domingo, 30 de dezembro de 2012

Natal num país tropical!



Árvore de Natal na Baía de Guanabara em 2012 (Rio de Janeiro, Brasil)
Viver o Natal no Brasil é viver o Natal no maior país cristão do mundo. O que seria de se esperar? No País, como se imaginaria, é festa do Oiapoque ao Chuí, de Norte a Sul. E é claro que cada região tem sua peculiaridade diferenças em como festejar essa grande data.

A comemoração começa à meia-noite do dia 24 de Dezembro, formada a tradicional ceia de Natal, onde podemos encontrar os pratos típicos a exemplo da rabanada, o chester, o peru, os bolinhos de bacalhau (muito da herança portuguesa em nossa colonização), entre outros.

É na madrugada dessa noite que Papai Noel vem trazer presentes, muito aguardado por sinal. No dia seguinte é o almoço de natal, oportunidade de convidar quem não tenha vindo na noite anterior e assim continuar a comilança.

Por todo o País se torna cada vez mais comum a disputa entre as cidades qual teria a arvore de Natal mais bonita e vistosa. Se torna cada vez mais comum as famílias se reunirem em eventos próximos a essas árvores para tirar fotos e compará-las com as dos anos anteriores. "Será que esse ano tem mais luzes que em 2011?"

Fonte:
http://board.br.ikariam.com/board175-jornal-o-ikariano/board935-natal-pelo-mundo/180165-natal-no-brasil/

O Natal foi trazido para o Brasil pelos portugueses, desde o início da colonização. Esta festa de celebração do nascimento de Jesus Cristo é acima de tudo uma festa da Família, tendo como valores a Paz e a Harmonia. Nos países da América Latina, o grande fervor religioso faz com que o Natal, a par da Páscoa, sejam as festas religiosas com maiores adeptos e divulgação.

No Brasil e por ser Verão, o dia de Natal é dia de churrasco e cerveja em muitas casas, onde as famílias, de uma forma descontraída vestem bermudas e chinelo no dedo enquanto curtem um Sol de 35º. Já para muitos brasileiros, o feriado do dia de Natal é passado na praia, trajado a rigor!



Um dia de Natal diferente: na praia (Espírito Santo, Brasil)

Relacionado ao forte crescimento económico, como não poderia deixar de ser, o Natal é a época do ano com maior taxa de consumo no Brasil. Ao espírito natalício reúne-se o fato de Dezembro ser o mês em que se recebe o 13º salário e portanto, ter-se um aumento do orçamento família. Desta forma conseguem-se comprar bens que durante o ano se encontravam economicamente inacessíveis e, porque não, começar-se o novo ano já endividado?

Existem algumas particularidades para as quais ainda não se conseguiu uma explicação cabal. Assim sendo, coloco duas dúvidas existenciais:

- Que animal é o Chester? A melhor resposta é que este animal se trata de um frango mutante, com um nível de hormónios injetados acima da média e por isso fica "bombado".

- Com um calor do "fim do Mundo", porque é que o Pai Natal no Brasil veste-se de forma europeia? E porque ele cheio de roupa, contraste com Mães Natal seminuas?

Votos de um Feliz e Santo Natal!

Portugal de 2012 em fotografias

Figura 1- Abertura de "Guimarães, capital europeia da Cultura" (Janeiro).

Figura 2- Hélder Rodrigues consegue o 3º lugar no Dakar - América do Sul (Janeiro).

Figura 3- Passos Coelho aponta 2012 como "ano de viragem económica" (Janeiro).

Figura 4- O realizador João Salaviza vence o Urso de Ouro para melhor curta metragem no Festival de Cinema de Berlim (Fevereiro).

Figura 5- Carga policial na manifestação do Chiado, Lisboa (Março).

Figura 6- Governo proíbe reformas antecipadas até ao fim da ajuda externa (Abril). 

Figura 7- SL Benfica vence a Taça da Liga (Abril).

Figura 8- Falecimento do político Miguel Portas (Abril).


Figura 9- FC Porto torna-se bicampeão nacional de Futebol (Abril).

Figura 10- Promoção do Pingo Doce no 1º de Maio.

Figura 11- Académica de Coimbra vence a Taça de Portugal de Futebol (Maio). 

Figura 12- Mourinho e Cristiano Ronaldo conquistam o campeonato espanhol de futebol (Maio).


Figura 13- Morre o músico Bernardo Sassetti (Maio).

Figura 14 - Privatização da EDP para a China Three Gorges (Maio).

Figura 15 - Rui Costa vence a Volta à Suiça em Bicicleta (Junho).

