sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ilhas da controvérsia

No Extremo Oriente vivem dias de alguma tensão e de aparato diplomático, tudo por causa de umas pequenas ilhas no mar da China. As ilhas Senkaku (em Japonês) ou Diaoyu (em chinês) são disputadas pelo Japão, China e Taiwan, sendo um arquipélago constituído por 5 ilhas desertas de origem vulcânica: (1) Uotsuri-jima; (2) Kuba-jima; (3) Taisho-jima; (4) Kita Kojima; (5) Minami Kojima.
Figura 1- Mapa do Extremo Oriente e mar da China.
As ilhas estão localizadas ao NE de Taiwan, a W de Okinawa (Japão). Durante 2012 foi anunciada a intenção do Japão em nacionalizar as ilhas, que já estavam sob o seu controlo jurisdicional, iniciando negociações com os seus proprietários, a família Kurihara, por um valor a rondar os 21 milhões de euros. Os protestos na China não se demoraram a sentir, passando por protestos, ataques a unidades fabris japonesas e boicote a produtos nipónicos, criando um grave imbróglio diplomático que está a afetar as economias das 2 potências asiáticas. O governo japonês apelou aos seus cidadãos, residentes na China, que evitem sair à rua, e grandes empresas nipónicas como a Panasonic, Nissan, Honda, Mazda e Canon anunciaram a interrupção da produção das unidades fabris aí situadas.

Entretanto, o governo chinês enviou uma armada de 6 navios que durante algumas horas invadiram a zona marítima do arquipélago, que está sob jurisdição japonesa há mais de 40 anos. Uma frota de cerca de mil barcos de pesca chineses também se dirigiram ao arquipélago para reivindicar a posse territorial da ilha para a China. Esta disputa sobre pequenas ilhas desabitadas acontece porque as águas circundantes das ilhas são muito ricas em recursos marinhos e... petróleo!

A referência mais antiga das ilhas provém de um documento chinês da Dinastia Ming, em que Hu Zongxian define uma linha de defesa costeira contra piratas em 1556, onde inclui as ilhas Senkaku, indicando-as como a linha de fronteira entre o mar da China e o mar de Ryukyu (província de Okinawa). Em 1785, Shihei Hayashi elabora um registo cartográfico em que insere as ilhas no território chinês, sendo este o argumento mais sólido que a China utiliza para reivindicar a posse do arquipélago. Em 1879 as ilhas foram anexadas pelo Japão, algo que se tornou oficial apenas em 1895, durante a guerra sino-japonesa, não tendo sido estabelecido um acordo oficial entre as 2 nações, pois a China não protestou a posse nipónica das ilhas.
Figura 2- Vista aérea das ilhas Senkaku.
No período entre-guerras, o Japão cede a posse das ilhas à família Koga, que explorou comercialmente as ilhas até à 2ª Grande Guerra. Em 1919, um navio chinês naufraga na região, sendo que os tripulantes são socorridos pelas autoridades japonesas de Ishigaki, que no ano seguinte recebem uma gratificação do consul chinês, que no texto de agradecimento escreve o nome das ilhas Diaoyu com endereço japonês, um argumento poderoso utilizado pelos japoneses para as suas reivindicações territoriais. Porém, com a 2ª Grande Guerra e a consequente derrota nipónica, ficou definido nos tratados que o Japão deveria devolver os territórios ocupados ilegalmente pelos seus militares, resta saber se essa missiva incluía estas ilhas, mas de acordo com o exposto anteriormente, já antes estavam em mãos nipónicas.

Em 1968, a ECAFE (Economic Commission for Asia and the Far East) revela que a região das ilhas seria rica em gás e petróleo a partir de pesquisas submarinas efetuadas, sendo a partir deste momento que surge a forte reivindicação do arquipélago pela China e Taiwan. A 9 de abril de 1971, e apesar dos protestos, os EUA declaram a devolução do arquipélago Ryukyu ao Japão, que inclui as ilhas Senkaku.

Até aos dias de hoje Pequim reivindica os direitos históricos sobre o arquipélago, enquanto Tóquio defende que as ilhas estão ao seu cuidado desde 1895, o que não deixa de ser factual e um argumento mais do que válido para a comunidade internacional reconhecer o Japão como o verdadeiro soberano do arquipélago.

Sem comentários:

Enviar um comentário