatório do FMI refere que um dos fatores da reforma da Administração Pública passa por: "(...) opening space to attract skilled younger workers". Mas para atrair jovens trabalhadores qualificados é preciso tornar o emprego público atrativo, pois a Administração Pública deve competir pelos melhores profissionais no mercado, mas para isso é preciso que o posto de trabalho seja atrente em termos de carreira e possibilite a entrada através de um método de seleção rigoroso e aberto a todos os cidadãos deste país, consoante o perfil técnico e comportamental que se necessita, mas também que permita uma progressão através do mérito.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Quem diria...


Quem diria que Portugal, com o nível de arbitragem que tem, conseguiria eleger um dos seus árbitros como o melhor do mundo de 2012, votação organizada pela Federação Internacional da História e Estatística do Futebol (IFFHS).

E quem diria que esse árbitro português seria o Pedro Proença! Tão criticado dentro de portas, mas elogiado lá fora, tendo inclusivamente arbitrado a final da Liga dos Campeões de 2012 e a final do Campeonato da Europa de 2012. De facto um ano em cheio!

Muitos parabéns a ele e à arbitragem nacional!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O CEAGP no CM

Neste fim-de-semana que passou o Correio da Manhã (CM) brindou-nos com uma notícia de 1.ª página, de forma bombástica e própria de quem quer vender jornais pela omissão propositada de factos, que revela existir um grupo de pessoas que pagam 5.000€ para ter um Contrato de Trabalho em Funções Públicas por tempo indeterminado na carreira de Técnico Superior.

O que realmente existe é um procedimento concursal anual, externo, com umas dezenas de vagas, para a frequência do Curso de Estudos Avançados em Gestão Pública  (CEAGP), o qual dará acesso a um posto de trabalho na Administração Pública caso haja aproveitamento do aluno que foi aprovado em concurso público (média final de 12 valores, pelo menos). Ora, para frequentar este curso os alunos têm de pagar propinas, como qualquer outro curso superior, que equivalem a 5.000€, e não nos podemos esquecer que os candidatos ao procedimento que dispõem de vínculo público têm preferência relativamente aos externos.

O CM, com este tipo de jornalismo, quer provocar a indignação nas pessoas, o que lhe ajuda a vender jornais, mostrando-se pouco preocupado com o rigor que deve assistir a um órgão de comunicação social e ajudando a "cavar um fosso" na sociedade portuguesa pela desinformação... põe os portugueses contra os seus funcionário Públicos, e os funcionários públicos contra os seus colegas ceagpianos. 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Sobre o Relatório do FMI: refundação do Estado em Portugal

"Não me ensines a repartir migalhas, ensina-me antes a multiplicar o pão". Pouco tenho a dizer relativamente ao "trabalho" de 70 e poucas páginas, feito em pouco menos de 6 meses, que os técnicos do FMI fizeram sobre uma suposta Reforma do Estado Português. Existem teses de Mestrado sobre o caracol de Juromenha com mais páginas e mais tempo de trabalho, acutilância e rigor do que este trabalho que pertende refundar todo um Estado.

A fórmula é a mesma, sem estratégia para o crescimento, vai-se buscar dados que mostram que o Estado gasta x do nosso PIB, sem se pensar porque é que temos o PIB tão baixo. Fala-se da insustentabilidade da Segurança Social no curto prazo, sem se perceber que até à chegada desta crise, as prestações que os portugueses pagavam para a mesma eram superavitários relativamente às despesas, and so on

Um texto propagandístico, unidimensional, pouco rigoroso e nada original... até me custa acreditar que o Governo português pagou a técnicos estrangeiros para fazer uma "bodega" destas. Mais valia encomendar este estudo, com pés e cabeça, a uma universidade nacional.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A eficiência alemã

Ao longo dos anos a Alemanha tem construído para si uma imagem de eficiência e de rigor, algo que é reconhecido internacionalmente. Porém, "no melhor pano cai a nódoa", e a construção do novo aeroporto de Berlim tem-se revelado um autêntico fiasco e uma "vergonha nacional"!

