A truta (Salmo trutta) faz parte da espécie da família salmão (Salmonidae), que são, na sua maioria peixes de água doce, à excepção dos migradores, cuja desova e primeiras fases de desenvolvimento são feitas nos rios, ocorrendo o crescimento na água salgada. As trutas possuem uma elevada diversidade genética, muito devido ao isolamento de que foram alvo as várias populações durante a intercalação de períodos glaciares e interglaciares, aliada a uma grande amplitude de distribuição, desde a Europa, até à Ásia, passando também pelo Norte de Africa (Cordilheira do Atlas).
O habitat das trutas é geralmente composto de águas de cristalinas, frescas e bem oxigenadas. Deste modo, no Norte da Europa as populações têm uma elevada densidade e encontram-se uniformemente distribuídas, enquanto que a Sul, devido ao aumento da temperatura, encontram-se fragmentadas, restringindo-se geralmente às regiões montanhosas.
Figura 1 - Mapa da distribuição da truta (PEREIRA, 2001). |
A truta tem como característica o corpo em formato fusiforme, alongado e comprimido. A coloração do dorso varia do castanho para esverdeado, os flancos são acinzentados e o ventre esbranquiçado, apresentando pintas escuras espalhadas pelo corpo e barbatanas. A pele é coberta por centenas de pequenas escamas ciclóides firmemente aderidas. É uma espécie carnívora, consumindo grande variedade de organismos, como pequenos crustáceos, moluscos, insectos e suas larvas, e pequenos peixes, sendo que a cor da sua carne é resultado direto do seu tipo de alimentação.
As trutas desovam uma vez por ano, na estação de temperaturas mais baixas. A truta-de-rio torna-se sexualmente madura em água doce, sem migrar para o mar, já a truta marisca possui um ciclo de vida dividido entre condições dulciaquícolas e marinhas. Depois da desova em água doce, os juvenis permanecem no rio por períodos de 1 a 4 anos, sendo que no final desse período registam-se alterações dos processos fisiológicos e a coloração castanho esverdeada sofre uma gradação para o tom prateado. Segue-se uma migração para o mar, onde as condições aí existentes possibilitam um crescimento superior. Experiências com indivíduos marcados demonstraram que as migrações se podem estender por distâncias até aos 50 km da foz do rio natal, porém, um forte comportamento reprodutivo inato assegura que a maioria dos indivíduos migradores regressem ao seu rio natal para se reproduzirem.
As trutas desovam uma vez por ano, na estação de temperaturas mais baixas. A truta-de-rio torna-se sexualmente madura em água doce, sem migrar para o mar, já a truta marisca possui um ciclo de vida dividido entre condições dulciaquícolas e marinhas. Depois da desova em água doce, os juvenis permanecem no rio por períodos de 1 a 4 anos, sendo que no final desse período registam-se alterações dos processos fisiológicos e a coloração castanho esverdeada sofre uma gradação para o tom prateado. Segue-se uma migração para o mar, onde as condições aí existentes possibilitam um crescimento superior. Experiências com indivíduos marcados demonstraram que as migrações se podem estender por distâncias até aos 50 km da foz do rio natal, porém, um forte comportamento reprodutivo inato assegura que a maioria dos indivíduos migradores regressem ao seu rio natal para se reproduzirem.
As duas espécies de trutas mais importantes em Portugal são a truta salmonada ou pintona (Salmo trutta fario) e a truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss). A truta salmonada é autótone, com uma coloração e tamanho variado, dependendo da estação do ano, idade, e habitat, sendo geralmente verde-escuro no dorso e prateada no ventre e flancos, ponteada com pequenas manchas pretas e cor-de-laranja, podendo atingir 20 a 22 cm com peso máximo de 200 g, até a um máximo de 1m com peso superior a 10 Kg. Prefere águas bem oxigenadas onde a temperatura não ultrapassa os 20 ºC, desovando entre Setembro e Outubro em zonas de fundos pedregosos nas partes altas dos rios. A eclosão dos ovos dá-se cerca 150 dias depois, vivendo 1 ano no local antes de descer para um lago ou para a foz do rio, como é o caso da truta marinha migratória. Estas trutas são trutas mariscas, que depois de atingiram a maturidade descem os rios (quando tal é possível) passando algum tempo no mar, regressando posteriormente para procriar, com um aspecto morfológico e de coloração, sendo frequentemente confundidas com salmões.
A truta arco-íris é originária do continente norte-americano, distinguindo-se pela sua coloração verde-azeitona com reflexos irisados no dorso e com pequenas manchas pretas em todo o corpo incluindo as barbatanas. Nos flancos apresenta uma lista rosada desde a cabeça à cauda. Desova uma vez por ano entre Outubro e Março em zonas de água corrente, verificando-se a eclosão dos ovos. Pela sua capacidade de adaptação, tornou-se a espécie preferida dos truticultores, que a produzem na Europa de forma intensiva, até porque apresentam um crescimento rápido e reprodução em cativeiro, capacidade de suportar altas densidades de cultivo e pela boa aceitação do alimento artificial. Essa facilidade em se reproduzir fez com que esta espécie fosse utilizada para repovoamentos de ribeiros de trutas salmonadas com populações escassas, causando dificuldades de sobrevivências às espécies autótones, pela competição pelo alimento e predação sobre a descendência das salmonadas. Na cultura intensiva pode ser feita a indução da desova até 3 vezes por ano, existindo em Portugal várias explorações.
