quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Cristiano Ronaldo arrasa Camp Nou

Não gosto do Barcelona... mas também não gosto do Real Madrid. Porém, torço sempre pelos jogadores portugueses, e esse apoio nunca é demais quando eles jogam num país que olha de lado para os lusitanos... mesmo com provas dadas! Acho justo que Cristiano Ronaldo receba uma homenagem do nosso blogue, pois jogo após jogo tem destroçado a defesa blaugrana em Camp Nou! Espero que retorne brevemente a Old Trafford, onde é devidamente apreciado!

sábado, 23 de fevereiro de 2013

A Lei do Xico-Espertismo

A Legislação portuguesa é muito sui generis, pois ao contrário do que deveria acontecer, é escrita num mau português, é pouco clara, tem muitas exceções, demasiado longas (muita "palha"), demasiado alterada e é fértil em ambiguidades, pontas soltas e escapatórias. Isto é inocente? Claro que não! Dá jeito não só as pessoas que dela tiram proveito, mas também aos grandes escritórios de advogados, aos quais foram encomendadas como se não existissem juristas na Administração Pública. Esses grandes escritórios, muitos deles com ligações a políticos da nossa praça, para além do cachet "dado" pelos contribuintes para elaborarem a legislação, ganham posteriormente dinheiro em pareceres jurídicos e formação relativamente aquilo que produziram... portanto, quanto mais confusa, ambígua e escapatórias tiver a lei, mais dinheiro ganham, nomeadamente a contorná-la e a explicá-la! Quem tiver os recursos financeiros para ter um bom apoio legal safa-se sempre, quem não os tiver lixa-se, e deste modo são "feridos de morte" os princípios constitucionais da Legalidade, da Igualdade e da Justiça, pilares de qualquer Democracia.

A polémica da Lei de Limitação dos Mandatos já é de outro nível... mandam um texto para ser aprovado na Presidência da República, para depois ser publicado outro, com diferenças notórias ao nível da interpretação e sem que ninguém fiscalize o processo. Isto tudo para perpetuar as mesmas pessoas nas cadeiras do poder... um escândalo!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Portugalidades (8): o Carnaval

O Carnaval é um período de folia que é comemorado um pouco por todo o mundo. Em Portugal temos as nossas tradições festivas, que não têm a grandeza e opulência que verificamos no Rio de Janeiro, Veneza ou em Nova Orleães, que lhes dá reconhecimento mundial na matéria, mas têm as suas particularidades, próprias da nossa cultura e tradição, apesar de aqui e ali sofrermos influências provenientes no Brasil, patente em Carnavais como o de Loulé, Ovar, Estarreja, Sesimbra, Alcobaça, Canas de Senhorim, Sines, Elvas, Mealhada ou Madeira.
Figura 1- Carros alegóricos de sátira política típica do Carnaval de Torres Vedras.
A festividade terá tido origem na Grécia antiga, por volta de 600 a 520 a.C., realizando-se cultos de agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e produção agrícola no advento da Primavera. Era uma época de alegres celebrações e de busca incessante dos prazeres. Na Roma antiga o Carnaval prolongava-se por 7 dias nas vias públicas, sendo suspensas  todas as actividades e negócios, os escravos ganhavam liberdade temporária para fazer o que em quisessem e as restrições morais eram mais libertas. As pessoas trocavam presentes, um rei era eleito por brincadeira e comandava o cortejo pelas ruas (Saturnalicius princeps) e as tradicionais fitas de lã que amarravam aos pés da estátua do deus Saturno eram retiradas, como se a cidade o convidasse para participar da folia. A Igreja Católica pega nesta festa pagã e adota-a, num ato de sincretismo religioso, especialmente a partir no século XI com a implantação da Semana Santa, antecedida por 40 dias de jejum, a Quaresma. A Semana Santa celebra a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, tendo os seguintes marcos:
  1. Domingo de Ramos - relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém;
  2. Segunda-Feira Santa - recorda a prisão de Jesus Cristo;
  3. Terça-feira Santa - celebradas as 7 dores de Nossa Senhora Virgem Maria, também o dia de penitência, no qual os cristãos cumprem promessas de vários tipos ou o dia da memória do encontro de Jesus e Maria no caminho do Calvário;
  4. Quarta-Feira Santa - celebra-se o Ofício das Trevas, lembrando que o mundo está em trevas devido à proximidade da morte de Jesus;
  5. Quinta-feira Santa - encerrada a Quaresma, são relembrados os 3 gestos de Jesus durante a Última Ceia: a Instituição da Eucaristia, o exemplo do Lava-pés, e a instituição do sacerdócio. É nesta noite em que Jesus é preso e interrogado;
  6. Sexta-feira Santa - a morte de Jesus, recordada em 4 momentos: a liturgia da palavra, a oração universal, a adoração da cruz e o rito da comunhão;
  7. Sábado Santo - dia da espera, em que os cristãos aguardam a ressurreição de Jesus junto ao seu sepulcro. No final deste dia é celebrada a Solene Vigília Pascal;
  8. Domingo de Páscoa - celebração da ressurreição de Jesus Cristo.
O longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A Quaresma católica é um momento de sacrifícios, de renúncias, em que não se pode comer carne, de acordo com a lei da abstinência. A palavra "Carnaval" está, desse modo, relacionada com essa ideia, a partir do latim "carnis valles", que significa "prazeres da carne", sendo a última oportunidade de indulgência antes da Quaresma, havendo um exacerbar dos prazeres da carne. O Carnaval tem a duração de 3 dias, os que antecedem a Quarta-feira de Cinzas, que em contraste com a Quaresma, são chamados de "gordos", em especial a terça-feira (Mardi gras - Terça-feira gorda).

No Renascimento as festas de Carnaval incorporaram os baile de máscaras, com suas ricas fantasias e os carros alegóricos, tirando o carácter eminentemente popular e espontâneo às celebrações, tomando progressivamente o formato atual. O modelo do Carnaval atual foi preconizado pelos festejos e folias que se realizavam na cidade de Paris, que o exportou  para o resto do mundo, inspirando outras cidades, que foraa  criando as suas inovações, destacando-se o Carnaval do Rio de Janeiro, com os seus desfiles gigantescos ao som do samba.
Figura 2- Carnaval carioca.
O costume de se brincar no período do Carnaval foi introduzido no Brasil pelos portugueses, provavelmente no século XVI, com o nome de Entrudo. em Portugal costumava-se comemorar o período carnavalesco com toda uma série de brincadeiras que variavam de aldeia para aldeia, com vários tipos de diversões que se modificavam de acordo com o local e com os grupos sociais envolvidos. Em algumas delas notava-se a presença de grandes bonecos, chamados genericamente de "entrudos".

