As Janeiras fazem parte de uma tradição muito antiga de Portugal, ocorrendo, tal como o próprio nome indica, no mês de Janeiro, especialmente de dia 1 a dia 6, embora hoje em dia se prolongue pelo mês todo. A tradição consiste num grupo de pessoas, sejam amigos, crianças, familiares ou vizinhos, que se juntam para cantar músicas pelas ruas, com o intuito de anunciar o nascimento de Jesus Cristo e de desejar um feliz ano novo.
O grupo de pessoas junta-se, com ou sem instrumentos, e faz atuações em várias zonas habitacionais. Terminada a canção, os janeireiros esperam que os moradores lhes tragam as janeiras ou então vão de porta em porta para as pedir. As janeiras são geralmente as sobras das Festas Natalícias, mas tradicionalmente dá-se vinho, frutas, frutos secos, enchidos, doces de natal, chocolate ou dinheiro. No fim da jornada, o grupo reúne-se e divide a esmola, ou então, como tradicionalmente fazem em certas regiões, faziam uma ceia ou festa em grupo, ou revertiam a favor das almas do Purgatório. Caso os janeireiros fossem bem recebidos e recompensados pelos moradores, ser-lhes-ia cantada uma quadra de louvor à sua generosidade, com votos de felicidade e saúde, quando acontecesse o inverso, o grupo proferia canções de chacota e insulto.
As músicas utilizadas são conhecidas e particulares de cada terra, feitas em quadras simples e populares que abordam as temáticas do Natal e do ano Novo. Por vezes são canções bem antigas, domínio do Cancioneiro Popular Português, pois é uma tradição que provavelmente remonta a períodos pré-cristãos, a partir das saturnais romanas. A recolha deste espólio foi feita por vários antropólogos ao longo do século XIX e XX, dos quais se destaca José Leite de Vasconcelos.
É uma tradição que existe um pouco por todo o país, embora se vá perdendo nas zonas citadinas, persistindo nas zona rurais do Norte e da Beira, sendo de referir as tradicionais charolas algarvias, que ainda hoje são bem conhecidas. A esta festa assemelham-se outras que se praticam no estrangeiro, como os Christmas carols da cultura anglo-saxónica, que se cantam no dia de Natal, ou as kalandas que se cantam na Grécia na véspera, e ainda os villancicos que se cantam em Espanha, acompanhados de pandeiretas e castanholas, no dia de Reis (6 de janeiro).
Nos últimos tempos criou-se a tradição de um grupo de folclore cantar as janeiras no ínicio do ano ao Primeiro-Ministro e ao Presidente da República. De referir ainda que as Janeiras têm sido utilizadas para ações de caridade, em que um grupo de voluntários canta para entregar as janeiras a uma obra social.
O grupo de pessoas junta-se, com ou sem instrumentos, e faz atuações em várias zonas habitacionais. Terminada a canção, os janeireiros esperam que os moradores lhes tragam as janeiras ou então vão de porta em porta para as pedir. As janeiras são geralmente as sobras das Festas Natalícias, mas tradicionalmente dá-se vinho, frutas, frutos secos, enchidos, doces de natal, chocolate ou dinheiro. No fim da jornada, o grupo reúne-se e divide a esmola, ou então, como tradicionalmente fazem em certas regiões, faziam uma ceia ou festa em grupo, ou revertiam a favor das almas do Purgatório. Caso os janeireiros fossem bem recebidos e recompensados pelos moradores, ser-lhes-ia cantada uma quadra de louvor à sua generosidade, com votos de felicidade e saúde, quando acontecesse o inverso, o grupo proferia canções de chacota e insulto.
As músicas utilizadas são conhecidas e particulares de cada terra, feitas em quadras simples e populares que abordam as temáticas do Natal e do ano Novo. Por vezes são canções bem antigas, domínio do Cancioneiro Popular Português, pois é uma tradição que provavelmente remonta a períodos pré-cristãos, a partir das saturnais romanas. A recolha deste espólio foi feita por vários antropólogos ao longo do século XIX e XX, dos quais se destaca José Leite de Vasconcelos.