De acordo com a CNN, a inauguração do novo aeroporto, marcada para junho de 2012, voltou a ser adiada devido a uma série de contratempos. A empresa que gere a construção, disse num comunicado: "As razões para os atrasos devem-se a problemas com o sistema de extinção de incêndio, especialmente no que diz respeito às saídas de ar fresco em caso de incêndio, mas também devido à complexidade inerente à sua construção como um todo". O jornal Bild relata também que existem vários relatórios internacionais que mencionam diversos problemas com o processo de construção, referindo mesmo que o aeroporto só entrará em pleno funcionamento em 2014!

Estima-se que a derrapagem orçamental para a sua construção tenha atingido €1.2 mil milhões. Caso para dizer: "E esta hein!"

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Redefinição do Papel do Estado (3): o Desenvolvimento Rural

Muito se tem falado de um regresso à terra por parte dos portugueses... num abandonar de uma política que beneficiava uma terciarização da nossa economia (Serviços), para voltar a apostar no setor agro-pecuário e industrial, os verdadeiros criadores de riqueza de um Estado e que nos permitem diminuir, de certa forma, a dependência de importações de produtos essenciais para a nossa subsistência como povo.
Figura 1- Bancada de legumes portugueses biológicos.
A Política Agrícola Comum (PAC) e a feroz concorrência internacional são factores que, de alguma forma, nos limitam na nossa ação como Estado, porém, é preciso saber contornar certas "amarras" e ser firme relativamente a certas disposições. Portugal tem de aproveitar a vontade que tem aparecido em muita da nossa juventude em "pegar na terra", mas com uma outra visão, pouco ligada a uma agricultura de subsistência, mas conectada à inovação e à perspetiva de encontrar nichos de mercado que possam ser bem aproveitados.

Temos de ter a consciência, todavia, que é-nos impossível concorrer com países como a China ou Índia, que em termos laborais existem poucos direitos e muitos deveres, permitindo inclusivamente o trabalho infantil, pois não é esse o modelo de desenvolvimento que deveríamos querer para a nossa sociedade, para além de nos ser impossível, por uma questão de dimensão territorial e de população, batermo-nos por uma produção agrícola massificada que disputa clientes pelo baixo preço. Também neste campo, países europeus como a Espanha e a França são de ultrapassagem dificílima em termos de competitividade de preço do produto, pelo que temos de olhar para a nossa produção agrícola e industrial por outro prisma, pelo prisma da qualidade, da inovação e da sua imagem.

Em termos de produção agro-pecuária creio que o país tem de garantir a sua auto-suficiência em produtos-chave, para não deixarmos o nosso povo à mercê das circunstâncias internacionais, tendo de haver uma clara definição e delimitação daquilo que pretendemos nesta questão. Porém, a internacionalização e exportação dos nossos produtos, tal como se fez para o calçado e os couros, tem de passar uma imagem de qualidade inquestionável, visível no seu preço, mas que terá acolhimento dentro das classes sociais mais altas dos diferentes países, apreciadoras de produtos de excelência e de características bem específicas. Do meu ponto de vista, o desenvolvimento rural do país tem de basear-se em 3 áreas decisivas:
  1. Desenvolvimento da produção agrícola e de produtos derivados;
  2. Fomento da exploração de Recursos Florestais;
  3. EcoTurismo e Turismo Rural.
1. Desenvolvimento da produção agrícola e de Produtos Derivados

Neste campo creio que temos toda a vantagem em tentar encontrar os nossos nichos de mercado, sabendo que o nosso país tem uma grande vantagem, as suas condições climatéricas, que se caracteriza por um clima ameno, com bons períodos solares e pluviosidade q.b.. Deste ponto de vista, para obter o sucesso, devemos ter em conta as seguintes proposições:
  • Marketing e certificação de origem do Produto;
  • Qualidade inegável do produto;
  • Originalidade e características singulares e diferenciadas do produto.
Portugal teria uma grande vantagem se apostasse na produção de bens para mercados alternativos, ou seja, não-mainstream, dos quais ponho no topo o apoio do Estado ao desenvolvimento da Agricultura Biológica. Este tipo de agricultura produz alimentos e outros produtos derivados sem utilizar, e mantendo-se longe, de produtos químicos sintéticos, como fertilizantes, pesticidas, e de produtos modificados geneticamente  É um mercado em crescimento contínuo nas classes altas e médias dos países, pois apesar do preço elevado dos produtos, têm o selo de uma vida saudável! Para além de ser um mercado com boas potencialidades de exploração, adere aos princípios de Sustentabilidade ambiental e agrícola, bom para as gerações atuais e fundamental para as gerações futuras de portugueses. Também se pode aplicar o mesmo conceito à Pecuária, assegurando uma alimentação e uma vida mais natural dos animais cujos produtos consumimos.

