quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Alqueva, o projeto

A notícia de que o projeto do Parque Alqueva se prepara para pedir a insolvência pela ausência de financiamento da Caixa Geral de Depósitos (CGD), poderá ser visto de duas maneiras: a de sabotagem política, ou a de pressão sobre o banco público.

Na verdade, o empreendimento foi classificado, em Agosto de 2011, pelo atual Governo como Projecto de Interesse Estratégico Nacional, tendo em vista a criação de 200 postos de trabalho diretos e 300 indiretos, isto numa primeira fase de construção do projecto turístico Alqueva. A Sociedade Alentejana de Investimentos e Participações (SAIP), promotora do complexo turístico, já recebeu do Estado 7,2 milhões de euros de ajudas do Estado através do QREN, quase um quarto dos incentivos públicos totais.

Figura 1- José Roquette explica como fazer investimentos que o deixam mais rico ao transferir o risco para o Estado.
Ao que parece o pedido de insolvência resulta da falta de acordo quanto ao modelo de financiamento do projecto, havendo uma decisão “definitiva” apresentada em Julho pelo grupo CGD em que não financiaria o projecto sem a manutenção de garantia pessoal prestada pelo promotor, tendo que assumir a responsabilidade pelo projecto. Ao que parece José Roquette não quer assumir grande parte dos riscos de um projeto que idealizou e que, a resultar, lhe garante lucros avultados. Claro, que sendo um projeto de interesse estratégico para o país, o Estado, através da CGD numa 1ª instância, pode assumir uma parte dos riscos e mesmo auxiliar económicamente o projeto, algo que tem sido feito até à data, mas não pode assumir a totalidade do risco, e a CGD não pode deixar de exigir as garantias adequadas ao risco que cada operação apresenta.

A comunicação social terá sido um meio encontrado pelos promotores do projeto para pressionar o Governo a agir dentro da CGD, mas o que é certo é que a SAIP deveria ter prestado as suas garantias pessoais de capital para o projeto ser viável, mas parece que querem fazer uma nova Parceria Público-Privada (PPP). Ora, se José Roquette acredita no seu projeto, terá de correr algum risco no seu financiamento, garantindo os fundos para o o mesmo. Porém, também não dúvido que, se fosse um projeto com ligações mais sólidas aos partidos do atual governo, a "coisa se desbloqueava num instante, mesmo que a prejuízo da CGD.

1 comentário:

  1. REPENSAR a C.G.D.
    Um mui relevante aspecto que passou despercebido aos nossos respeitáveis comentadores !... Pelo vistos , todos aprovaram o PROJECTO do ALQUEVA (Reguengos de Monaraz) . Logo , é assim de presumir que este Projecto tem VIABILIDADE ECONÓMICA com evidente “rentabilidade económico-financeira” (1) . E se existem “elevados benefícios sociais” , neste trágico nosso Presente , é criminoso o abandono deste Projecto ...
    Não é hoje fácil cativar o “cauteloso” investimento estrangeiro .
    Portugal é um País com elevados riscos do ponto de vista do investimento . Aliás , foi este o grande argumento para o anterior Estado Socialista ter outorgado os contratos leoninos que assinou ...
    A presente questão remete-se então apenas à assumpção dos elevados riscos ... É assim compreensível a honesta atitude do não menos “cauteloso” e credível investidor português . Seria justo que o Estado assumisse os riscos sob a forma de SEGURO de CRÉDITO , sobretudo se houver elevados benefícios sociais .
    E PORTUGAL nunca irá longe (2) , enquanto as importantes concretizações das políticas económicas estiverem nas mãos de banqueiros de meia tigela importados à sucapa das hostes partidárias ...(3) Não existindo um Banco de Fomento , e no INTERESSE PÚBLICO ,
    o ESTADO , como accionista da C.G.D. , pode e deve interferir nas decisões da C.G.D. e evitar as caóticas a que temos vindo a assistir .
    A BEM da NAÇÃO
    (1) Note-se , a regra é uma activa oferta que gera uma passiva procura .
    (2) Na recente História da Banca , são inúmeros os casos em que as decisões da Banca não coincidem nada com o INTERESSE NACIONAL
    v.g. caso B.P.N. e outros ... Apesar de um luxuoso Banco de Portugal !...
    (3) Vejam o que aconteceu ao B.C.P. ...


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