Figura 16- A artista plástica Joana de Vasconcelos expõe as suas obras no Palácio de Versailles (Junho) 

Figura 17- Portugal mostrou que merecia mais no Europeu de futebol ao perder nas g.p. frente à Espanha (Junho).

Figura 18- Portugal conquista Bronze (Sara Moreira), Ouro (Dulce Félix) e Prata (Patrícia Mamona) nos Europeus de Atletismo em Helsínquia (Julho).

Figura 19- O historiador José Hermano Saraiva morre (Julho). 


Figura 20- Caso da "licenciatura" de Miguel Relvas chega ao Tour de França em Bicicleta (Julho).

Figura 21- Pimenta & Emanuel Silva conquistam prata olímpica em Londres na canoagem (Agosto). 

Figura 22- Portugal é vice-campeão europeu de Hóquei em Patins. 

Figura 23- Passos Coelhos dirige-se à nação para anunciar medida da TSU (Setembro). 

Figura 24- Manifestação contra a austeridade - manifestante abraça polícia (Setembro). 

Figura 25- Apresentação do Orçamento de Estado para 2013 (Outubro).

Figura 26- Manifestação contra o Orçamento de Estado de 2013 - manifestante nua junto à Assembleia da República torna-se num símbolo do protesto (Outubro). 

Figura 27- Morre o escritor Manuel António Pina (Outubro).

Figura 28- Sabe-se que elementos do FMI estão em Portugal a estudar a "refundação" do Estado (Outubro).

Figura 29- Angela Merkel faz uma visita a Portugal (Novembro).

Figura 30- Carga policial em S. Bento no dia de Greve Geral (Novembro).

Figura 31- Polémica em torno do suposto saneamento de Nuno Santos da RTP por alegada autorização à PSP de visionamento de imagens da Carga policial em S. Bento (Novembro).

Figura 32- António Félix da Costa vence o Grande Prémio de Macau em F3 (Novembro).

Figura 33- Dulce Félix torna-se vice-campeã europeia de Corta Mato em Budapeste (Dezembro).

Figura 34- Governo português "quase" privatiza a TAP a Germán Efromovich num processo pouco transparente (Dezembro).

Figura 35- Morre o cineasta Paulo Verde ("Verdes Anos").


Figura 36- Franceses "Da Vinci" vencem no processo de privatização da ANA (Dezembro).

Figura 37- Passos Coelho aponta 2013 como "ano de viragem económica" (Dezembro).

Figura 38- Encerramento de "Guimarães, capital europeia da Cultura" (Dezembro).

sábado, 29 de dezembro de 2012

Portugalidades (6): o natal tradicional

O Natal é um dos eventos mais celebrados do mundo, atravessando religiões e culturas, porém, é um dos dias mais importantes da Cristandade, o suposto dia do nascimento do Messias. Claro que, como qualquer grande dia festivo de dimensão global, sofre algum sincretismo em termos de tradições e costumes, fundamentalmente em torno da cultura europeia e norte-americana. É uma época de convívio familiar, de decorações coloridas e animadas, mas a pouco e pouco o Pai Natal tem substituído o menino Jesus como o ofertante de presentes às crianças, a árvore de Natal assume um papel predominante na decoração natalícia, ofuscando um pouco o presépio, e o peru começa a surgir na consoada, mas o realmente importa é que a tradição de passar o Natal em família se mantenha.
Figura 1- Decorações de Natal em Lisboa (já se tornou tradição ir à capital passear para ver as decorações).
O Natal é um feriado religioso cristão comemorado a 25 de dezembro (no calendário gregoriano, pois os países com calendário juliano comemora-se a 7 de janeiro), referente ao nascimento de Jesus Cristo, figura central da religião Cristã, o "filho de Deus" que teria sido enviado ao mundo para salvar a humanidade. Os relatos do nascimento e infância de Jesus Cristo podem ser encontrados nos Evangelhos de Mateus e Lucas. De acordo com a "lenda", o arcanjo Gabriel foi até Nazaré (Galileia) para anunciar a Maria, noiva de José (carpinteiro), que iria dar à luz um filho, de nome Jesus, que seria chamado de Filho de Deus e que se sentaria no trono de David, como rei dos judeus. Quando Maria questionou o arcanjo pelo facto de ser virgem, Gabriel afirmou que seria uma conceção do Espírito Santo. Ao descobrir a gravidez da virgem Maria, José quis deixá-la, julgando-se traído, mas Gabriel apareceu-lhe em sonhos a confirmar a história de sua noiva.