O Entrudo Popular poderia tornar-se numa brincadeira jocosa e agressiva, que ocorria nas ruas das localidades, tendo como protagonista um grupo de "meliantes" que escondia a sua cara por detrás de uma máscara ou outro artifício para fazer patifarias aos transeuntes. Podemos encontrar resquícios destas brincadeiras e tradições em certas zonas do interior do país, sendo famosos os entrudos de aldeias transmontanas, como Podence e Ousilhão, e da Beira Alta, em Lazarim. Aqui a figura típica é o careto, um personagem de máscara com um nariz saliente feita de couro,latão ou madeira, assim como roupagem tradicional, possuindo ainda um cajadoPensa-se que a tradição dos Caretos tenha raízes célticas, relacionada com os povos Galaicos da Galiza e no norte de Portugal. A máscara ibérica é a máscara típica de Portugal e Espanha, muitas delas ligadas a cultos celtas, ao solstício de inverno, à fertilidade. Os mascarados têm diversos nomes consoante a região de onde são, sendo que em Portugal destacam-se as seguintes:
  • Careto de Lazarim (Lamego);
  • Máscaro de Ousilhão (Vinhais);
  • Careto de Podence (Macedo de Cavaleiros);
  • Cardador de Vale de Ílhavo (Ílhavo);
  • Careto da Lagoa (Mira);
  • Careto de Salsas (Bragança)
  • Careto de Aveleda (Bragança);
  • Carocho de Constantim (Miranda do Douro);
  • Chocalheiro de Bemposta (Mogadouro);
  • Chocalheiro de Bruçó (Mogadouro);
  • Chocalheiro de Val de Porco (Mogadouro);
  • Grijó de Parada (Bragança);
  • Parada de Infanções (Bragança);
  • Gualdrapa da aldeia São Pedro da Silva (Miranda do Douro);
  • Belho da aldeia São Pedro da Silva (Miranda do Douro);
  • Sécia (Mogadouro);
  • Farandulo de Tó (Mogadouro);
  • Marafona de Podence (Macedo de Cavaleiros);
  • Filandorra de Rio de Onor (Bragança);
  • Zangarrão de Bruçó (Mogadouro);
  • Cachera de Torre de Dona Chama (Mirandela).
Figura 3- Caretos de Ousilhão (Vinhais).

Porém, nem todas as máscaras mencionadas são utilizadas na altura do Carnaval, muitas delas são da altura do Natal e do dia de Reis, assim como utilizadas nas festividades em nome de Santo Estêvão, caso de Ousilhão, de Aveleda, entre outros. Outras, surgem nas diversas festividades invernais que ocorrem entre o solstício de Inverno e o equinócio de Março, como em S. Pedro da Silva.

Figura 4- Carnaval de Lazarim (Lamego).
Em Lazarim, concelho de Lamego, decorre o Carnaval mais tradicional português, mantendo bem vivas tradições ancestrais que perduram ao longo dos tempos. A sua grande atração são as famosas máscaras de madeira, de amieiro, coroada com chifres e outros aparelhos que são esculpidas por artesão da vila. Esta tradição assume contornos medievais, estando carregada de referências macabras, a Belzebu e assumia um carácter assustador. As máscaras de madeira eram, por alguns, revestidas a pele de coelho, podendo ter cobras e sardões como ornamento, pregados às máscaras para que estas adquirissem ainda um aspecto mais aterrorizante.

Figura 5- Caretos do Carnaval de Lagoa (Mira).
Os caretos da Lagoa consiste num desfile de homens mascarados pelas localidades do concelho de Mira durante os 3 dias de Carnaval, vestindo as suas saias vermelhas com avental branco, camisas brancas e chocalhos e sinos a tiracolo, tendo na cabeça a  máscara campina. Diz-se que a tradição é um ritual pagão de passagem dos rapazes solteiros à idade adulta. 
Figura 6- Caretos do Carnaval de Podence (Macedo de Cavaleiros).
Em Podence moram os caretos mais famosos do país, que fazem a despedida do Inverno e anunciam a Primavera, sendo o Carnaval um ritual de passagem do tempo e de renovação das estações. Chegado o Mês de Fevereiro, os homens envergam os trajes coloridos às riscas (elaborados com colchas franjadas de lã ou de linho em teares caseiros) escondem a cabeça dentro de uma máscara de lata, prendem bandoleiros com campainha e chocalhos, deslocando-se energicamente com um cajado, chocalhando as raparigas solteiras e fazendo tropelias pelas ruas da aldeia. 
Figura 7- Cardadores do Carnaval de Ílhavo.
Os Cardadores de Vale de Ílhavo são figuras carnavalescas furtivas que surgem de todos os lados em dias de Carnaval, desaparecem e reaparecendo num ápice para cercar as pessoas, soltando gritos e dando saltos que lembram danças guerreiras, repetindo em voz de falsete: "Ai tanta lã! Ai tanta lã". entretanto passam carinhosamente as cardas nas mulheres com que se cruzam, ou agitam as campainhas à cintura e batem as carpas.

Nos Açores, mais propriamente na ilha Terceira, reside uma das formas mais peculiares do Carnaval em Portugal, as Danças e Bailinhos de Carnaval. Esta tradição, tida como a maior manifestação de teatro popular em Portugal, remonta ao tempo dos primeiros povoadores e reflete um estilo teatral bem ao jeito dos Autos vicentinos. O carnaval de Canas de Senhorim é também bastante antigo, com cerca de 400 anos, contendo algumas tradições únicas como os Pizões, as Paneladas, Queima do Entrudo e o Despique.

Em termos de Carnaval menos tradicional e organizado há a relatar que o de Loures remonta a 1934, sendo também conhecido como Carnaval Saloio, cuja principal atração são as "Mastronças do Moulin Rouge", um grupo constituído por homens que se vestem de mulher, influenciando a existência de "matrafonas" noutros Carnavais.

