Mesmo com uma oposição partidária fraca... mesmo com a compreensão dos parceiros sociais... mesmo com um contexto favorável em termos europeus e internacionais na luta contra a crise económica, o governo consegue "por os pés pelas mãos" e terminar com a réstia de confiança que os portugueses ainda lhe depositavam!
Figura 1- Portas e Coelho por um sorriso amarelo. |
O rastilho de pólvora iniciou-se quando se percebeu que não iriamos cumprir as metas do défice. Os sacrificios dos portugueses foram feitos pelo aumento de impostos, na perspetiva de cumprir as metas que a troika e a coligação estabeleceram para o país, porém, a queda de receita dali proveniente criou um problema, mas conseguimos a compreensão da troika pela renegociação dos termos de convergência. Pelo menos conseguiu-se eliminar o défice da nossa balança comercial, pelo corte do consumo e pelo incremento da poupança, um dos objetivos estratégicos do memorando.
O caso da licenciatura de Miguel Relvas e a impunidade que se seguiu em termos políticos, afetou em demasia a imagem do Governo, eliminando aquela esperança de que estas personagens seriam, de alguma forma, diferentes das outras que passaram pelo poder nos últimos 20 anos. O modelo que Relvas e Borges forjaram para a RTP e a forma como o comunicaram ao país também deixaram muitas dúvidas e suspeições relativamente á motivação que está por detrás deste negócio.
A decisão do Tribunal Constitucional, que dá razão aos Funcionários Públicos, considerando inconstitucional a retirada dos 2 subsídios pela violação do princípio da igualdade, é outro rombo para a credibilidade do governo, que anuncia, desde logo, a intenção de encontrar uma solução alternativa para o corte da despesa, esperando-se desta vez que os sacrifícios sejam equilibrados entre as várias partes da sociedade portuguesa.
Por fim, a gota de água vem com esta medida da TSU. Paulo Portas prevendo a bomba, e não concordando com a medida, escapa para o Brasil e tenta manter-se incólume ao burburinho... porém, Pedro Passos Coelho, incomodado com o facto de só o PSD "dar a cara" por esta medida, coloca Paulo Portas e o CDS-PP na linha de fogo durante a entrevista à RTP... o que não caiu bem no parceiro de coligação, que de imediato preparou uma contra-resposta. A resposta veio através das declarações de Nuno Melo, mas especialmente com a comunicação de Paulo Portas. Na comunicação, Portas revela que afinal sabia da medida, mas que discordava da mesma, indo ainda mais longe no retorque, ao apelar à estabilidade governativa e social, ou seja, ao mesmo tempo que tenta manter um sentido de Estado, desmarca-se da decisão do seu parceiro de governo e apela à necessidade de diálogo e de negociação por via da concertação social, isolando Passos Coelho e o seu partido.
O PSD já anunciou uma resposta em breve a este comunicado, mas sinceramente, não vejo como se podem retirar desta posição delicada em que se colocaram, correndo inclusivamente o risco de meterem a coligação em xeque. O partido ficará conotado com a ruptura e a subsequente crise política gerada, isto numa altura de grande fragilidade económica do país, que é certamente mais importante que estas querelas partidárias, provando que não há maturidade, nem capacidade deste 1º Ministro, e sua entourage, para liderar Portugal no seu caminho de recuperação económica.
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