Naquela época, o reino da Judeia era tutelado pelo império romano, que dava confiança política ao rei Herodes (o Grande) para o governar. O imperador Augusto, numa lógica de controlo tributário, havia encetado uma política de recenseamento da população do  império, decretando que todos os habitantes o deveriam fazer na sua cidade natal. Por esse motivo, consta-se que a tal viagem de 150km entre Nazaré (Galileia) e Belém (Judeia) feita por José e sua mulher grávida, deveu-se ao facto de José ser de Belém, necessitando de registar-se ali. Quando chegaram a Belém, o casal não encontrou lugar nas hospedarias, o que aliado ao facto de Maria ter entrado em trabalho de parto, fez com que José tentasse encontrar um local onde pudessem estar resguardados. O melhor que encontrou foi um estábulo onde estavam um burro e uma vaca. Ao nascer a criança, José enfaixou-o e deitou-o numa manjedoura arranjada para o efeito, sendo que por essa altura uma grande estrela brilhou no céu, tornando a noite em dia, o que sobressaltou os pastores que vigiavam as suas ovelhas nos campos em redor do estábulo, mas que ao ouvir os cânticos de anjos sobre o facto do "Salvador" ter nascido, apressaram-se em pegar nuns cordeiros para os levar ao menino como presente.

Entretanto a notícia chega aos ouvidos dos 3 Reis Magos, Belchior, Baltazar e Gaspar, que provavelmente não seriam realeza, mas antes sacerdotes, conselheiros ou sábios da zona da Pérsia ou Arábia. Querendo prestar-lhe homenagem, mas não sabendo o local do nascimento do menino, os Reis Magos deparando-se com uma enorme estrela no céu, a qual decidiram seguir, acreditando que os iria guiar até ao menino. Deslocaram-se ao palácio do rei Herodes e perguntaram-no pelo nascimento do "Rei dos Judeus", o que preocupou a mente do velho governante relativamente à disputa do trono do seu reino (de acordo com a "lenda" o rei mandaria matar todos os meninos que tivessem em Belém até aos 2 anos de idade, provocando a fuga do casal para o Egipto). Os magos eventualmente encontraram o local onde estava o menino ao ver a estrela pairar sobre um estábulo, supostamente a 6 de janeiro, o dia de Reis. Os magos então ofereceram 3 presentes ao menino Jesus: ouro, incenso e mirra.
Figura 2- Adoração dos Magos (Boticelli).
A data em que estes acontecimentos ocorrem é uma assunto algo polémico. De acordo com a Bíblia, sabe-se que o nascimento de Jesus deu-se 2 anos antes da morte de Herodes, porém, a maioria dos estudiosos concorda que Herodes morreu em IV a.C. (antes da Era Cristã), o que colocaria o nascimento de Jesus Cristo em VI a.C.(!). A evidência provém do facto do reino da Judeia ter sido dividido entre os seus descendentes por essa altura, acrescido ao facto do historiador romano da época, Flávio Josefo, referir que Herodes morreu entre um eclipse lunar e a pessach, sabendo-se que houve um eclipse parcial da lua a 13 de março de IV a.C..

Sabe-se também que o tal recenseamento foi feito em VIII a.C., 4 anos antes da morte de Herodes, mas que, naquela zona do império, demorou mais 1 ano a concretizar, devido à oposição feroz do povo judeu à sua contagem, algo relatado por Flavio Josefo que foi no início do mandato de Quintilio Varo como governador de Roma para a zona, que só cumpriu 1 ano em posse. Em Belém, o recenseamento ocorrera no 8º mês, pelo que se concluiu que Jesus terá nascido no mês de agosto no ano VII a.C.. A apresentação dos bebés no templo e a purificação das mulheres teria de ocorrer até aos 21 dias após o parto. Jesus foi apresentado no templo de Zacarias, segundo os registos, no mês de Setembro de um sábado. Sabe-se que Setembro do ano VII a.C. teve 4 sábados: 4, 11, 18 e 25. Como os censos em Belém ocorreram entre 10 e 24 de Agosto, o sábado de apresentação seria o de 11. Logo Jesus teria nascido algures depois de 21 de agosto do ano VII a.C.

Os investigadores argumentam que a data do atual natal foi colocado sobre a comemoração de um festival pagão muito importante, numa tentativa de sincretismo religioso sobre um evento que datava ainda antes da época clássica. Os festivais de Inverno eram ocasiões extremamente populares em muitas culturas, muito devido ao facto de se iniciar o ciclo agrícola, com as expectativas de bom tempo na Primavera que se aproximava e comemorando-se o solstício de Inverno, a partir do qual os dias vão ficando maiores até ao próximo solstício, no Verão. O império romano designava o solstício de Dies Natalis Solis Invicti ("nascimento do sol invicto"), marcado no seu calendário à volta do 25 de dezembro. Os romanos festejavam nesta época a Saturnália, um festival romano (de 17 a 23 de dezembro) em honra do deus Saturno, ligado à agricultura, no qual se procediam grandes banquetes, troca de presentes, penduravam-se máscaras de Baco em pinheiros e subvertia-se a ordem social, em que os escravos poderiam agir como homens livres. Na Escandinávia comemorava-se o Yule no fim de dezembro ao período do início de janeiro, sendo ainda hoje assim designado o Natal.