No Carnaval da Madeira é tradição haver dois grandes cortejos de Carnaval no Funchal: (1) o Cortejo Alegórico (2) e o TrapalhãoO Cortejo Alegórico realiza-se no sábado, nele participam vários grupos, com milhares de figurantes, que desfilam pelas principais ruas do Funchal. O Cortejo Trapalhão realiza-se na terça-feira de Carnaval, em que os populares se juntam em pequenos grupos e, por norma, contestam algumas decisões políticas, disfarçando-se de figuras públicas.
Figura 8- Alberto João Jardim e o Carnaval da Madeira.

O Carnaval de Torres Vedras tem também muita tradição, acabando por ser um dos maiores eventos carnavalescos do país, organizado pela Câmara Municipal e pela Real Confraria do Carnaval de Torres, auto-intitula-se de "o mais português de Portugal". Nos corsos participam os carros alegóricos, os grupos de desfile, as "matrafonas" e os famosos cabeçudos ou gigantones (bonecos gigantes), acompanhados pelos "Zés-Pereiras" (foliões tocando bombos e desfilando em paradaO gigantone é um boneco de figura humana com 3,5 a 4 metros de altura, típico das festas populares portuguesasromarias e cortejos de Carnaval, tendo uma estrutura que permite ser “vestido” e manuseado por uma pessoa no seu interior. A cabeça de grandes dimensões, feita de pasta de papel. Voltando ao Carnaval de Torres, é preciso mencionar que os populares também se podem associar à folia, desfilando mascarados nos espaços livres entre os carros alegóricos e os grupos de desfile e arremessando "cocotes" (pequenos objetos de papel e restos de serradura e borracha) para o público.
Figura 9- Gigantones ou Cabeçudos típicos do Carnaval português.
O Carnaval é um período de transgressão, de excessos, de sátira política e social, que nos tiram um bocado da seriedade e dificuldade que se tornou a vida contemporânea, pois como diz o ditado: "No Carnaval ninguém leva a mal!".


Bibliografia


OLIVEIRA, Ernesto Veiga de - Festividades cíclicas em Portugal. Lisboa: Publicações D. Quixote,1984.

PEREIRA, Benjamim - Máscaras Portuguesas. Lisboa, Museu de Etnologia do Ultramar, 1973.

PEREIRA, Benjamim - Rituais de Inverno com Máscaras. Bragança, Instituto Português de Museus, 2006.

PESSANHA, Sebastião - Mascarados e máscaras populares de Trás-os-Montes. Lisboa: Livraria Ferin, 1960.

TIZA, António Pinelo - Inverno Mágico, Ritos e Mistérios Transmontanos. Lisboa, Ésquilo, 2004.

www.mascaraiberica.com/

www.wikipedia.pt/

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Escócia independente?

É engraçado que o atual Primeiro-Ministro britânico David Cameron esteja a apelar aos escoceses para não votarem a favor da independência da Escócia no referendo agendado para o próximo ano... logo ele, que convocou um referendo relativo à manutenção da Grã-Bretanha da União Europeia, apesar dos bons resultados económicos que deu no passado aos britânicos e de não se constituir, para já, uma união política.
Figura 1- Mapa do atual território escocês.
As grandes crises, nomeadamente as económicas, fazem recrudescer os nacionalismos, e com eles a noção de autodeterminação de povos que dispõem de uma cultura diferente dentro de um Estado que no passado os subjugou à sua autoridade. Temos assistido a isso na Catalunha, mas a Escócia, pelo menos parte dela, também tem o ensejo de se constituir como um país independente.

A Escócia sempre foi um território em que "mandam os que lá estão". No século I d.C., o poderoso império romano entra pela ilha da Grã-Bretanha, a que denominaram de Britania, e conquistam-na... mas não na totalidade! A Norte da ilha, o território da Caledónia, manteve-se livre do jugo romano, cujo domínio se estendia até à muralha de Antonino, que ia do estuário do rio Clyde ao estuário do rio Forth (entre Glasgow e Stirling). Os romanos denominavam os povos que viviam para lá da muralha de Pictos ("os pintados"), que eram uma autêntica dor de cabeça para os povos romanizados do Norte da Britania, devido ás suas constantes incursões para Sul em ataques a fortes e localidades romanas.
Figura 2- Troço da Muralha de Adriano.
Durante um período de crise do império romano no século II d.C., o imperador romano Adriano (reinado de 117 a 138) entendeu que seria complicado concentrar a expansão do império em várias frentes, e verificando que a conquista da zona da Caledónia se afigura como difícil, decide fazer recuar a fronteira do império para sul, optando por manter as conquistas já efetuadas, construindo uma muralha defensiva que protegesse o território da Britania das incursões dos povos do Norte. Assim foi construída a Muralha de Adriano, uma fortificação em pedra e madeira que ainda persiste no Norte da Inglaterra, tendo sido construída entre 122 e 126, constituindo-se como a mais extensa estrutura do género construída pelo império romano, dividindo horizontalmente a Grã-Bretanha em duas.

A desagregação do império romano trouxe a invasões de povos germânicos vindos do Leste, nomeadamente os Anglos e os Saxões, que ocuparam a Britania. A zona do Norte manteve a sua particularidade de irredutibilidade. No século VI terá sido fundado o reino  de Dalriada pelos escotos (scots), um povo de origem gaélica, da ilha da Irlanda, que se situava nas Terras Altas ocidentais, que se estabeleceu em torno da região de Argyll. Literatura dos séculos IX e X mencionam que o reino de Dalriada foi fundado na costa oeste da Escócia no século VI, tendo sido cristianizado no século VII pelo missionário irlandês Columba, que teria fundado um mosteiro em Iona. Os escotos tinham uma grande rivalidade com os pictos pelo domínio das Terras Altas, rivalidade essa que foi desequilibrada durante o século IX, quando os Vikings começaram a atacar com frequência as terras dos pictos a Este, culminando com a junção dos dois povos em 843 através do rei de Dalriada, Kenneth MacAlpin, formando-se então o reino da Escócia.

