segunda-feira, 27 de junho de 2011

A queda dos Milionários

O maior clube do campeonato de futebol da Argentina acaba de escrever a página mais negra dos seus 110 anos de história ao descer para a 2ª divisão. O River Plate, fundado em 1901 em Buenos Aires, é conhecido por el Millonario por dispor do seu estádio, o "Monumental", numa zona nobre da cidade e por ter efectuado contratações avultadas de jogadores nos anos 30 (Carlos Peucelle, Bernabé Ferreyra e José Maria Minella), sendo o clube mais vencedor do campeonato argentino, com 34 vitórias. Por este clube passaram jogadores como Angel Labruna e Félix Loustau (que faziam parte de uma linha atacante conhecida como La Maquina), Walter Gomez, Santiago Vernazza, Alfredo Di Stefano, os irmãos Onega, Daniel Passarella, Ubaldo Fillol, Enzo Francescoli, Leonardo Astrada, Ariel Ortega, Pablo Aimar, Javier Saviola, Hernan Crespo e muitos outros, que ajudaram a tornar o River num dos maiores clubes mundiais, conquistando todos os títulos possíveis para o seu palmarés.
Figura 1- Estádio Monumental de Buenos Aires.
O River Plate, numa profunda crise económica devido à vários anos de gestão danosa, colocou-se numa posição classificativa (calculada por uma média entre as ultimas 3 temporadas) em que teria de disputar a manutenção na 1ª divisão argentina num playoff com a equipa do Belgrano de Córdoba, que militava na 2ª divisão. A primeira mão, disputada fora de casa, resultou numa derrota por 2-0 para os "milionários", um resultado que não teve reviravolta na segunda mão, no Monumental, quedando-se por um empate a uma bola. Neste último encontro, o árbitro terminou a partida antes do final do tempo regulamentar, devido à tentativa de invasão do campo pelos adeptos do River, inconformados pela situação do seu clube, uma revolta que se espalhou pela noite dentro em torno do estádio.
Figura 2- Pavone, Funes Mori e Almeyda em 1º plano.
O jogo até começou de feição para o River, tendo Mariano Pavone inaugurado o marcador logo aos 5 minutos do 1º tempo, contudo o Belgrano chegou ao empate no decorrer da 2ª parte por intermédio de Guillermo Farré, aos 61 minutos, silenciando o Monumental. Os milionários ainda disposeram de uma grande penalidade, duvidosa, para se colocarem à frente do marcador, mas Pavone falharia na sua concretização.
Figura 3- Pavone após falhar a cobrança do penalty a favor do River Plate.
Ao River resta "juntar todos os cacos" e olhar em frente, mas perceber o que correu mal no passado, muito devido à má gestão económica e desportiva do clube e da instabilidade que daí resultou para as suas equipas técnicas e plantel. O desmantelamento de equipas inteiras devido ao assédio dos principais clubes da Europa nos seus jogadores, foi mal gerida e muitas vezes, esses activos, foram mal negociados. A solução passa por voltar a olhar para a formação do clube, apostar na cantera é desde sempre um apanágio dos "milionários", de onde saíram jogadores como Marcelo Gallardo, Ortega, Aimar, Saviola, Crespo, Andrès D'Alessandro, Cavenaghi, Javier Mascherano, Demichelis, Gonzalo Higuain, Radamel Falcao, porém, exige-se um esforço pela manutenção dos seus melhores atletas por um período mais prolongado e de uma forma planeada, resistindo aos cantos de sereias vindos da Europa. Jovens como Erik Lamela, Manuel Lanzini, Pereyra, Funes Mori e Villalba podem ser o rosto do renascimento dos milionários... têm é que dar tempo para o seu crescimento.

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