De acordo com o Diário Económico, João Cravinho, ex-ministro do Equipamento Social do Governo liderado por António Guterres, admitiu numa Comissão Parlamentar de Inquérito terem ocorrido erros graves na concessão ferroviária da ponte 25 de Abril à Fertagus, do Grupo Barraqueiro. Os principais erros apontados foram:
1- Verificou-se uma quebra de tráfego muito acentuada relativamente aos estudos de tráfego apresentados;
2- Houve uma sobreestimação da transferência intermodal de passageiros do modo rodoviário para o ferroviário.
Relativamente ao primeiro ponto, acho incrível gastarem-se recursos públicos numa consultora privada, a FBO, para elaborarem estudos que poderiam e deveriam ser feitos pela Administração Pública ou por Empresas Públicas que lidam diretamente com estas questões, como a Estradas de Portugal SA, ou a Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa ou o Instituto de Mobilidade e dos Transportes Terrestres. Seriam estudos bem mais económicos, transparentes e experimentados, sendo apenas necessário capacitar essas entidades. O que é certo é que a consultora privada não vai retirar consequências dos erros que produziu e, como é óbvio, os estudos de tráfego apresentados pelos concorrentes à concessão, "(...) com base num sistema de partilha de risco e de bandas de tráfego, também não se vieram a concretizar".
Figura 1- A ponte é uma passagem... para a ladroagem! |
A partir deste erro, e como a Fertagus não assume quaisquer riscos no negócio de concessão, o Estado terá pago 102 milhões de euros em indemnizações compensatórias pelo facto do tráfego de passageiros não ser tão forte como se esperava.
O ponto 2 acaba por ser consequência do preço que a Fertagus impõe aos potenciais clientes para a travessia na ponte, quantias exorbitantes para recuperar o investimento na obra, típico de um monopólio natural do Estado. Os passageiros rodoviários ao verificarem as tarifas praticadas, não se sentem motivados a dispensar o bem-estar de levar o seu carro até ao trabalho, pois o preço cobrado pelo comboio não chega a ser competitivo com os gastos inerentes em levar o veículo para Lisboa e com o conforto que isso lhes trás.
O que o Estado, na sua majestade, pode fazer, é contestar estes contratos para acabar com os seus encargos nestes negócios ruinosos, que são altamente prejudiciais ao bem-comum da grande maioria da população. Também devemos retirar do Estado Central a gestão destes negócios de transportes regionais coletivos e colocá-los ao serviço de uma administração pública regional, pois não é justo que um bragantino tenha que ajudar a pagar uma indemnização a uma empresa pelo facto do pessoal da margem sul do Tejo não afluir, conforme se esperava, a um meio de transporte feito para servir a região de Lisboa e Vale do Tejo.
É uma verdadeira "obscenidade" o que a Fertagus faz, com o valor de bilhetes, passes e afins a preços verdadeiramente exorbitantes, sobretudo a partir da estação do Pragal para a frente.
ResponderEliminarSe mais do que 1 pessoa por agregrado familiar se deslocar todos os dias para Lisboa, posso sem duvida afirmar que o carro fica mais barato (contabilizando portagens, gasóleo, desgaste inerente do veiculo).
Não consigo é perceber como as Câmaras (Almada, Seixal, Setúbal, e até mesmo Lisboa) permitem algo assim e não pressionam Governo para junto do grupo Barraqueiro por ordem neste "negócio". O Sr. António Costa que se preocupa tanto com a poluição em Lisboa, pense nos milhares de carros que entram em Lisboa, vindos da margem Sul, porque a alternativa por transporte público é ridicula.
Não vou entrar aqui em considerações sobre os comboios em si, porque então aí ainda mais ridiculo era ter em conta estes transporte da Fertagus como alternativa. Se não forem chineses (não é depreciativo, mas estão associados a estaturas baixas), tentem sentarem-se nestes magnificos comboios com uma pessoa à frente.