A Escócia nasceu da vitória militar dos gaélicos sobre os pictos, quando estes se encontravam concentradas e exaustos de combater os vikings que vinham do Leste.  Esta união foi também fortalecida através de uniões matrimoniais e pela transferência do centro governativo para Scone, área dos pictos. O rei Kenneth MacAlpin conseguiu suster os ataques vikings provenientes do Norte e de Este, e os ataques dos Anglos vindos do Sul, mantendo uma relativa estabilidade durante os seus 16 anos de reinado sobre a Escócia. A descendência da casa de Alpin viria a conhecer diversas disputas durante os períodos de sucessão régia, sendo que o último rei da dinastia seria Malcom II, que faleceu sem deixar herdeiros varões, passando o reinado para o filho de sua filha, Duncan I, que iniciou a Dinastia de Dunkeld. A dinastia de Dunkeld procurou unificar politicamente o reino escocês, muito dividida entre clãs rivais, que reconheciam o rei da Escócia como o seu suserano, mas sem um poder efetivo, típico de situações feudais comuns por toda a Europa. Malcom III e os seus descendentes conseguiram efetivamente dar uma maior união do reino em seu torno, apesar da parte central das Terras Altas o controlo ser escasso, contudo, a falta de descendência varoneira de Alexandre III faz terminar a dinastia de Dunkeld aquando de sua morte em 1286.

crise dinástica surge com a morte de Margarida, princesa da Noruega e neta de Alexandre II, num naufrágio a caminho da Escócia em 1290, surgindo disputas entre descendentes mais afastados dos reis escoceses. Eduardo I de Inglaterra viu nesta crise a hipótese de submeter a Escócia ao reino inglês, tendo como plano inicial casar o seu herdeiro Eduardo II com Margarida e assim concretizar a anexação, mas a rainha escocesa morreu com apenas 7 anos de idade. Todavia o rei inglês foi convidado a tomar parte na escolha do rei da Escócia por nobres escoceses, devido às disputas acirradas pelo trono de 2 fações. John de Balliol tornou-se um dos mais importantes pretendentes ao trono, como tetraneto materno do rei David I. Seria o principal pretendente no direito de primogenitura geneológica, mas não em proximidade de sangue, cujo rival era Robert the Bruce V, que, estava numa geração mais próxima. A reivindicação ao trono  foi deixada a auditores escoceses durante uma eleição supervisionada pelo rei Eduardo I da Inglaterra em Berwick-upon-Tweed 3 de Agosto de 1291. A decisão dos auditores foi em favor de Balliol em 17 de Novembro de 1292, tendo sido coroado com o título de rei da Escócia em Scone, a 30 de Novembro de 1292 (dia de Santo André).

John Balliol (reinado 1292-96) tornou-se num homem extremamente impopular, até porque ficou reconhecida a vassalagem escocesa relativamente à Casa Real inglesa, o que resultou na primeira das guerras da independência da Escócia. Eduardo I foi reconhecido como Lord Paramount da Escócia, o feudal superior do Reino, constantemente debilitou a autoridade do rei John Baliol, tomando a Escócia como propriedade feudal, tendo Balliol, após a sua investidura, de prestar homenagem a Eduardo em Newcastle pelo feudo da Escócia e forçado a repudiar o Tratado de Bingham de 1290, que garantia as liberdades escocesas. Em 1295, Eduardo deu aos escoceses um ultimato: queria todos os seus homens capazes para defender a Inglaterra de uma  invasão da França.

A oposição dos barões escoceses ao jugo inglês criou um grupo de líderes, os "Guardiões da Escócia", retirando o governo a Balliol, preso em Hertford e depois exilado, e formando uma aliança com França, conhecida como Aliança antiga (Auld Alliance). A insubordinação escocesa fez perder a paciência do monarca inglês, que invadiu a Escócia em 1296, sitiando e conquistando a cidade de Berwick, cometendo várias atrocidades que resultou num grande número de mortos, como a degolação de moradores e a imolação de comerciantes flamengos. O exército inglês, a partir de Berwick, enviou uma expedição contra Dunbar, onde foram vencidos pelo exército principal da Escócia, que voltavam de incursão contra o norte da Inglaterra. Eduardo continuou porém seu avanço pela Escócia, tomando as suas relíquias, como o pedaço da Verdadeira Cruz de Santa Margarida, a Pedra do Destino e documentos e tesouros escoceses. Eduardo I assegura por via militar o domínio da Escócia, despojando Balliol de suas armas heráldicas  e exigindo que todos os nobres e proprietários o jurassem como suserano em Berwick, cujos nomes que prestaram a jura estão alinhados na lista conhecida como "Ragman Rolls".

A opressão inglesa continuou, impondo regras, castigos e tributos aos escoceses, provocando levantamentos rebeldes por todo o território, destacando-se os liderados por William Wallace e Andrew de Moray. A magnitude e eficácia dos atos de rebelião de Wallace atraiu a atenção das pessoas comuns e também dos nobres escoceses tais como James Stewart, Sir James Douglas e Robert the Bruce VI (descendente do homónimo anteriormente mencionado), aliando-se a ele e a Moray, sob a tutela do bispo de Glasgow, Robert Wishart, para libertarem a Escócia da opressão dos ingleses. No entanto, os nobres escoceses acabaram por negociar tréguas com os ingleses em 9 de julho de 1297 em Irvine, deixando Wallace e Moray sozinhos na luta pela independência da Escócia.
Figura 3- Monumento a William Wallace (Stirling).
Os dois líderes assumiram o controle das forças rebeldes que estavam espalhadas pelo país, mas em agosto, em Stirling, agruparam os efetivos num exército11 de setembro de 1297, as forças inglesas reuniram-se em redor do Castelo de Stirling para acabar com a sublevação escocesa, enquanto os escoceses estavam no lado oposto do rio Forth. As forças antagónicas estavam separadas por uma ponte. Os ingleses confiantes no seu número e poderio, caíram na armadilha de cruzarem a referida ponte, sendo massacrados pelos escoceses, uma vitória espetacular, mas que provocou uma baixa importante nos escoceses, pois Moray foi mortalmente ferido durante a batalha, morrendo pouco tempo depois. Wallace assumiu o controle dos rebeldes e liderou os seus homens em vários ataques ao norte de Inglaterra, como o de Durham, em outubro. Em novembro retorna à Escócia por causa do inverno rigoroso, aproveitando para reconsolidar as suas forças.

Em março de 1298, Wallace foi feito cavaleiro, possivelmente por Robert the Bruce VI, em Tor Wood, e designado como "Guardião da Escócia". O facto de um homem do seu meio ser designado para uma posição tão potencialmente poderosa indicou o quanto ele era respeitado pelos nobres, pelo seu papel de tentar libertar a Escócia. Porém, Eduardo I através de subornos aos nobres, conseguiu dividir a causa escocesa, enfraquecendo-a, culminando com a derrota estrondosa em Falkirk. A desilusão de Wallace fez com que se demitisse do cargo de guardião e apoiasse Balliol ao trono, continuando com as suas atividades guerrilheiras no norte de Inglaterra e de ter procurado apoios no continente para a causa, sendo conhecida uma carta enviada a Filipe IV de França. Tais atitudes tornaram-no inimigo público n.º 1 da Inglaterra, fazendo com que Eduardo I não poupasse esforços para o encontrar.