Os produtos agrícolas e seus derivados também podem ir mais longe nas suas características diferenciadas, procurando fornecer produtos que são geralmente procurados por um grupo específico de pessoas, como por exemplo, os restaurantes e estabelecimentos comerciais de luxo, os alimentos kosher, ou seja, que obedecem à lei judaica, o estilo de vida vegan ou macrobiótico, entre outros. Para além disso, poderá haver alguma originalidade e criação de um trademark, pelo desenvolvimento de novos produtos, que possam criar o seu mercado, ou seja, ao invés de explorar um nicho, cria-se o nicho, criando novos gostos e exigências e definindo Portugal ou a região x como a área de eleição para a sua produção (ex: chocolate com sabor a canela), mas também pode-se pegar num produto normal e tentar aperfeiçoa-lo, dando-lhe outra dimensão por uma qualidade indiscutível, para que se possa associar o tal produto com o país (ex: chocolate negro), sendo essencial, para além da qualidade, o marketing do produto.
Figura 2- Mercado de Agricultores em Toronto (Canadá).
Um nicho que acho também importante, e que também se irá relacionar com a área decisiva 3 (Ecoturismo), é a produção artesanal, ou seja, de acordo com os meios antigos de produção. Há uma procura crescente de produtos feitos "à moda antiga", com um invólucro vintage, tidos como mais saudáveis e com mais sabor, typical! Neste aspeto, Portugal é um país de enorme riqueza, pois está cheio de tradições de Norte a Sul, passando pelas ilhas, que é necessário proteger e perpetuar. Neste aspeto, será importante fixar pessoas e criar nas escolas públicas do interior (e não só) os cursos que mantenham a sua memória e tradições, sendo necessário um intercâmbio entre as gerações mais velhas e as gerações mais novas.
Figura 3- A agricultura artesanal/tradicional pode ser um nicho de mercado e um atractivo turístico. 
A par disto, tem de haver uma promoção interna e externa aos produtos típicos produzidos pelas várias regiões do país e que têm um Denominação de Origem Protegida, ou deveriam ter. Os mercados de agricultores (farmers market), que tanto sucesso têm na América do Norte deveriam ser fomentados em Portugal, fazendo os produtores vender diretamente os seus produtos aos consumidores de forma periódica na sua capital de distrito. Tentando dar alguns exemplos de produtos regionais, enuncio alguns que merecem publicitação feroz (excluo a doçaria, pois seria extenso):
  • Minho e Douro Litoral:
    • Vinho Verde;
    • Vinho Rosé;
    • Carne de vaca Barrosã;
    • Feijão tarrestre;
    • Broa de milho.
  • Trás-os-Montes:
    • Vinho do Porto;
    • Fumeiro transmontano (presunto, chouriços, alheira);
    • Carne de Vaca Mirandesa;
    • Amêndoa;
    • Queijo Terrincho;
    • Mel das Terras Quentes;
    • Azeite transmontano.
  • Beiras:
    • Vinho e Espumante da Bairrada;
    • Vinho do Dão;
    • Queijos da serra da Estrela e do Rabaçal;
    • Requeijão da Serra da Estrela
    • Maçã Bravo de Esmolfe;
    • Cerejas da Cova da Beira.
  • Lisboa e Vale do Tejo:
    • Vinhos de Carcavelos, Bucelas, Colares e Palmela;
    • Vinho da Lezíria Ribatejana;