O festejo do Natal como festa cristã só começou a ser realizada no século IV d.C. na parte ocidental do império romano, já a parte oriental só a partir do século V, através de S. João Crisóstomo, embora o festejo do nascimento de Jesus tenha persistido na data de 6 de janeiro. Os primeiros indícios da comemoração de uma festa cristã litúrgica do nascimento de Jesus em 25 de dezembro provêem do Cronógrafo de 354 (calendário ilustrado do ano 354, do calígrafo Furio Dionísio Filocalo), durante o pontificado de Libério. O papa Júlio I, no ano de 350, com o argumento de uma investigação pormenorizada, declarou o dia 25 de dezembro como a data oficial do Natal, sendo que o imperador Justiniano declarou-a como feriado em 529. Esta adaptação da Igreja pretendia minorar os festivais pagãos da época, assim como converter essas populações , sob domínio romano, à religião cristã.
Figura 3- Um presépio de Natal.
A partir dessa época o Natal tornou-se numa das maiores festas religiosas da humanidade, sendo o resultado de vários elementos de outros cultos ou tradições que se foram englobando através de um sincretismo. A árvore de Natal provém de um culto pagão às árvores, sendo enfeitadas durante os festivais de Inverno, nomeadamente na zona da Germânia. A partir da arte realizada nos templos religiosos para a representação da vida de Cristo, criou-se a tradição de fazer o presépio nas casas durante a época natalícia, porventura a partir de 1223, quando S. Francisco de Assis, para celebrar a missa de Natal, montou um presépio de palha com uma imagem do Menino Jesus, da Virgem Maria e de José, juntamente com os animais. Foi-se adotando o hábito pagão de festejo do advento da Primavera, pelo enfeito das casas, pelo festejo com abundância, seja por intermédio de grandes ceias, como pela oferta de presentes.

Surge a figura do Pai Natal, também conhecido por São Nicolau, cuja origem na festividade tem diversas versões, mas deverá provir do Sinterklaas, um culto a S. Nicolau na zona da Holanda, que se comemorava a 6 de dezembro a partir do século XIII. S. Nicolau foi bispo de Mira (Turquia) durante o século IV, sendo recordado pela sua generosidade e proteção das crianças, doando-lhes presentes. A prática de dar presentes no dia de Natal foi-se espalhando pelo resto da Europa, sendo que em alguns países foram mudando a personagem para o menino Jesus por motivos de protagonismo, passando a data de dar os presentes de 6 de dezembro para a véspera de Natal. Todavia, o Pai Natal, ressurgiria em força nos EUA, pela mão de W. Irving e o do cartoonista T. Nast, pois após a Revolução Americana, alguns dos habitantes da cidade de Nova York procuravam símbolos do passado não-inglês da cidade, e uma dela relacionou-se a tradição do Sinterklaas, ligada ao passado colonial holandês da cidade.
Figura 4- Procissão de Sinterklaas em Amesterdão.
Em Portugal a casa é decorada no início do mês de dezembro, com a árvore, o presépio, o azevinho à porta de casa (planta que era sagrada para os Celtas, persiste durante o Inverno com frutos vermelhos, simbolizando amor e esperança), entre outros elementos. A tradição manda que na ceia de 24 de Dezembro (consoada) seja comido o bacalhau cozido com couves, para além do vinho do Porto e da doçaria tradicional desta época (sonhos, filhós, coscorões, azevias, aletria, rabanadas, o bolo-rei [de origem francesa] etc.). No final da ceia, os cristãos vão à missa do galo, que se realiza à meia-noite, as crianças cantam canções de natal, trocam-se as prendas e no almoço de dia 25 o prato é geralmente o borrego ou o cabrito assado no forno. No jantar desse dia é servida a tradicional "Roupa Velha", ou seja, uma refeição preparada com os restos da consoada anterior. Em certas zonas do país queima-se o cepo de Natal, tanto nos lares como nas praças, à volta do qual se cantam canções tradicionais portuguesas de Natal. No fundo, o que é importante nesta época é passar um bom tempo com a família, quer se seja cristão ou não, haja posses para presentes e para banquetes ou não!