No dia 3 de agosto de 1304, crê-se que sir John Mentieth capturou William Wallace perto de Glasgow. Mentieth era um escocês que havia lutado pela liberdade ao lado de Wallace, mas sucumbiu ao suborno dado por Eduardo I, tendo sido nomeado xerife de Dumbarton. Wallace foi levado imediatamente para Londres, chegando a 22 de agosto. Na manhã seguinte, foi levado pelas ruas de Fenchurch, para ser agredido e apresentando ás multidões. No Westminster Hall, Wallace ficou diante do tribunal designado pelo rei Eduardo I, que o obrigou a ficar numa plataforma e usar uma coroa de espinhos. Além de traição, Wallace foi acusado do assassinato do xerife de Lanark, William Hazelrig. As acusações foram lidas e a sentença pronunciada, sem que Wallace tivesse oportunidade de falar em própria defesa. A sentença foi executada imediatamente, com Wallace a ser amarrado com couro e arrastado por diversos quilómetros até Smithfield. Wallace foi enforcado até ficar quase inconsciente, e então, amarrado a uma mesa, estripado, e suas entranhas, queimadas, ainda presas a ele, foi também castrado e, finalmente, foi libertado do seu sofrimento inimaginável, pela decapitação. Seu corpo foi esquartejado, e os pedaços, enviados para Newcastle upon TyneBerwickPerth e Stirling. Sua cabeça foi colocada em um pique na Ponte de Londres, de modo que todos a vissem, como advertência para outros possíveis "traidores".
Figura 4- Robert I da Escócia.
Os nobres revoltosos acabam por eleger novos guardiães da Escócia: Robert the Bruce VI e John "red" Comyn (primo de John Balliol). Os 2 guardiães davam-se mal, pois defendiam diferentes interesses para o trono, tendo Bruce assassinado "Red". Em 1302, Bruce abandona o cargo de guardião, e jura fidelidade ao rei Eduardo I na perspetiva que o trono da Escócia pudesse ser atribuído a seu filho, acabando por morrer em 1304 sem isso acontecer. Em 27 de março de 1306, vendo que a frente de batalha do reino inglês no continente se agudizara, Robert the Bruce VII revolta-se contra o domínio da Inglaterra e faz-se coroar rei em Scone como Robert IDois meses depois foi coroado novamente em Scone pela condessa de Buchan Isabella MacDuff, viúva de John Comyn, primo do assassinado John "red" Comyn.

Teve então início a Guerra da Independência (1306-1328), com Robert I como líder dos escoceses. Os primeiros tempos não foram fáceis, com derrotas importantes em Perth e Methven, diante de Inglaterra, e em Dalry, diante do Lord de Argyll, parente do assassinado Comyn. Em 1307 a sua sorte mudou, derrotando em maio os ingleses em Loudoun, em Lanarkshire, um combate nas encostas do Ben Cruachan em Argyll derrotou os MacDougalls, concentrando-se depois nos Comyns. Na parte final de 1307 e durante 1308, as terras dos Comyns em Buchan e Badenoch foram devastadas e queimadas, depois confiscadas e oferecidas a partidários do rei.

Eduardo I ordena uma campanha para vencer Bruce mas estava doente e o exército marchou para norte mas sem chegar à Escócia, pois o seu rei morre nos arredores do rio Solway, em Burgh-a-SandsCumberland, na fronteira escocesaO seu último desejo era que o seu cadáver fosse fervido e os ossos carregados com os soldados para a batalha, mas seu filho Eduardo II, mais pragmático, marchou para sul, rumo a Londres, sepultando o pai na Abadia de Westminster, numa tumba de mármore preto, pintada posteriormente com as palavras Edwardus Primus Scottorum malleus hic est, pactum Serva ("Aqui está Eduardo I, martelo escocês. Mantenha a Fé"). O rei escocês reuniu as suas primeiras cortes e depois de suas grandes vitórias em 1310-1314 obteve o controle do norte, dos castelos de Edimburgo e Roxburgh, sobrando Stirling como o único bastião inglês.

A partir de 1318 todos os grandes proprietários escoceses tiveram que decidir quais propriedades manteriam e jurar fidelidade ao rei apropriado. Se quisessem ter suas terras escocesas, teriam que abandonar as propriedades na Inglaterra, ou o contrário. Nesse ano o Parlamento escocês passou um decreto segundo o qual se o rei morresse sem filhos, seu neto Robert Stewart seria seu sucessor - mas nasceu-lhe um outro filho, David II, em 1324. No combate aos ingleses, ajudaram-no a incapacidade, o desinteresse, os problemas políticos de Eduardo II. Não houve mais invasão inglesa efetiva até 1314. Obteve o apoio da Igreja, destruiu a influência dos rivais e conseguiu expulsar os ingleses em 1314, batalha de Bannockburn, após o bloqueio ao castelo-fortaleza de Stirling. Stirling deveria, por acordo firmado com os homens que o guarneciam, ser entregue à Escócia no verão de 1314, mas os ingleses conseguiram levantar tropa e avançar para Stirling quando foram aniquilados por Robert I com um exército três vezes menor. Porém, a vitória espetacular de 24 de junho sobre o exército inglês de 10 mil cavaleiros e 50 mil infantes não acabou a guerra (que só teria fim em 1328) mas decidiu a guerra civil escocesa, deixando-o sem rivais, e paralisou a Inglaterra por 10 anos.

Em 1315, Edward Bruce, irmão do rei, foi brevemente nomeado como alto rei da Irlanda, durante uma invasão mal-sucedida da Irlanda na busca de reforçar as posições escocesas na guerra contra a Inglaterra. A "Declaração de Arbroath" de 1320 é a primeira declaração de independência documentada, composta pelo chanceler Bernard de Linton, reafirmando a independência da Escócia. Foi realizada uma missão diplomática a Avinhão para persuadir o papa João XXII a reconhecer Robert I como o rei da Escócia em 1322. Robert I ainda invadiu duas vezes a Inglaterra e em 1323 concluiu com o rei Eduardo II uma trégua por 13 anos. Quando Eduardo III subiu ao trono inglês em 1327 houve nova guerra, e os ingleses foram novamente vencidos. Em 1328 os dois países assinaram o Tratado de York ou de Northampton, que reconhecia a independência da Escócia e o direito que de Robert I em nomear herdeiro ao trono.