    • Azeite ribatejano;
    • Pão de Mafra;
    • Ginjinha de Óbidos;
    • Queijo de Azeitão;
    • Pêra-rocha do Oeste.
  • Alentejo:
    • Vinho alentejano;
    • Pão alentejano;
    • Fumeiro alentejano (presunto e chouriços);
    • Queijos de Nisa, Serpa;
    • Ameixa de Elvas;
    • Castanha de Marvão;
    • Azeite alentejano;
    • Carne de Porco alentejano.
  • Algarve:
    • Laranja algarvia;
    • Batata-Doce de Aljezur;
    • Amêndoa algarvia;
    • Mel da Serra de Monchique;
    • Flor de sal.
  • Açores:
    • Vinho do Pico;
    • Ananás e Maracujá de S. Miguel;
    • Queijos da ilha de S. Jorge e da ilha do Pico;
    • Mel dos Açores;
    • Lacticínios açorianos.
  • Madeira:
    • Vinho da Madeira;
    • Banana madeirense;
    • Anona da Madeira;
    • Mel da Madeira.
Figura 4- Vaca barrosã na serra da Peneda.
A auto-subsistência do Portugal em termos de produtos agrícolas chave não se faz somente pela proteção e incentivo à sua produção. Faz-se também pelo incentivo a uma agricultura de subsistência de cariz familiar, paralela à Agricultura de inovação que acabei de falar. Desse ponto de vista, as políticas seguidas pelas Câmara Municipais de Lisboa e Oeiras de desenvolvimento de Hortas Urbanas são bastante interessantes e devem ser emuladas por outros municípios. No fundo, trata-se de permitir uma produção para consumo próprio, evitando a compra de produtos importados, e fomentando a troca de bens nas cidades, à semelhança do que acontece em zonas rurais. Deste modo criam-se atividades saudáveis em termos físicos e em termos sociais, ajudando economicamente as pessoas e o país, ao mesmo tempo que se aproveita melhor as potencialidades que o território tem para nos dar (é preciso não esquecer que as terras do Manto Basáltico de Lisboa são das mais férteis do país).
Figura 5- Talhões da Horta Urbana da Quinta da Granja, Lisboa.
Outra perspetiva, mais polémica, trata-se da liberalização do consumo e de produção de plantas cannabináceas. São plantas que dão origem a muitos produtos, não somente aqueles referentes à inalação de fumos, mas produtos relacionados com a tecelagem, farmacêutica, alimentares, entre outros, e como a sua ilegalidade é comum a vários países, Portugal disporia de vantagem estratégica para a sua transformação e exportação para países como a Holanda, China (comem-se sementes de cannabis tostadas como se fossem amendoins) e EUA (este último para fins medicinais). A consumo destas substâncias sempre existiu, desde tempos pré-históricos, e sempre existirá, e a sua proibição só faz aumentar ou fortalecer a criminalidade a si associada, e apesar de ter efeitos nocivos ao nível do sistema nervoso central, é preciso notar que existem outros produtos que têm efeitos iguais ou piores na nossa saúde, mas que são perfeitamente legais (ex: Álcool  tabaco, café...). O mito que as drogas leves levam ao consumo das drogas pesadas não passa disso mesmo, um mito, não havendo qualquer correlação sobre esse efeito verificado na Holanda, mas claro que o seu consumo só se deferia efetuar em casa ou em locais propriamente licenciados para o efeito.