Receitas de Natal tradicionais

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Confissões grátis, aproveitem!!!

Nas minhas deambulações pela cidade de São Carlos, em miniférias do trabalho, acabei por parar cerca de uma hora na Catedral da cidade para falar um pouco com Deus e refletir sobre o ano que chega ao fim. Algum tempo depois de ter chegado, a minha esposa se junta a mim, naquele templo de paz, silencioso para juntos estar em comunhão divina.
Catedral de São Carlos Borromeu (São Carlos, São Paulo, Brasil)
Quase na hora de saída, mas ainda sentados, fomos abordados pelo pároco local, devidamente trajado para a eucaristia das 12:00, o qual nos abordou com a seguinte frase:
"Estamos com uma super promoção até ao dia 31 de Dezembro com confissões grátis!!!"
Ele virou costas e seguiu seu caminho. A início ficamos incrédulos olhando para a cara um do outro, até que a admiração passou a sorriso e o sorriso a riso, até que minha esposa quebrou o silêncio dizendo a Deus:
"Perdoa-lhe bom Deus porque ele não sabe o que faz!"
Olhei o telemóvel e vi marcado 27 de Dezembro!! Não, não era 1 de Abril! Falamos então um com o outro sobre o ineditismo da situação e como aquela abordagem de péssimo gosto se revestia de malícia e estava profundamente imbutida dentro dos conceitos atuais do Neoliberalismo e da Nova Ordem Mundial a qual transformou todas as coisas em produtos, em consumo, tanto bens materiais como pessoas e agora até, a paz espiritual!

Quando um Padre, um "representante" de Deus na Terra não dá nem um "Bom dia" e nos aborda de uma forma fugaz, descomprometida, calculista e fria, o que se pode esperar da restante Sociedade?

Uma pespetiva Histórica da Confissão

0 a 33: o ato de confessar nem sequer foi instituído por Jesus Cristo. No Novo Testamento, o filho de Deus cede aos 12 apóstolos o poder de perdoar os pecados (Jó 20,21-23), mas esta ação não se pode nem entender como a "Confissão" propriamente dita, mas sim num âmbito maior de amor e compaixão com o próximo, de bondade extrema e ajuda espiritual ao próximo!

Século I (1ª metade): foi São Paulo que advertiu sobre a necessidade e deu origem a este sacramento (Cor 5, 18). Recorde-se que São Paulo, um cidadão romano, nem sequer era um dos 12 apóstolos originais, escolhidos por Cristo.

Século XVI (meados): o Concílio de Trento reorganiza a Igreja Católica emitindo numerosos decretos disciplinares e especifica claramente as doutrinas católicas. Entre as quais, define que a Confissão é uma ação obrigatória para toda a população e sublinha a obrigatoriedade de registo escrito da mesma. São elaborados desde então os róis de confessados que consistiam numa listagem imensa com o nome de cada pessoa e data da última confissão. Aquele que não se confessasse regularmente ficava sujeito às penas impostas pelo Tribunal do Santo Ofício.

Século XIX:  a Confissão passa a ser voluntária.

2012: em São Carlos (Brasil) consta-se que a confissão passa a ser um sacramento pago. O ato de falar perante Deus sobre os pecados terrenos e pedir o Seu perdão, passa a estar somente ao alcance de pessoas que possam estar dispostas a pagar financeiramente por tal ação, portanto, indigentes e pessoas no limiar da pobreza ficam automaticamente excluídas do perdão divino - considerando que esta prática está em vigor por toda a Igreja Católica e não nasceu da cabeça do padre local.


Para mais informações:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Confiss%C3%A3o_%28sacramento%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlio_de_trento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inquisi%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_de_Tarso

domingo, 23 de dezembro de 2012

Henrique Raposo, o cronista do funcionário público

Acho interessante as supostas crónicas moralistas que vão buscar um caso específico, sem qualquer informação de fundo, com o propósito de denegrir uma "classe profissional", ou seja, os funcionários públicos. Além de serem demasiado insípidas, pois falam de um caso pessoal específico, e demagógicas, pois não tem qualquer informação sobre o contexto em redor do caso, penso que não acrescentam nada ao debate social e por isso não dignificam um jornal com o prestígio do Expresso.

Falo da crónica de Henrique Raposo sobre uma funcionária do Hospital de S. João que trabalhou 101 dias nos últimos 7 anos, esse tema tão relevante e tão profundo para a nossa sociedade (ironic mode on). Com falta de um assunto interessante para escrever, e tendo uma agenda política contra uma "classe profissional", toca de escrever sobre um fait-diver, ainda por cima sobre um caso de que sabe muito pouco, pois quem sabe se a senhora não estará gravemente enferma ou incapacitada! Mas é assim o jovem Henrique Raposo (nascido em 1979), um licenciado em História, mestre em Ciência Política e investigador no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova.

