terça-feira, 23 de outubro de 2012

DN: "Dívida total de Portugal ascende a 432,1% do PIB"

A notícia publicada no DN só vem reforçar a falta de regulação feita ao sistema financeiro português, deixado muitas vezes à solta no mercado, com olhos no lucro e de costas para a sensatez, provocando metade da dívida total do país.
Depois, um dos líderes desses bancos, Fernando Ulrich do BPI, ainda vem afirmar, com ares de autoridade e superioridade, que o Estado devia pagar aos desempregados para trabalhar no seu banco, como se isso não fosse algo completamente imoral e contra as Leis da Concorrência da União Europeia, mas é este o género de pessoas que dominam o país. Basta ver a facilidade com que José Maria Ricciardi, do BES, interpela o 1º Ministro, Pedro Passos Coelho, e o seu n.º 2, Miguel Relvas, queixando-se de atos de gestão do Governo. A troika lá inventou dinheiro, dado a Portugal para recapitalizar a banca nacional, mas esta, inicialmente, não queria esse dinheiro porque o seu uso teria de ser supervisionado pelo Estado português, com medo sabe-se lá do quê... com isto a nossa economia depara-se com uma enorme dificuldade de financiamento, especialmente os pequenos e médios empresários, obrigando o Estado à criação de um banco de fomento, ideia avançada por António José Seguro.

A dívida dos particulares, que ocupa uma grande fatia, é, na sua maioria, devida a esses bancos, que tendo em vista o lucro atribuía empréstimos de qualquer maneira, sem ver se as pessoas tinham condições para o receber, e já nem falo dos limites legais que a banca deveria ter em termos depósito em relação aos empréstimos que concede, algo que foi completamente desrespeitado e a que os bancos centrais desviaram o olhar... não só aqui, como em vários sítios do mundo, como nos EUA, Irlanda e Islândia (ver também este post).

Curiosamente, ou não, o endividamente do Estado teve o maior aumento, muito provocado pela queda das receitas, pois o aumento do imposto sobre o consumo provocou uma brutal diminuição do dito consumo! Claro, que isto alia-se a um maior desemprego, também menos pessoas a consumir e mais a usufruir das tais prestações sociais. Relativamente ao pagamento do 13º mês aos Funcionários Públicos, ainda estou para perceber porque é que não o atribuíram em títulos da dívida pública, como foi feito no tempo do Bloco Central, sempre cumpriam as ordens do Tribunal Constitucional, colocavam dívida em mãos nacionais, pois um dos nossos maiores problemas é estar maioritariamente concentrada no exterior (ao contrário de Itália) e teriam uma almofada em termos orçamentais para combate do défice do Estado.


O endividamento total dos setores público e privado de Portugal, excetuando a banca, atingiu os 432,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no final do primeiro semestre, segundo dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal (BdP).

Este rácio é muito superior ao que se verificava no final de 2007 (a data onde começa a série do BdP): 346,8% do PIB. Deste valor, cerca de metade é devido à banca, e um quarto é devido ao estrangeiro.

Nos números do boletim estatístico do BdP, a dívida pública (na definição restrita utilizada pelas entidades europeias) atingiu os 117,6% em junho deste ano. Numa definição mais lata, a dívida das administrações públicas atingiu os 137% do PIB. Juntando a este valor a dívida das empresas públicas cujas contas não são englobadas no resto do Estado, a dívida pública atinge os 148,2% do PIB. Este valor é substancialmente superior aos 87,8% do PIB registados no final de 2007. Foi das administrações públicas que veio o maior aumento no endividamento português. Mas não só. O endividamento das empresas privadas atingiu os 182,6% - era 160% em dezembro de 2007. O dos particulares foi dos que menos aumentou - de 98,5 para 101,2% do PIB.

A origem da dívida varia de acordo com o setor. No caso dos particulares, o endividamento é quase todo relativamente à banca. A situação das empresas privadas é mais diversificada, mas quase metade da dívida é aos bancos. Já o principal credor do Estado é o estrangeiro -- mais de metade da dívida do setor público é ao exterior.

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