Para além do mais, poderiam ser verificados 2 efeitos positivos na nossa economia: (1) seria uma atividade altamente lucrativa que passaria a estar sobre o radar do fisco em Portugal, contribuindo para o erário público; (2) o turismo relacionado com o consumo de drogas leves em coffee shops seria um novo nicho na atividade turísticas nacional, como foi Amesterdão nas últimas décadas para a população jovem europeia, com a vantagem do nosso clima ser bem melhor.

2. Fomento da exploração de Recursos Florestais

Os nossos recursos florestais, de tipologia mediterrânica, têm sido muito importantes para a nossa economia, desde a industria da celulose, à industria corticeira e não esquecendo a produção de azeite e azeitona. O grande problema é que todos os Verões o nosso património florestal destruído pelos incêndios, quer sejam de origem criminosa ou não, e isto tem de ser travado por uma política mais efetiva de proteção e vigilância das nossas florestas.

Claro que não podemos cair no erro de tornar a nossa floresta numa monocultura do eucalipto, como se fez no passado, pois isso é perigoso para a sustentabilidade das nossas florestas e para o potencial de perigo que os incêndios trazem para essas culturas. As áreas têm de ser bem delimitadas e os riscos devem ser acautelados pela imposição de certas regras base. Os produtos florestais dão muito mais do que papel ou cortiça, existindo uma miríade de outros produtos que podem ser aproveitados e explorados em plena coexistência com a noção de proteção ambiental, muito necessária para a sustentabilidade destas atividades. Nos últimos anos tem-se intensificado a produção de mirtilos, uma baga silvestre que se vende bem nos mercados externos, tal como outros frutos silvestres (amoras, framboesas...), cogumelos, míscaros, frutos secos (amêndoas, castanhas, avelãs, pinhões, bolota...), e não nos podemos esquecer dos produtos cinegéticos, que têm de ser mais diversificados, aliando-se também ao ponto 3 das áreas essenciais que formulei, o ecoturismo.

Tudo isto tudo tem de estar em sintonia com a proteção ambiental do nosso montado de clima mediterrânico e com a nossa biodiversidade, de modo a que esta política seja sustentável no presente e no futuro, e que possa contribuir com os nossos compromissos em termos do Protocolo de Quioto e da União Europeia relativamente ao dióxido de carbono emitido para a atmosfera, pois sabe-se que as florestas absorvem essas emissões de gases.

3. Ecoturismo e Turismo Rural

O nosso país não pode apostar "todas as fichas" num turismo de praia e de golfe, até porque temos muito mais para oferecer, através do nosso Património, Cultura, Gastronomia e os nossos Parques Naturais de traça mediterrânica e Atlântica, o que no conjunto pode fazer de Portugal um país muito aprazível para visitar ou para passar os últimos anos de vida (caso dos reformados).

Relativamente aos Parques Naturais, penso que podemos fazer mais e melhor do que temos feito, não só relativamente à sua proteção e aumento do seu espaço, respeitando e incrementando a fauna e flora local, mas dando-lhes condições de subsistência e expansão, aproximando as pessoas desses espaços, com as devidas cautelas, e criando uma maior ligação e consciencialização da necessidade de os proteger.

Deste ponto de vista, podemos ver a "desertificação" populacional do interior como uma ameaça ou como uma oportunidade. A ameaça advém principalmente da perda de alguma identidade do país e da região, tanto pelo abandono de certos locais históricos e típicos, como pelo desaparecimento de algumas tradições e costumes. Em certa medida, e a curto e médio prazo, creio que é uma batalha perdida... as pessoas continuarão a deslocar-se para o litoral em busca de oportunidades de trabalho, e essa inversão demorará algum tempo até fazer efeito. O ideal será agregar em algumas localidades a população do interior, mediante critérios de maior densidade populacional e maior património histórico e cultural, tornando-se esses focos no epicentro do desenvolvimento rural que se pretende nestas 3 áreas decisivas que venho mencionando. Com isto, diminui-se a despesa com serviços públicos deslocalizados, e aumenta-se a área agrícola, florestal e natural do país.
Figura 6 - Piodão, aldeia de xisto do concelho de Arganil.
A recuperação de aldeias históricas e de belas aldeias típicas em pedra (xisto, granito...) ou de argamassa caiada, repopulando-as com pessoas de outras aldeias ou transformando-as em autênticos centros de turismo rural, que permitam aos turistas passarem umas férias sossegadas, ou praticar desportos radicais, a caça, a observação e participação de práticas rurais ancestrais do nosso país (ex: época da víndima; moagem de cereais em moínhos) e viver em comunhão com a Natureza, tanto pela observação de animais (ex: Bird watching), como pelas caminhadas pedestres pela natureza - o Ecoturismo e o Turismo Rural. A noção de ecoaldeias é também um projetoo a desenvolver, no sentido de criarmos comunidades autosustentáveis e independentes em termos energéticos.
Figura 7- Cascata da Cabreia (Sever do Vouga).
Para isto é preciso ter a noção que temos de defender o nosso património natural, não só em termos de fauna e flora, mas em termos paisagísticos, retirando elementos antrópicos "berrantes" das nossas serras e florestas. Os Guardas Florestais têm de reaparecer, os acessos rodoviários comuns (em alcatrão e sem barreiras) devem ser diminuidos, mas, em contraponto, devem aumentar os acessos pedestres, cicloviários  e rodoviários específicos (com barreiras de acesso e em terra batida ou pedra) para as atividades que se querem desenvolver, seja de lazer, seja de proteção.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Saúde Pública: Estévia vs Aspartame

Amarga para uns, docinha para outros, nada melhor do que iniciar o ano sabendo qual a melhor escolha para adoçar, literalmente, a vida!