Admito que também sei escrever "coisinhas" como aquelas, e também tenho uma agenda contra "cunhas" na Administração Pública. Ora vejamos: "Conheço a história de um rapaz que tirou um curso em "História de Arte", um curso com poucas perspectivas de emprego,  sabendo disso, o rapaz sabia que a forma de conseguir um bom emprego seria na Administração Pública, e onde melhor do que na Universidade onde estuda? Ora bem, o rapaz para além de se esforçar para tirar boas notas, tentava passar o máximo de "graxa" possível aos seus professores, até que um dia houve um que "mordeu o isco", e partir daí passou a comparecer a todas as suas palestras e apresentações, tornou-se o seu assistente pessoal, com a necessidade diária de "alimentar o ego" de um professor universitário (convenhamos que é preciso muito alimento). A partir daí começou a trabalhar em projetos do dito professor, tirou pós-graduações e mestrados na mesma universidade, pois tem de estar perto do "pote de ouro", até que um dia, apesar da sua juventude, consegue um trabalho como um investigador de um instituto qualquer da universidade providenciado pelo seu mentor, ou seja, um valente "tacho" em algo que absorve demasiados recursos das universidades, para um dia mais tarde saltar para uma carreira docente, começando pelas pós-graduações e mestrados".

A partir desta minha crónica poderão fazer-se muitas extrapolações de caso para os "funcionários públicos" que trabalham como investigadores nas muitas universidades deste país... e que ganham muito bem! Mas isso seria demagógico, portanto, peço ao leitor que não generalize este caso a todos os investigadores de institutos de universidade que acabo de relatar (Sarcasm mode on).

sábado, 22 de dezembro de 2012

Portugalidades (5): queijo da serra

O Queijo da Serra da Estrela é provavelmente o queijo mais afamado de Portugal, tendo sido nomeado como uma das 7 maravilhas da gastronomia nacional em 2011Apesar de Celorico da Beira ser considerada como a "capital do queijo da serra", a área geográfica da produção deste queijo abrange outros concelhos serranos, como Carregal do SalFornos de AlgodresGouveiaMangualdeManteigasNelasOliveira do HospitalPenalva do Castelo e Seia, bem como algumas freguesias dos concelhos de Aguiar da BeiraArganilCovilhãGuardaTábuaTondelaTrancoso e Viseu.
Figura 1- Queijo da serra
É um queijo curado de fabrico artesanal com um aroma e paladar inconfundíveis, suave e ligeiramente acidulado, feito a partir de leite de ovelha bordaleira da serra da Estrela ou Churra Mondegueira, devendo ser realizado a partir da mesma ordenha para que atinja a qualidade desejada. Tem uma pasta semi-mole, amanteigada, branca ou ligeiramente amarelada, uniforme, apresentando crosta maleável, bem formada, lisa e fina, de cor amarelo-palha uniforme.
Figura 2- Pastoreio do gado na Serra da Estrela
Ainda hoje, o queijo da serra fabrica-se de acordo com uma tradição e técnicas ancestrais. Durante o Inverno os homens levam as ovelhas de manhãzinha a pastar, escolhendo cuidadosamente o pasto tendo em conta as ervas existentes (não são alimentadas a ração), regressando ao fim da tarde para as ordenhar. Posteriormente, as mulheres preparam o leite, que é coalhado com sal e a flor do cardo da região (Cynara cadunculus), sendo a coalha posta no cincho, pressionada manualmente até esgotar todo o soro e maturada, feita de forma lenta, tendo um tempo de cura nunca menos de 30 dias (podendo ir até aos 120 dias), repousando em câmaras com controlo de humidade e temperatura num material de acondicionamento inócuo e inerte em relação ao conteúdo. Apresenta-se com a forma de cilindro baixo, abaulado lateralmente e na face superior, portanto sem bordos definidos.