É uma tradição que existe um pouco por todo o país, embora se vá perdendo nas zonas citadinas, persistindo nas zona rurais do Norte e da Beira, sendo de referir as tradicionais charolas algarvias, que ainda hoje são bem conhecidas. A esta festa assemelham-se outras que se praticam no estrangeiro, como os Christmas carols da cultura anglo-saxónica, que se cantam no dia de Natal, ou as kalandas que se cantam na Grécia na véspera, e ainda os villancicos que se cantam em Espanha, acompanhados de pandeiretas e castanholas, no dia de Reis (6 de janeiro).
Nos últimos tempos criou-se a tradição de um grupo de folclore cantar as janeiras no ínicio do ano ao Primeiro-Ministro e ao Presidente da República. De referir ainda que as Janeiras têm sido utilizadas para ações de caridade, em que um grupo de voluntários canta para entregar as janeiras a uma obra social.
Natal dos Simples (Zeca Afonso)
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras.
Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas.
Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte.
Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra.
Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza.
Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura.
Janeira de agradecimento (Portalegre)
Esta casa é tão alta
É forrada de papelão
Aos senhores que cá moram
Deus lhe dê a salvação.
Janeira de repúdio (Portalegre)
Esta casa é tão alta
É forrada de madeira
Aos senhores que cá moram
Deus lhe dê uma caganeira.
As Janeiras
Boas noites, meus senhores,
Boas noites vimos dar,
Vimos pedir as Janeiras,
Se no-las quiserem dar.
Ano Novo, Ano Novo
Ano Novo, melhor ano,
Vimos cantar as Janeiras,
Como é de lei cada ano.
Vinde-nos dar as Janeiras,
Se no-las houverdes de dar,
Somos romeiros de longe,
Não podemos cá voltar.
Janeiras (Fornos de Algodres)
Aqui vimos, aqui vimos
Aqui vimos bem sabeis
Vimos dar as boas festas
E também cantar os Reis.
Nós somos as criancinhas
Que pedimos a cantar
Pedimos as Janeirinhas
E bênção p'ra este lar.
Levante-se daí senhora
Desse banco de cortiça
Venha nos dar as Janeiras
Ou morcela ou chouriça.
Levante-se daí senhora
Desse banquinho de prata
Venha nos dar as Janeiras
Que está um frio que mata.
As Janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis
Olhai lá por vossa casa
Se há coisa que nos deis.
Boas festas, boas festas
Está a alba a arruçar
Venha-nos dar as Janeiras
Que temos muito para andar.
Obrigado minha senhora
Pela sua Janeirinha
P' ro ano cá estaremos
Nós e mais as criancinhas.
Quem diremos nós que viva
Na folhinha da giesta
Já lhe cantámos as Janeiras
Acabou a nossa festa.
Boas festas, boas festas
Nós aqui as vimos dar
Às senhoras desta casa
Se as quiserem aceitar.
Janeiras (Moita)
Somos os jovens da Moita
É Natal e agora Reis
Vimos pedir as Janeiras
E as esmolas sim, vós dareis.
O dia está alegre
Não vamos ficar cá fora
Venham-nos dar as Janeiras
Depressa e sem demora.
Ó minha rica senhora
Não tenha vergonha não
Ponha a mão na salgadeira
Puxe lá um chourição.
Ficámos agradecidos
Pela oferta recebida
Que tenham muita saúde
E muitos anos de vida.
Esta noite é de Janeiras
Esta noite é de Janeiras
É de grande merecimento
Por ser a noite primeira
Em que Deus passou tormentos.
A silva que nasce à porta
Vai beber à cantareira
Levante-se daí, senhora
Venha-nos dar a Janeira.
Levante-se daí, senhora
Do seu tão caro banquinho
Venha-nos dar a Janeira
Em louvor do Deus Menino.
Vinde-nos dar a Janeira
Se no-la houver de dar
Nós somos de muito longe
Não podemos cá voltar.
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