"We cannot all be masters, nor all masters cannot be truly follow’d."
Othello. ACT I Scene 1.
"I have very poor and unhappy brains for drinking"
Othello. ACT II Scene 3.
"Your name is great, In mouths of wisest censure"
Othello. ACT II Scene 3.
"Reputation, reputation, reputation! Oh, I have lost my reputation! I have lost the immortal part of myself, and what remains is bestial."
Othello. ACT II Scene 3.
É com um certo espanto que vejo como certas figuras da nossa sociedade se vão "lavando" dos seus pecados com o passar do tempo... a memória é curta e selectiva, e lamento que uma certa opinião pública ainda faça reverências à "ovelha negra" dos capitães de Abril, que lá por ter contribuído para o fim do Estado Novo, não lhe dá o direito de passar incólume pelas situações que criou no país após o 25 de Abril.
Otelo esteve associado à tentativa de golpe de Estado do 25 de Novembro, acabando por ser preso durante 3 meses, após os quais se candidatou às eleições presidenciais de 1976, quedando-se pelo 2º lugar, a longa distância de Ramalho Eanes. Em 1980 cria o partido Força de Unidade Popular, que terá um braço armado, as Forças Populares 25 de Abril (FP-25). Esta organização terrorista, da qual foi líder, realizou inúmeros assaltos e assassinou 17 pessoas, entre militares, polícias e civis (dos quais se conta um bébé de 4 meses).
Foi preso em 1984, mas em 1985 sai do cárcere após a apresentação de recurso da sentença, aguardando o julgamento em liberdade provisória. Em 1987, Otelo é condenado a 15 anos de prisão pelo crime de terrorismo, contudo é libertado em 1989 da Casa de Reclusão Militar de Tomar, após 5 anos de prisão, tal como outros 27 arguidos do processo das FP-25. Em 1996 a Assembleia da República aprova uma amnistia para os presos das FP-25, promulgada pelo presidente da República de então, Mário Soares. O processo dos crimes de sangue prescreve em 2003, em que o Ministério Público deixou expirar o prazo para recorrer da sentença para o Supremo Tribunal de Justiça.
Já durante esta semana, Otelo, despudorado como sempre, emitiu considerações sobre um possível protesto dos militares, referido que "(...) a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo", acrescentando ainda que "os militares têm um poder e uma força e não é em manifestações colectivas que devem pedir e exigir coisas" e "os militares têm a tendência para estabelecer um determinado limite à actuação da classe política".
Estas declarações vêm na sequência de multiplas outras que vem proferindo nos últimos tempos, tais como o arrependimento de ter realizado a revolução dos cravos, ou da necessidade de termos um homem como Salazar no poder. O que me irrita é que Otelo se acha com uma moralidade superior para julgar os outros, exaltando a "sua obra", o 25 de Abril, mas que foi mal conduzida por outras pessoas, lamentando e mostrando uma certa amargura por não lhe ter sido permitido instalar outro regime ditatorial e totalitário em Portugal, ao invés de uma Democracia.
Otelo ainda veio lamentar e mostrar-se chocado com as diferenças de rendimentos entre os portugueses, o que não deixa de ter razão, porém, devia olhar para dentro e retirar alguma vergonha pessoal, especialmente tendo em conta o seu passado terrorista. Em 2000, Otelo foi promovido a coronel de artilharia, mesmo na reserva, implicando o pagamento de uma indemnização de 49.800 €, referente à diferença entre os salários de tenente-coronel (cerca de 3.000 €) e de coronel (cerca de 3.500 €).
E de pensar que Cavaco Silva recusou a pensão requerida por Salgueiro Maia nos finais dos anos 80...
Esse escumalha é um grande traidor, se os tribunais não fazem justiça, então o povo a devia fazer.
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