Consta, que o queijo já era produzido e conhecido durante a Antiguidade Clássica, sendo mencionado, assim como as ovelhas bordaleiras, por Lúcio Júnio Moderato, "Columela", um oficial do exército romano e agrónomo nascido na Bética entre os anos 60 e 70 d.C. que escreveu "De re rustica" (Os trabalhos do campo), dividido em 12 volumes, trata de trabalhos agrícolas, desde a prática da agricultura, pecuária e apicultura, até ao tratamento de animais, passando pela elaboração de distintos produtos e conservas. Essa obra engloba citações de autores mais antigos, como  Catão, o Velho, Marco Terêncio Varrão e outros autores latinos, gregos e cartagineses.  Na Idade Média, o rei D. Dinis (1261-1325) cria, em 1287, o primeiro mercado de queijo em Celorico da Beira, que ainda hoje se realiza à 3.ª feira, de Dezembro a Maio. O dramaturgo Gil Vicente (c.1465-c.1536) faz-lhe menção na sua obra "Tragicomédia Pastoril da Serra da Estrela" (1527), referindo-se a um presente enviado pela vila de Seia à rainha D. Catarina, esposa de D. João III, em celebração do nascimento de seu filho: "(...) mandaara a vila de Sea quinhentos queyjos recentes todos feytos aa candea". Porém, os primeiros grandes trabalhos de investigação sobre o queijo da Serra da Estrela só começaram nos finais do Século XIX com Ferreira Lapa e Wenceslau da Silva.
Figura 3- Vale Glaciar da Serra da Estrela (Manteigas).
Actualmente, a sua produção obedece a normas rígidas de modo a manter e a proteger a denominação de origem, que inclui as condições de produção de leite, higiene da ordenha e conservação do leite e fabrico do produto. A rotulagem deve cumprir os requisitos da legislação em vigor, mencionando também a Denominação de Origem, e ostentando a marca de certificação aposta pela respectiva entidade certificadora. É produzido com leite de ovelha, principalmente entre os meses de Novembro e Março, e consoante a sua maturação torna-se amanteigado (de entorna) ou mais denso, distinguindo-se então os seguintes produtos:
  1. Queijo Serra da Estrela:
    • Características - queijo curado, de pasta semi-mole com teor de humidade de 61% a 69%, referido ao queijo isento de matéria gorda e com um teor de matéria gorda de 45% a menos de 60%, referido ao resíduo seco;
    • Forma - cilindro baixo, regular, com abaulamento lateral e um pouco na face superior, sem bordos definidos, com diâmetro entre 9 cm e 20 cm e altura entre 4 cm e 6 cm;
    • Crosta - tem uma consistência maleável, permitindo alguma flutuação, um aspeto inteiro, bem formado, liso e fino, e uma cor amarelo palha claro, uniforme;
    • Pasta - a textura é fechada, medianamente amanteigada, deformável ao corte, bem ligada, provocando à percussão um som maciço ou ligeiramente timpânico, tem um aspeto untuoso, com alguns olhos e uma cor branca ou ligeiramente amarelada;
    • Aroma e sabor - bouquet suave, limpo, ligeiramente acidulado;
    • Peso - entre 0,5 Kg e 1,7 Kg;
    • Maturação - ambiente de temperatura entre 6º C a 14º C e humidade relativa de 85% a 95% durante um tempo mínimo de 30 dias.
  2. Queijo Serra da Estrela Velho:
    • Características - queijo curado, de pasta semi-dura a extra-dura, com teor de humidade de 49% a 56% referido ao queijo isento de matéria gorda e com um teor de matéria gorda superior a 60 %, referido ao resíduo seco;
    • Forma - cilindro baixo, regular, com abaulamento lateral não pronunciado ou inexistente, ausência de arestas, com diâmetro entre 11 cm e 20 cm e altura - entre 3 cm e 6 cm;
    • Crosta - tem uma consistência relativamente maleável a dura, um aspeto regular, medianamente lisa a rugosa, bem formada e relativamente uniforme, e uma cor amarelo-torrada ténue a castanho-alaranjada (cor conferida pela mistura de azeite e colorau utilizada facultativamente no revestimento da crosta);
    • Pasta - textura fechada, massa ligeiramente quebradiça e seca, aparência untuosa, fechada ou com alguns olhos, uma coloração amarelada a alaranjada/acastanhada, com coloração a desenvolver-se da periferia para o centro;
    • Aroma e sabor - bouquet agradável e persistente, limpo, forte a ligeiramente forte e levemente picante/salgado;
    • Peso - entre 0,7 e 1,2 Kg;
    • Maturação - ambiente, nos primeiros 60 dias, com uma temperatura de 6ºC a 14ºC e humidade relativa de 85% a 95%, durante o restante tempo de maturação com uma temperatura inferior a 15º C e uma humidade relativa máxima de 85%, tudo num tempo mínimo de 120 dias.
Figura 4- Região de Produção do Queijo da Serra da Estrela.
O queijo da serra é um dos melhores produtos nacionais, que merece um maior reconhecimento externo e interno. Com ele deve ser acompanhado um bom vinho, principalmente da região do Dão, e um bom pão, como o pão de centeio do Sabugeiro, devendo-se cortar em fatias à pastor, embora haja quem o abra por cima e o retire às colheradas para barrar. 