Filmes por hora esquecidos, mas sempre recentes na sua temática, trazem à tona problemáticas socio-económicas que estão profundamente enraízadas no contexto atual de Nova Ordem Mundial em que vivemos. Assim é o caso do "Fiel Jardineiro", lançado em 2005, que nos permite abrir a mente sobre a real ordem do Mundo em que vivemos, sendo, na minha opinião, um dos filmes de coleção sobre a atualidade do continente africano.
Cartaz do filme "The Constant Gardener" (O Fiel Jardineiro) de 2005.
Este artigo de opinião porém, não irá tratar da indústria farmacêutica ou do continente africano, mas sim estabelecer um paralelo entre o filme como ponto de partida e o que se passa a nível Mundial na indústria alimentar, entre o adoçante químico Aspartame e o adoçante orgânico Estévia. Em seguida apresenta-se um texto (em itálico) cuja fonte se apresenta, sobre o que é a Estévia e o Aspartame, bem como as vantagens do primeiro sobre o segundo.


Edição Nexus n.3, n.4
Avalon Edizioni – C.P.008 – 35127 – Padova interporto

Introdução à Stévia Rebaudiana

A stévia é um pequeno arbusto perene que pertence à familia dos crisântemos e é nativa no Paraguai. Esta planta tem uma extraordinária capacidade adoçante. Em sua forma natural é aproximadamente 10/15 vezes mais doce que o normal açúcar doméstico. Na sua forma mais comum de pó branco, extraído das folhas da planta, chega a ser de 70 a 400 vezes mais doce que o adoçante natural. Por este motivo é o açúcar mais poderoso do mundo.

Estas são as principais características desta planta:
- não causa diabete; 
- não contém calorias; 
- não altera o nível de açúcar no sangue; 
- não é tóxica; 
- inibe a formação da placa e da cárie dental; 
- não contém ingredientes artificiais; 
- pode ser usada para cozinhar.

A Stévia é conhecida ainda pelas suas propriedades medicinais e foi usada pelos índios pelos seus dotes curativos por centenas de anos. Estes são os seus possíveis empregos médicos: diabete, obesidade, iperatividade, pressão alta, ipoglicemia, indigestão, candidiase, e além disso é um bom tônico salutar para a pele, inibe o desejo de carboidratos e diminui a necessidade de tabaco e álcool.

Mesmo na América do Sul, de onde é nativa, os produtos disponíveis no mercado utilizando Stévia são poucos e dificeis de encontrar. Apenas os adoçantes de Stévia começaram a surgir há poucos anos nas prateleiras de ALGUNS supermercados. Porquê?

Introdução ao Aspartame

O aspartame é um adoçante artificial criado em laboratório e descoberto por acaso por um quimico da empresa G.D. Searle em 1965. A Monsanto adquiriu a G.D.Searle em 1985. O aspartame é de longe a susbstância mais danosa em comércio que vem adicionada em muitos alimentos e fármacos que a gente utiliza quotidianamente. Segundo os pesquisadores e os médicos que estudam os efeitos colateriais provocados pelo aspartame as seguintes doenças crônicas podem ser desencadeadas ou pioradas com a sua ingestão: tumôres no cérebro, epilepsia, sindrome de fadigamento crônico, mal de Parkinson, mal de Alzheimer, retardamento mental, linfoma, defeitos de nascença, fibromialgia e diabete. 