O rei falece em 1329, sucedendo-lhe David II da Escócia (1329-71). Eduardo III, embora tivesse assinado a paz, permitia que Edward Balliol (filho de John Balliol) atacassem a Escócia a partir do estuário Humber. Balliol conseguiu desembarcar, iludindo as defesas escocesas, em Kinghorn, Fife. Os "barões deserdados" marcharam pelo Fife com o apoio do monarca inglês. A 12 de agosto, Balliol obteve a vitória de Dupplin Moor, em Pertshire, sobre Donald, Earl of Moray, que era regente de David II, tomando Perth e fazendo-se coroar rei em Scone a 24 de setembro de 1332. Balliol prestou homenagem a Eduardo III e os escoceses derrotados enviam David para a França, onde Filipe VI lhe ofereceu abrigo. Uma coligação liderada por sir Archibald Douglas derrotou Balliol em Annan, Dumfries, em 16 de Dezembro, tendo sido expulso em "com bota numa perna e a outra descalça", fugindo semi-nú depois de um ataque surpresa por nobres fiéis a David II. Em 19 de Julho de 1333, Edward III derrotou e matou Douglas na Batalha de Halidon Hill em favor de Balliol, que em troca recebeu muitas terras escocesas a sul. 
Figura 5- Pintura do século XIV que ilustra a invasão de Eduardo III da Escócia.
Eduardo III destruiu em 1336 a maior parte do nordeste da Escócia mas em 1338 a maré virou, quando a chamada "Black Agnes", condessa de March, conseguiu resistir por 5 meses no castelo de Dunbar, mas especialmente quando a coroa inglesa se vê envolvida na disputa do trono francês, disputa inserida na Guerra dos 100 Anos. A luta de Balliol contra os aderentes de David II durou até 21 de Janeiro de 1356, quando Balliol renunciou a seu título e deu todas suas terras a Edward III, morrendo como um pensionário, sem filhos, do soberano inglês.

David II volta à Escócia em 1341, um país empobrecido mantido por John Randolph, 3º Earl of Moray, Robert Stewart e sir Andrew Moray. Cinco anos depois, David invadiu a Inglaterra em prol dos interesses franceses, Filipe VI de França pediu-lhe uma contra-invasão da Inglaterra para aliviar a pressão inglesa sobre Calais, e decidido a honrar a memória do pai, mas deixa-se ferir e capturar em Neville's Cross, nos arredores de Durham, a 11 de outubro de 1346. Depois de um curto período de convalescença, foi preso na Torre de Londres e, mais tarde, teve a companhia de Filipe de França. David II aceitou pagar pela sua liberdade um elevado resgate, pagável em 10 anos, e foi devolvido à Escócia em 1357. O seu sobrinho Robert Stewart, neto de Robert Bruce, tinha governado o país como seu guardião, mas a Escócia estava em lamentável situação, e David foi obrigado a levantar novos impostos. No fim do reinado sofre uma forte oposição da nobreza liderada pelo mesmo Stewart. David II sem o apoio do Parlamento, porque desejava uma união entre a Escócia e a Inglaterra para evitar pagar seu enorme resgate, tendo inclusivamente ido a Londres em 1363 para oferecer a coroa a Eduardo III, caso morresse sem descendentes, desde que a Pedra do Destino fosse devolvida para servir na coroação do rei inglês. Os escoceses rejeitaram esta ideia e ofereceram, como alternativa, continuarem a pagar o resgate (aumentado agora para 100 mil libras).

David II morreria em fevereiro de 1371 sem herdeiros, sucedendo-lhe o sobrinho,  Roberto II (1316-1390), o primeiro monarca da Casa de Stewart (Stuart). A dinastia Stewart governou a Escócia até ao fim da Idade Média, entrando na Guerra dos 100 anos ao lado da França e atingindo grande prosperidade no final do século XIV. A Lei da Educação de 1496 fez da Escócia, o primeiro país, desde Esparta na Grécia clássica, a implementar um sistema de educação público geral. Jaime I (1394-1437) neutralizou a influência dos  duques de Albany, que haviam exercido a regência do trono enquanto cativo em Inglaterra, o seu sucessor, Jaime II (1437-60), destruiu o poderio dos Douglas, já Jaime III (1460-88) estendeu o controle efetivo da coroa aos territórios do norte e do oeste ao reprimir uma rebelião (1475) liderada por John MacDonald, Conde de Ross, conquistou as ilhas Órcades e Shetland, ainda sob controle nórdico. Jaime IV (1488-1513) consolidou o poder real naquelas ilhas e nas Hébridas. Em 1502, James IV da Escócia assinou o Tratado de Paz Perpétua com Henrique VII de Inglaterra, e casou com a filha deste, Margaret Tudor, preparando o palco para a união das coroas sob a sua égide. Ainda assim, em 1512, com o apoio francês, decide invadir a Inglaterra, acabando por morrer no campo de batalha, de Flodden.

auld alliance acabou por ser terminada com o Tratado de Edimburgo, tendo a França concordado em retirar todas as forças terrestres e navais. Nesse ano, 1560, John Knox, um clérigo escocês, conseguiu realizar o seu objetivo de tornar a Escócia numa nação Protestante, em que  a autoridade papal na Escócia foi revogada pelo parlamento. A igreja presbiteriana escocesa, na linha do Calvinismo,  pretendia erradicar a influência da igreja católica na Escócia, recusando a veneração de santos, relíquias e de figuras ornamentais, terminando com algumas festividades coletivas e impondo uma estrita proibição do trabalho ao domingo. A igreja presbiteriana escocesa professa o comportamento purista (ou puritano) de todos segundo a moral cristã e seus valores (fornicação era punida severamente, mesmo com o exílio, o adultério era punido com a morte).