BIBLIOGRAFIA

Direção-Regional da Agricultura e Pecuária da Região Centro.

"Queijo da Serra da Estrela: denominação de origem protegida". 2009.

Região de Turismo da Serra da Estrela.

Wikipedia.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Passos Coelho, reformas e descontos

Houve alguma polémica acerca das afirmações de Passos Coelho em que os queixumes de muitos reformados não têm razão de ser, pois muitos deles não descontaram para o real valor das pensões que recebem. Acho que tem muita razão naquilo que diz, houve muita gente a fazer-se beneficiar do sistema, sem se preocupar com que viria a seguir, pondo em causa a equidade intergeracional, pois aqueles que agora pagam para sustentar as reformas dos atuais aposentados não têm qualquer garantia de receber reforma no futuro, ou, pelo menos, de receber o valor para o qual descontaram. 

A diferença está em saber se Passos Coelho coloca no "bolo" os reformados que ganham uma pensão baixa, pois muitos deles nunca descontaram ou se o fizeram, não em valores suficientes para receber o que recebem, mesmo que tão pouco. Um governante tem de ter uma visão macro da situação da Segurança Social do país para poder atuar com eficácia no sentido de assegurar a sustentabilidade financeira da mesma, e o grosso da despesa da Segurança Social, em termos de pensões, está nos escalões mais baixos. Mas o bom governante tem de fazer a distinção óbvia entre as pensões normais e as "pensões sociais", que servem sobretudo para evitar que as pessoas caiam na miséria, o que nenhum cidadão deseja para o seu semelhante. Acontece que o Estado tem de assegurar que todos contribuem, para que todos possam receber em justa medida, o que não tem acontecido e nem se tem combatido com afinco para se evitar estas situações.
Figura 1- O reformado Cavaco Silva explica que mal se consegue manter com o orçamento mensal que dispõe.

As reformas "douradas" são para combater, não só as futuras, como as passadas, pois os direitos adquiridos não podem ser válidos para alguns casos, enquanto que em outros os contratos são rasgados sem contemplações. É injusto que certas profissões ou cargos (políticos ou públicos) tenham certas regalias de pensão que não se relacionam diretamente com os descontos que de facto fazem! É injusto que no passado se acumulasse diferentes reformas de elevado valor e salários de trabalhador no ativo! É injusto que se ganhe reformas calculadas pelos últimos 2/3 anos de desconto, especialmente porque as pessoas foram colocados nessa posição para poderem beneficiar do sistema! Por essas injustiças é que o 1º Ministro deve passar das palavras aos atos e penalizar realmente quem “recebeu mais do que descontou”, pois como diz: "(...) as suas reformas são pagas por quem está hoje a trabalhar e que, quando chegar a sua vez de ser pensionista, terá reformas mais baixas do que os níveis de hoje". 

Alguns órgãos de comunicação social, como o CM, pegaram nisto e fizeram uma notícia algo incompleta (provavelmente de propósito, pois bater nos Funcionários Públicos tem sido popular) sobre o facto dos funcionários Públicos da Caixa Geral de Aposentações receberem prestações superiores aos restantes. Isso não deixa de ser verdade, mas é preciso entender porquê:

  1. Estão incluídos no "bolo" profissões altamente remuneradas, como médicos, juízes e diplomatas;
  2. Os funcionários públicos não têm hipótese de fugir aos descontos, pois o Estado paga, controla e desconta do seu salário;
  3. A Caixa Geral de Aposentações é uma instituição que existe desde 1929, em que os funcionários públicos faziam descontos para a sua aposentação desde essa altura, sendo que o sistema geral, para todos, só surge com a Constituição de 1976, ora é natural que anteriormente um trabalhador no privado não tivesse um "PPR", não havendo poupança prévia para o efeito;
  4. A Caixa Geral de Aposentações inclui as reformas de outros elementos que exerceram cargos públicos que não os ditos funcionários públicos, caso dos políticos, cujas reformas não são baixas, bem pelo contrário, ganhas durante um curto período de descontos.
Alguns comentadores, como Marcelo Rebelo de Sousa, mencionaram que Passos Coelho  fez uma maldade ao nosso Presidente da República, por criticar aqueles que têm pensões mais altas e que não correspondem ao que descontaram. O caso de Aníbal Cavaco Silva é um caso flagrante, que só com o governo anterior é que foi impedido de acumular reformas "milionárias" que dispunha, mais o salário de presidente, mas existem muitos outros "peixes no mar", como o jovem Macário Correia.