A truta arco-íris é originária do continente norte-americano, distinguindo-se pela sua coloração verde-azeitona com reflexos irisados no dorso e com pequenas manchas pretas em todo o corpo incluindo as barbatanas. Nos flancos apresenta uma lista rosada desde a cabeça à cauda. Desova uma vez por ano entre Outubro e Março em zonas de água corrente, verificando-se a eclosão dos ovos. Pela sua capacidade de adaptação, tornou-se a espécie preferida dos truticultores, que a produzem na Europa de forma intensiva, até porque apresentam um crescimento rápido e reprodução em cativeiro, capacidade de suportar altas densidades de cultivo e pela boa aceitação do alimento artificial. Essa facilidade em se reproduzir fez com que esta espécie fosse utilizada para repovoamentos de ribeiros de trutas salmonadas com populações escassas, causando dificuldades de sobrevivências às espécies autótones, pela competição pelo alimento e predação sobre a descendência das salmonadas. Na cultura intensiva pode ser feita a indução da desova até 3 vezes por ano, existindo em Portugal várias explorações.
Uma grande parte da variabilidade intraespecífica da truta foi irremediavelmente perdida devido à ação do Homem e, atualmente, muita da restante variabilidade encontra-se ameaçada. A degradação ambiental, a sobrepesca e os repovoamentos estão entre as causas mais graves que comprometem a viabilidade de muitas populações de truta.
Bibliografia:
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1561916
PEREIRA, Agostinho Antunes - História evolutiva da truta (...). Porto: Universidade do Porto, 2001.
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1561916
Em 2040, a truta terá perdido metade do seu habitat na Península Ibérica; em 2100 terá praticamente desaparecido, segundo um estudo de investigadores espanhóis publicado na revista Global Change Biology.
A poluição, as alterações climáticas, a extracção de água para rega e a sobre-pesca são as causas apontadas pela equipa de Ana Almodóvar, da Universidade Complutense de Madrid para a provável extinção das populações de truta-marisca (Salmo trutta), na Península Ibérica, antes de 2100.
Os investigadores analisaram o registo de temperaturas de Navarra entre 1975 e 2007 e, mediante um modelo matemático, calcularam a temperatura da água dos rios da região. Além disso, a equipa monitorizou a população de trutas em 12 rios da bacia do rio Ebro e observou que o aumento das temperaturas detectado estava associado a uma diminuição das populações deste peixe.
“No melhor dos cenários – o que considera alterações climáticas mais ligeiras –, a situação da truta é desastrosa”, afirma a investigadora ao serviço espanhol de notícias de ciência SINC (Scientific Information and News Service). Os resultados do estudo são aplicáveis a outras regiões ibéricas e mediterrâneas. “A região do Mediterrâneo é uma zona muito vulnerável às variações climáticas e à diminuição da disponibilidade de água”, acrescenta Ana Almodóvar. “Até agora intuía-se que, devido às alterações climáticas, as populações de truta dos países do Sul da Europa seriam mais afectadas do que as do Norte. Mas faltava um estudo concreto”, diz a investigadora.
A truta Salmo trutta está classificada como espécie Criticamente em Perigo pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Apenas as populações dos rios Minho e Lima apresentam a forma migradora (e não a forma sedentária), ou seja, aquelas cujos peixes eclodem em água doce e, passados um a dois anos, migram para o mar onde crescem até à maturação sexual. Só depois regressam aos locais de nascimento para se reproduzirem, normalmente zonas de baixa profundidade, com velocidades de corrente moderada e bem oxigenadas e sem poluição.
Os investigadores analisaram o registo de temperaturas de Navarra entre 1975 e 2007 e, mediante um modelo matemático, calcularam a temperatura da água dos rios da região. Além disso, a equipa monitorizou a população de trutas em 12 rios da bacia do rio Ebro e observou que o aumento das temperaturas detectado estava associado a uma diminuição das populações deste peixe.
“No melhor dos cenários – o que considera alterações climáticas mais ligeiras –, a situação da truta é desastrosa”, afirma a investigadora ao serviço espanhol de notícias de ciência SINC (Scientific Information and News Service). Os resultados do estudo são aplicáveis a outras regiões ibéricas e mediterrâneas. “A região do Mediterrâneo é uma zona muito vulnerável às variações climáticas e à diminuição da disponibilidade de água”, acrescenta Ana Almodóvar. “Até agora intuía-se que, devido às alterações climáticas, as populações de truta dos países do Sul da Europa seriam mais afectadas do que as do Norte. Mas faltava um estudo concreto”, diz a investigadora.
A truta Salmo trutta está classificada como espécie Criticamente em Perigo pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Apenas as populações dos rios Minho e Lima apresentam a forma migradora (e não a forma sedentária), ou seja, aquelas cujos peixes eclodem em água doce e, passados um a dois anos, migram para o mar onde crescem até à maturação sexual. Só depois regressam aos locais de nascimento para se reproduzirem, normalmente zonas de baixa profundidade, com velocidades de corrente moderada e bem oxigenadas e sem poluição.
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