terça-feira, 2 de outubro de 2012

CGD: a privatização

Sou contra a privatização da CGD, quer totalmente, quer parcialmente. A questão nem passa tanto pelas receitas que dá ou não ao Estado, mas pelo facto de ser um elemento fundamental na política económica estatal, especialmente numa altura em que deixamos de dispôr dos mecanismos de controlo da economia provenientes de se ter moeda própria.

A Irlanda e a Islândia vieram por aí abaixo quando os seus principais bancos, todos privados, abriram bancarrota, sem haver qualquer rede de segurança para o Estado e para os depósitos dos cidadãos, criando um efeito de contágio à restante economia,  e deixando o país refém de uma falta de financiamento. A CGD nacionalizou o BPN, uma operação errada dirão alguns neste momento, embora na altura todos se tenham calado com medo que a sua falência provocasse um efeito de contágio no restante sistema financeiro português, mas claro que hoje em dia tudo isto é olvidado por motivos políticos e, sobretudo, ideológicos!

A CGD pode desenvolver um importante papel no desenvolvimento da economia do país pelo financiamento de projetos importantes e estruturantes para a criação de emprego e desenvolvimento económico e social. Claro, que os partidos políticos no poder têm usado, por vezes, o banco como forma de recompensar os seus militantes mais fiéis, mas é o caciquismo que deve ser combatido e não a existência de um banco estatal. A CGD deve também dispor de todas as ferramentas ao seu alcance para competir no mercado, pois tornando-se mais forte e competitiva fará apenas com que se torne ainda mais útil para o Estado... desmembrando-a será um passo para a "ferir de morte"!

Uma alienação deste ativo numa altura de grande crise e desconfiança internacional sobre o país será ruínoso. O que é certo é que o BPN foi alvo de uma má privatização, cheia de precipitação e de situações mal explicadas, acabando mesmo por dar prejuízo ao Estado... visto que o dinheiro recebido pela venda não chega para colmatar as indemnizações pagas pelo despedimento de funcionários, que ficou a cargo estatal como condição de negócio com o BIC, liderado por Mira Amaral.

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