Lance Armstrong era um ídolo para muitas pessoas... um desportista que venceu um cancro e que, posteriormente, consegue 7 vitórias no mais prestigiado evento de ciclismo do mundo, o Tour de França, tem de ser um exemplo e um modelo de história cinematográfica de como superar obstáculos e sair deles mais forte e determinado. Por isso, quando surgiram as primeiras histórias de que as suas vitórias estavam relacionadas com o doping, pensou-se que se tratava da eterna dor de cotovelo francesa, pois os resultados nos testes da União Internacional de Ciclismo (UCI) eram persistentemente negativos. Porém, nos últimos anos o cerco tem-se fechado em torno do ciclista norte-americano, inclusivamente pelos seus pares e país de origem.
Até 1996, antes do diagnótico de cancro e seu respetivo tratamento, Lance Armstrong era apenas um bom ciclista, tinha ganho algumas provas, incluindo duas etapas no Tour, pertencendo à equipa espanhola da Cofidis. Aos 25 anos o ciclista estado-unidense realiza uma conferência de imprensa em que declara que padece de cancro, que já se havia espalhado dos testítulos a outras partes do corpo. Mesmo a lutar contra esta terrível doença o ciclista fazia questão em afirmar que pretendia voltar ao ciclismo profissional quando tivesse recuperado, todavia, mais tarde, a equipa Cofidis rescindiria o contrato com Lance.
Figura 1- Lance Armstrong no Tour com a camisola da US Postal. |
Em 1998, plenamente recuperado da doença e visivelmente mais magro, é contratado pela equipa US Postal. É a partir daqui que se dá o "conto de fadas" de Armstrong, que depois das adversidades, se torna num dos maiores ciclistas de sempre, ao lado de nomes como Miguel Indurain e Eddie Mercx, vencendo logo em 1998 a Volta ao Luxemburgo. A partir de 1999 e até 2005 ganha consecutivamente o Tour de França (7 vezes), ganhando ainda pelo meio a volta à Suiça e uma medalha de bronze pelo contra-relógio nos Jogos Olímpicos de Sidney (2000). Acaba a carreira no topo e decide dedicar-se à sua fundação, criada em 1997 para ajudar as pessoas afetadas pelo cancro. Porém, tratou-se apenas de um interregno de 3 anos, voltando para competir durante outros 3, mas sem grandes resultados (é 3º no Tour em 2009!).
As alegações de doping já vinham de trás, havendo quem alegue que, logo em 1998, Lance Armstrong começou a tomar uma droga chamada EPO, que simula o efeito da testosterona no organismo, fazendo com que o metabolismo funcione de forma mais eficiente. Surgiram várias testemunhas, dentro e fora da US Postal, que corroboram o uso de substâncias ilícitas por parte do ciclista para melhorar o desempenho desportivo, pessoas como Emma O´Reilly, sua massagista, e o seu antigo companheiro de equipa Tyler Hamilton. Os procuradores do Governo dos EUA iniciaram uma investigação sobre as alegadas acusações a Armstrong, acusações que ele sempre refutou.
Em junho de 2012 a US Anti-Doping Agency (USADA) acusou formalmente Armstrong do consumo de substâncias ilícitas, baseando-se em amostras sanguíneas de 2009 e 2010 e em testemunhos de outros ciclistas, e retirando-lhe do palmarés todas as suas conquistas desportivas desde 1998 e banindo-o da prática desportiva profissional. Apesar de refutar o veredicto, Lance Armstrong optou por não constestar as acusações, alegando estar cansado de tentar provar constantemente a sua inocência. Em outubro a USADA publica os detalhes da sua investigação, devido a um apelo da UCI, declarando que "(...) Armstrong fazia parte do mais sofisticado, profissionalizado e eficaz programa de doping que o Desporto já conhecera". Nesse mesmo mês, a UCI aceita as sanções e recomendações da USADA relativamente ao caso, vindo o seu presidente, Patrick McQuaid, afirmar publicamente que "Armstrong não tem lugar no ciclismo, merecendo o esquecimento".
Infelizmente ou felizmente, Armstrong não será esquecido, fará sempre parte daquelas histórias de batota e falta de desportivismo em relação aos adversários, ao invés de ser uma história de preserverança e superação... ainda por cima nós temos mais falta deste último género de histórias!
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