No começo é tudo bom... o pior vem depois! Com o início de um novo governo há um período de deslumbramento, optimismo e “pancadinhas nas costas”, as virtudes dos seus membros são focadas e ampliadas. Se no passado a experiência era uma mais-valia na abordagem aos problemas estruturais do país, hoje a juventude é condição essencial para romper com os erros do passado. Os fins, por sua vez, são períodos de repulsa, pessimismo e “facadinhas nas costas”, muito devido à incapacidade que se teve em dar a volta à situação do país e agradar “gregos e troianos”, nesse âmbito, de nada vale, aos membros do governo cessante, o extraordinário currículo profissional ou político de que dispõem.
Não quero estar a agoirar, desejo a maior sorte para o novo elenco governativo, pois a sua felicidade será também a do país. A capacidade técnica dos novos ministros, na maioria dos casos, é excepcional, mas também o era, na sua maioria, em governos anteriores, e este filme já se repetiu vezes demais e o final é por todos conhecido. Sinceramente, apenas não quero fazer parte destes comportamentos bipolares, até porque muitas das consequências das acções dos ministros ultrapassam o âmbito do seu controlo, influenciados por circunstâncias internas e externas ao país. No fim, fazem-se as contas, e como diz Mick Jagger: “You can’t always get what you want”.
O que é causa de preocupação, mais do que o pensamento neoliberal, é a demagogia que o líder do novo governo vem apresentando, apelando ao “lado obscuro” da opinião pública. Um dos casos flagrantes é a redução dos ministérios para 11 a pretexto de poupar 100.000 euros mensais ao Estado. São poupanças pouco significativas, que se devem consubstanciar em salários de ministros e de membros do seu gabinete. Constitui-se, portanto, como um símbolo de contenções na despesa, contudo, o país não precisa de simbologias bacocas, mas de eficácia e eficiência nas suas decisões. Prefiro ter um governo que tenha 20 ministérios, mas que garanta que os problemas do país estão a ser tratados com celeridade e a maior dedicação possível, do que um governo com 10 (como Pedro Passos Coelho desejava) que não consegue dar conta do volume de trabalho, descurando áreas essenciais, e, inevitavelmente, “o que é barato acaba por sair caro!”. Há ministérios que, por si só, já são complicados o suficiente, ora, aglutinando outras pastas, não me parece que os tornem mais simples, o que me parece ser o caso da Economia e da Agricultura.
Para evitar que certos ministros fiquem assoberbados de trabalho, penso que os secretários de Estado serão de grande importância, tendo de possuir grande independência e competência para o trabalho que vão ter em mãos. Deverão ser pessoas da confiança do ministro, que partilhem das suas ideias e visão, e não pessoas do aparelho partidário à espera da sua recompensa. O ministro deverá ser uma espécie de 1º ministro para a respectiva pasta, orientando e coordenando as acções dos seus secretários de Estado, cujas decisões deverão ter um elevado grau de autonomia e pelas quais, no fim, o ministro terá de responder.
Veremos como as coisas se vão desenrolar nos próximos dias… espero que a demagogia do 1º ministro empossado seja apenas circunstancial, e que este tenha realmente a consciência da responsabilidade que tem em mãos.
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