Após um período conturbado durante a menoridade de Jaime V (1513-42), este assumiu o poder e continuou com a política de aliança com os franceses. Henrique VIII da Inglaterra invade então a Escócia e a armada escocesa é derrotada na batalha de Solway Moss (1542). Jaime V morre no mês seguinte, uma semana antes do nascimento de sua única herdeira, Maria Stuart. As disputas com a Inglaterra prosseguiram durante a regência do conde de Arran, que entrou em acordo com os franceses para a realização do casamento de Maria com Francisco (mais tarde Francisco II de França), herdeiro do trono francês (1558). Maria, rainha dos Escoceses, de religião católica, foi forçada a abdicar em 1567, fugindo no ano seguinte para Inglaterra, onde ficou presa até ser executada em 1587. Ambicionando suceder a Elizabeth I no trono da Inglaterra, Jaime VI, filho de Maria Stuart, evitou desagradar à soberana inglesa, mesmo após a execução de sua mãe.

Em 1603, James VI, rei da Escócia herdou o trono do reino de Inglaterra e do reino da Irlanda, tornando-se rei James I da Inglaterra e Irlanda, e deixou Edimburgo para Londres, mantendo-se a Escócia como um estado separado. Carlos I (1625-49), tentando uniformizar o governo e o culto religioso da Escócia com a Igreja da Inglaterra, provocou distúrbios. A convocação nacional, protestando contra as inovações eclesiásticas, foi assinada em 1638 e, no mesmo ano, uma assembleia geral aboliu o episcopado. Em agosto de 1642 irrompeu a luta entre Carlos I e seus oponentes ingleses, cujas partes procuravam obter o apoio dos escoceses, que resolveram ajudar a oposição parlamentar inglesa, em troca de um acordo pela unidade religiosa com base no presbiterianismo. Os realistas foram derrotados na Inglaterra e na Escócia, e Carlos I rendeu-se aos escoceses em 1646. Não chegando a um acordo com o rei, os escoceses devolveram-no à Inglaterra. O exército inglês, sob a direção de Oliver Cromwell, tornara-se a maior força política do reino, preferindo a independência religiosa ao presbiterianismo. Convencionais conservadores conseguiram obter do rei um compromisso de estabelecimento do presbiterianismo nos dois reinos por 3 anos, e foram à luta em defesa do rei, sendo esmagados em Preston em 1648. No ano seguinte, Carlos I foi executado (1649). Em 1651 toda a Escócia estava em poder de Cromwell, que adotou uma política justa em relação à religião conquistada, mas não ganhou a simpatia dos escoceses, descontentes com os pesados impostos.

Embora descontentes com a união cromwelliana, os escoceses não tomaram a iniciativa na restauração do poder de Carlos II (1660-85). Este, ao contrário do que esperavam os presbiterianos, reinstalou o episcopado e reprimiu a oposição religiosa, iniciando-se um período de agitação popular e repressão, que se tornou mais aguda quando subiu ao trono o católico Jaime VII (1685-88). A "Glorious Revolution" de 1688-89 derrubou o rei James VII da Escócia e II da Inglaterra pelo Parlamento Inglês em favor de William e Mary. A Escócia apoiou a revolução de 1688, mas só agiu abertamente contra o clero episcopal quando soube que o rei havia fugido e Guilherme de Orange (Guilherme III da Grã-Bretanha) assumira o poder. A revolução estimulou nos escoceses o desejo de progredir.

A rainha Ana foi a última monarca Stuart, governando até 1714. Desde 1714, a sucessão dos monarcas britânicos das casas de Hanover e Saxe-Coburgo e Gotha (Windsor) são baseadas na sua descendência de Jaime I e da Casa de Stuart. Durante o reinado da rainha Ana (1702-14) a união entre a Escócia e a Inglaterra tornou-se mais estreita com a fusão dos dois parlamentos (1707), pela qual ficava também assegurado o direito de livre comércio em toda a Grã-Bretanha e seus domínios. Mas um foco de rebelião continuou nas Terras Altas e 4 tentativas foram em favor dos Stuarts. O parlamento não representava realmente o povo, mas uma minoria de nobres e senhores de terras. Os membros do partido dos whigs, estimulados pela Revolução Francesa, iniciaram um movimento pela reforma do parlamento, sendo reprimidos. O administrador da Escócia era o despótico Henry Dundas, do partido dos tories. Durante esse episódio, a economia do país passava por transformação radical. A agricultura foi modernizada, o comércio tomou impulso e a industrialização teve início com a instalação de manufaturas e a abertura de minas de carvão no oeste.

O modelo de desenvolvimento dos escoceses era o reino da Inglaterra, uma potência mundial. Em 1694 tinha sido fundado o Banco da Escócia, seguindo a mesma estrutura que o recentemente fundado Banco de Inglaterra. Em 1698, os escoceses tentaram realizar um projeto ambicioso de estabelecer uma colónia comercial no istmo do Panamá. Quase todos os latifundiário escoceses que tinham dinheiro investiram no esquema de Darien, mas que viria a fracassar devido a um mau planeamento e fraca liderança, o que  viria a provocar uma crise económica no reino, aliada a uma fome que reduziu a população escocesa em certas zonas em 20%. Este factor, junto com a ameaça de uma invasão inglesa, desempenhou um papel crucial em convencer a elite escocesa para fazer uma união com a Inglaterra. Os ingleses asseguravam o controlo político da Escócia, em contrapartida ofereciam aos escoceses o direito ao comércio nas zonas da sua influência. Em 1707 foi ratificado pelo parlamento escocês o tratado que o abolia, unindo politicamente Escócia e Inglaterra. Foram concedidos 45 lugares no parlamento inglês (Westminster) a deputados escoceses.

No século XVIII dá-se o Iluminismo Escocês e a Revolução Industrial, tornando o território escocês numa das potências comerciais, intelectuais e industriais da Europa. É neste período que intelectuais escoceses de renome internacional como David Hume ou Adam Smith ou inventores como James Watt surgem na linha da frente do progresso científico mundial. A educação tinha-se tornado gratuita, algo inédito na altura , sendo que nos finais do século XVIII a Escócia tinha-se tornado no país com a menor taxa de analfabetismo do mundo. À medida que a censura afrouxava, verificou-se uma autêntica explosão de produção literária, mesmo as pessoas de posses mais modestas tinham agora a sua própria coleção de livros. Aqueles que não os podiam comprar tinham agora a possibilidade de os emprestar nas bibliotecas públicas escocesas, que por volta de 1750 existiam em todas as cidades.