Esta substância é constituida por três elementos quimicos: ácido aspártico, fenilalanina, e metanol. O livro “Prescrições para uma nutrição saudável” de James e Phillys Balch relata o aspartame sob a categoria “venenos quimicos”. Procuramos entender porque:

Acido Aspartico 
O aspartame é constituido por 40% de ácido aspártico e o Dr. Russel L.Blaylock, um professor de neurocirurgia da universidade Médica do Mississipi, publicou um livro no qual descreve todos os danos causados (existem bem 500 referências ciêntificas) pela ingestão despropositada deste aminoácido.

O ácido aspártico é o precursor de um neurotransmissor chamado aspartato que em dosagens excessivas mata “excitando até a morte” (excitotoxina) alguns neurônios causando um exagerado afluxo de cálcio nas células. Isto causará a morte das mesmas células por uma alta produção de radicais livres. Durante a infância a barreira sanguinea do cérebro que normalmente protege o cérebro do excesso de aspartato e outras substancias danosas, não é plenamente desenvolvida, não protegendo de consêquencia todas as áreas do cérebro.

Mulheres grávidas e neo-mães tenham cuidado com suas crianças! Diversos estudos demonstraram que uma prolongada exposição a esta substância provoca as doenças acima mencionadas, e mais outros doenças como a perda da memória e surdez, problemas hormonais e outros mais.

A Fenilalanina
O aspartame é constituido em 50% de fenilalanina, um aminoácido que se encontra normalmente no cérebro. Nas pessoas que ingerem normalmente este adoçante foram encontrados níveis exageradamente altos (frequentemente letais) de fenilalanina no cérebro, e os indivíduos afectos da fenilcetonúria (impossibilidade de metabolizar esta substância) são ainda mais a risco.

Excessivos níveis de fenilalanina no cérebro podem causar um abaixamento do nível de serotonina neste último portando várias desordens: depressão, esquizofrenia, dor de cabeça e torna o indivíduo mais susceptivel ao infarto.

O Metanol (10% do aspartame)
Se recordem os incidentes passados devidos a este veneno? Causou a cegueira e a morte de alguns bebedores de vinho há alguns anos atrás. Esta substância se oxida no nosso corpo produzindo formaldeide e ácido fórmico: estes dois metabolizados são altamente tóxicos. O formaldeido é uma substância cancerígena, causa danos à retina, interfere com a formação do DNA e produz defeitos de nascença.

Os estudos de envenenamento do metanol incluem: gravíssimos distúrbios nas vistas, zumbido nos ouvidos, náusea, brancos na memória, distúrbios gastointestinais e muitos outros. Foram feitos diversos estudos em animais referente a utilização do aspartame e nos anos 70 foi descoberto que muitos destes foram gravemente falsificados para tornar inócua esta substância aos olhos de todos.

Diabete
A Associação Diabete Americana (ADA) está atualmente aconselhando o uso deste veneno às pessoas afectas por esta terrível doença. Segundo os estudos do Dr. H.J.Roberts (especialista em diabete, membro do ADA e respeitável experto em adoçantes artificiais) o aspartame além de não resolver nenhum problema diabético, lhe piora gravemente os sintomas. Incrivel!!!

A liberdade de escolha violada mais uma vez.


A Stévia foi talvez banida porque, sendo uma planta que cresce espontaneamente não pode ser patenteada e portanto, não se pode lucrar com ela?

O aspartame, para alguém deve ser uma boa alternativa, visto a patente e os efeitos colaterais. Talvez a venda de Prozac, o remédio de primeira escolha para a depressão e esquizofrenia (veja diminuição dos níveis de serotonina no parágrafo fenilalanina) e de outros fármacos para o controle do infarto, porta tanto proveito que seria uma pena eliminar-lhes?

Talvez os doentes de câncer e outras graves doenças são poucos? Os pobres doentes portam dinheiro, e então amigos meus, sobre esta terra somos demais!!



Acrescento ainda ao texto o facto de que a vida do indivíduo comum pouco vale. E aqui relacionamos os sites em inglês riquíssimos de informações resguardantes aos efeitos do aspartame:



Voltando... 

Para quem não sabe, a esmagadora maioria dos alimentos ditos Light são adoçados artificialmente com Aspartame. Assim, depois do informado, qual destes tem melhor cara para si?

Fórmula química do produto de origem antrópica: Aspartame
Fórmula natural do produto de origem natural: Estévia