quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Antevisão do campeonato de Futebol 2011/2012: Sporting CP (3)

No fim do campeonato da época passada muitos adeptos do futebol comentavam a possível "Belenização" (CF Belenenses) do Sporting CP, completamente incapaz de lutar pelo título e de ombrear com os seus grandes rivais, SL Benfica e FC Porto, restando-lhe um papel inglório de lutar pela 3ª posição com SC Braga e Vitória de Guimarães, caminhando a passos largos para se tornar numa equipa de 2ª linha do futebol português.

De facto, o plantel leonino tem enfraquecido paulatinamente desde a última vez em que foram campeões (há quase 10 anos). A aposta na consolidação financeira através da formação e venda de jogadores fez esquecer qual o principal objectivo de um clube de futebol... ganhar títulos. A escassez de títulos, aliada à falta de investimento no plantel trouxeram a "pescadinha de rabo na boca", pois sem vitórias não há entusiasmo da massa leonina, e sem esse entusiasmo não há dinheiro, mergulhando os leões numa grave crise desportiva e financeira. Se a situação ainda era disfarcável pelos frutos da formação proporcionada pela Academia em Alcochete, o que é certo é que essa fonte parece ter secado de alguns anos a esta parte, visível nos fracos resultados das selecções jovens portuguesas. A saída do principal símbolo do clube para o rival (Moutinho) e a venda de Liedson ao Corinthians veio agudizar ainda mais uma situação que parecia catastrófica.

Figura 1- Sporting CP na apresentação dos seus equipamentos para 2011/2012.
Porém, esta nova direção do Sporting CP cerrou fileiras e decidiu investir todas as fichas nesta época futebolística, abrindo os cordões à bolsa para a contratação de muitos futebolistas e apostando naquele que, para mim, é o melhor treinador do campeonato português, Domingos Paciência. A tranquilidade e secretismo com que o Sporting CP efectuou as suas contratações, aliados aos bons resultados no início da pré-época fizeram renascer a esperança em Alvalade, contudo, os ultimos resultados da pré-época vieram questionar, e bem, o critério seguido no mercado de transferências. Um dos problemas, que parece genético, das sucessivas direcções do Sporting CP parece ser a obsessão por médios. Em todos os mercados de transferências apostam na contratação de centrocampistas, olvidando ou colocando de parte contratações feitas anteriormente, exemplo paradigmático é o caso de Jaime Valdés, que a espaços mostrou qualidades, mas que acaba por ser trocado pelo avançado búlgaro Bojinov, isto para não falar do desaproveitamento de Simon Vukcevic, que de ídolo passou a vilão e de Matias Fernandez, que de craque passou a brinca-na-areia. Todavia. Relativamente à Defesa da equipa, os dirigentes não investem tudo o que deveriam investir em algo que se constitui há demasiado tempo como o "calcanhar de Aquiles" dos leões.

Analisando as contratações deste ano, o Sporting CP reforçou-se bastante no Meio-Campo e no Ataque, permitindo ao treinador várias variações tácticas. No centro do campo destacam-se as contratações de Rinaudo, Stijin Schaars e Luís Aguiar, bons jogadores concerteza, mas estarão ao nível dos jogadores de meio-campo dos grandes rivais? Penso que não, mas é um claro upgrade relativamente à época passada, tendo aqui várias opções para cada posição, sendo que me parece que o losango tirará o melhor partido destes jogadores com Rinaudo-Schaars-Izmailov (Capel)-Matias Fernandez. O argentino Rinaudo terá, no entanto, de apreender rapidamente as "manhas do futebol" europeu, pois aquela posição é de grande importância para uma equipa de futebol.

Ao nível do ataque os verde-e-brancos apostaram na juventude, contratando Bojinov, Van Wolfswinkel, Diego Rubio, Diego Capel, Jeffren e Andre Carrilho, que permite aos leões jogarem com vários esquemas na frente, pois os responsáveis do clube voltam a dar extremos (Capel, Jeffren e Carrilho) ao seu treinador. A saída de Liedson reforçou a necessidade de arranjar várias soluções para o centro do ataque, mas não me parece que consigam desalojar Hélder Postiga da titularidade, muito devido à juventude dos jogadores trazidos, do qual destaco Diego Rubio, que parece ter um largo futuro pela frente, ficando Van Wolfswinkel numa situação de se constituir como 4ª opção para o lugar. Jeffren e Capel, pelo investimento feito e pelo cartel que trazem de Espanha (apesar de terem sido suplentes nos clubes de origem) deverão obrigar Domingos Paciência, numa primeira fase, a jogar num esquema com 2 extremos, com Hélder Postiga no centro, suportados por um meio-campo composto por Rinaudo-André Santos-Schaars, formando um 4-3-3, porém, creio que ao longo do campeonato as mudanças tácticas irão existir, especialmente num maior preenchimento do meio-campo, que pode passar por um recuo de Capel.

A Defesa contou com os reforços: Marcelo Boeck, Alberto Rodriguez, Onyewu, Santiado Arias e Atila Turan. Até nem são poucos jogadores, mas o esforço financeiro desenvolvido não foi o suficiente para colmatar as deficiências da equipa neste quadro. O peruano Rodriguez é um bom jogador, mas na minha opinião nem sequer era o melhor central do SC Braga, contudo, será o suficiente para garantir a titularidade, até porque Anderson Polga já está a mais nos leoninos há mais de 3 anos. O americano Onyewu dará a altura de que tanto necessita o Sporting CP, mas parece um central demasiado pesado e sem grande inteligência posicional, o que pode constituir um grande problema. Desta forma, o Sporting CP corre o risco de iniciar o campeonato com dois centrais relativamente baixos, sendo que um deles, André Carriço, é um passadouro no jogo aéreo, isto para não falar do baixinho João Pereira, que ainda assim não deve ver o seu lugar ameaçado por Santiago Arias. Esta escassez de centimetros, a meu ver, impossibilitará o jovem Turan de retirar o lugar de lateral esquerdo a Evaldo.

Resta dizer que não acredito que o Sporting CP possa ombrear este ano com o FC Porto e SL Benfica pelo título de campeão nacional, mas penso que estará bem mais perto de o fazer, mantendo adversários como o SC Braga, Vitória de Guimarães e Nacional a uma boa distância. As boas notícias é que creio que o clube poderá contar, para um cenário de médio prazo, com alguns dos jovens jogadores contratados, caso continuem a evoluir dentro da qualidade até agora evidenciada e haja paciência para o Domingos.



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