Nos reinados de Jorge VI (1820-30) e da rainha Vitória (1837-1901) efetuaram-se várias reformas de caráter liberal (aumento do número de eleitores e de cadeiras, voto secreto etc.) no parlamento e na administração. Durante esse período, os liberais (whigs) ganharam todas as eleições gerais realizadas na Escócia. A economia da região passava por profunda transformação, principalmente no setor da indústria metalúrgica, que se tornou a base da economia escocesa. A população das cidades cresceu extraordinariamente, pois 60% dos habitantes passaram a viver em 11% da área total.
Figura 6- Escoceses com a bandeira e trajes tradicionais a festejarem o dia de William Wallace.
O declínio industrial que se seguiu à 2ª Guerra Mundial foi particularmente agudo, mas nas décadas recentes a Escócia tem passado por um certo renascimento económico e cultural, abastecido em parte por um ressurgimento do setor de serviços financeiros e a renda do petróleo e gás do Mar do Norte, acabando por ser um desastre para a Inglaterra não poder contar com esta região no Reino Unido.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

O conformismo!

Enquanto o PS se debate com questões internas em torno da sua liderança e do rumo a seguir em termos de oposição, o Governo lá vai ganhando um enorme balão de oxigénio, também muito ligado ao conformismo que se abateu sobre a sociedade civil, que não viu capitalizado, pelas estruturas políticas, o momento de "revolta" que iniciou o ano passado.

Nem os escândalos que associam este Governo a elementos da banca nacional, que inclui ex-administradores do BPN e da SLN, como Dias Loureiro e Franquelim Alves (que até o currículo pretendem dissimular), assim como o processo de nacionalização do BANIF, o de privatização do BPN, a intromissão de administradores do BES na agenda governativa parecem agitar as pessoas. O nosso Presidente da República também está a ver se passa por debaixo do radar... pois também ele tem ligações profundas e obscuras com o sistema financeiro.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Job for Life

No outro dia vislumbrei uma notícia acerca do programa alemão "Job for Life". Muitos dirão que o emprego para a vida acabou, mas não os alemães, que através desta publicidade, não sei se enganosa, se propõe a dar uma bolsa de formação (até aos 800€ por mês), um curso intensivo de alemão e um emprego garantido no final da formação.

Este programa é destinado a jovens entre os 18 e os 35 anos e está a visar principalmente os países europeus em crise económica: Portugal, Grécia, Itália e Espanha. Esta iniciativa visa rejuvenescer a sociedade alemã, o 4º país com a menor taxa de natalidade e o 2º com a mediana da idade mais alta do mundo, e ao mesmo tempo criar quadros especializados específicos que têm faltado aos alemães. O slogan é "A Alemanha precisa de jovens trabalhadores motivados. (...) Esta é uma oportunidade de aprender uma profissão com futuro e ter um bom salário".

Começa assim o saque a uma das principais riquezas de um Estado, as suas populações... pois no fundo são elas que garantem a sua sustentabilidade. Isto está a ser feito à custa da crise económica que grassa o Sul da Europa, que os alemães teimam em resolver pela imposição de uma austeridade que só gera uma espiral recessiva. Portugal é o 15º país do mundo com taxa de envelhecimento mais alta, e a 5ª taxa de natalidade mais baixa do mundo. Esperemos que estes jovens, que vão para a Alemanha e para outros países, voltem... e tragam consigo os seus filhos, juntamente com o know-how e experiência profissional, pois até temos uma coisa que poucos povos têm... um sítio agradável para viver, temos é que fornecer a outra parte, o crescimento e desenvolvimento económico!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Queixas sobre a produção legislativa!

Para quando um quadro legislativo mais estável? É certo que por vezes sejam necessárias correções ou alterações às leis, especialmente no início, mas acontecendo todos os anos apenas torna o âmbito laboral e empresarial mais instável e incerto. Fica assim complicado trabalhar a partir dessa realidade com o pleno conhecimento do que se pode e o que não se pode fazer. Isto resulta em muitas quebras da lei pelo desconhecimento de "alterações  das alterações" da Legislação, que por sua vez se encontram espalhadas em múltiplos diplomas.

Quando é que os Governos deixam esta "nova moda" de fazerem alterações legislativas na Lei do Orçamento de Estado (OE)? O Orçamento em si já é um "calhamaço", o que torna complicada a pesquisa de alterações legislativas... mas se calhar o objetivo é mesmo esse, fazer passar certas alterações enquanto o foco está no OE. O artigo 105º da Constituição indica aquilo que deve conter o OE, e nada consta de alterações legislativas, assim como a Lei do Enquadramento Orçamental... e como todos nós sabemos: "a diferença entre o privado e o público é que o privado pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, enquanto o público apenas pode fazer aquilo que a lei permite". Deste modo, deixem-se de coisas e deixem de fazer as alterações legislativas no OE!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

As Ordens Profissionais e Marinho Pinto

As Ordens profissionais fazem parte da Administração Autónoma do Estado, não da Independente. É uma Associação Pública à qual o Estado português delegou importantes atribuições para regular e disciplinar a sua atividade profissional, bem patente, por exemplo, no n.º 1 do artigo 2º do Estatuto da Ordem dos Advogados (Lei n.º 15/2005). É um elemento de corporativismo que define, muitas vezes, quem pode entrar na profissão e quem não pode, podendo inclusivamente estabelecer, direta ou indiretamente, patamares salariais para os seus associados e estabelecendo uma série de regras e contribuições para quem quer exercer a profissão.
Figura 1- Marinho Pinto em festa de pijama para Advogados.
O Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, convocou um Congresso Extraordinário dos Advogados para debater a nova Lei das Associações Públicas Profissionais, referindo que a lei é uma ameaça à "independência da Ordem", e que "não aceita que a Ordem dos Advogados esteja sujeita à tutela do Governo". Como bastonário da Ordem deveria saber que a Administração Autónoma está, desde sempre, sujeita ao poder tutelar do Estado, ou seja, em âmbito de fiscalização e controlo, portanto, não se percebe bem do que realmente se queixa o Dr. Marinho Pinto. Se calhar esse poder tutelar do Estado foi raramente aplicado às Associações Públicas, livres das prerrogativas  que estão na base de fazer parte da Administração Autónoma do Estado, pois achando-se diferente dos demais, insistem em aplicar algumas regras contra os interesses do Estado, mas a favor da corporação.  

Marinho Pinto "defende uma Ordem independente?" Ora, se estas associações públicas não integram a Administração Independente do Estado, devem  então deixar de ser uma associação pública, perdendo todas os seus privilégios "estatais" relativamente ao controlo da profissão que representam. Acho que é justo!