segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Sol: Aguiar Branco- "Comentadores são uma ameaça às FA"

Aguiar Branco vai mostrando as garras da intolerância face a críticas relativamente à gestão do Governo e do seu Ministério, tendo como horizonte o Orçamento de Estado. Não sei se são tiques ditatoriais ou insegurança política relativamente às críticas, normais numa democracia, que lhe são dirigidas pelos tais "comentadores de fato cinzento e gravata azul".

O que é certo é que um membro do Governo tem de ter mais sentido de Estado perante críticas da sociedade civil, mesmo que as ache perigosas em termos de conteúdo. Como ministro tem de primar por um discurso construtivo e responsável, não formulando declarações enigmáticas e algo PIDEscas!



O ministro da Defesa, Aguiar-Branco acusou hoje os comentadores “de fato cinzento e gravata azul” de serem o maior adversário das forças armadas e tão perigosos para a defesa nacional como qualquer outra ameaça externa.

“Este adversário é tão corrosivo, tão arriscado e tão perigoso para a Segurança nacional como qualquer outra ameaça externa”, afirmou José Pedro Aguiar-Branco depois de acusar os “ comentadores de fato cinzento e gravata azul” de fazerem “o discurso da inutilidade das Forças Armadas” e de serem o seu “o maior adversário”.

No discurso com que presidiu às comemorações do Dia do Exército, nas Caldas da Rainha, Aguiar-Branco sublinhou às tropas: “O nosso maior adversário não é a adaptação que nos é exigida à situação que o país atravessa”, nem tão pouco “as medidas da 'troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) ou a contenção orçamental”. Mas sim, “o sentimento, inegavelmente crescente, de que as Forças Armadas, num contexto de carência geral, não são necessárias” e os comentadores “que olham para o Orçamento de Estado e dizem que é aqui que está a despesa que se pode cortar sem que o país sinta a sua falta”, disse.

Sem especificar a quem se dirigem as criticas, Aguiar-Branco acusou os mesmos comentadores de terem do Estado e da soberania “uma visão contabilística” e de encherem páginas de jornais e os noticiários da televisão questionando "para que servem as Forças Armadas”. Um discurso “perigosamente demagógico” que o ministro quer ver combatido “dentro dos quartéis”. "No dia em que as Forças Armadas se deixarem instrumentalizar ou envolver no debate partidário, é o dia em que estamos a dar a resposta, por nós indesejada, à pergunta dos comentadores de fato cinzento e gravata azul”, sustentou.

Na intervenção, o ministro deixou ainda uma critica velada às associações representativas dos vários ramos das Forças Armadas sublinhando que “as verdadeiras Forças Armadas não estão nas salas de hotel a discutir política”, mas sim no terreno e nos quartéis. A esses, o governante prestou hoje contas sobre o corte de despesas e custos intermédios no Ministério da Defesa Nacional no valor de 19 milhões de euros, conseguido através da eliminação de direções administrativas e da saída do Programa dos NH90, “libertando 130 milhões para 2013”.

A rescisão do contrato das viaturas Pandur e o cancelamento do concurso da arma ligeira que “envolvia 80 milhões de euros”, foram outras das medidas apontadas e que, no conjunto, “permitem libertar o erário público, para os próximos anos, em mais de 1.000 milhões de euros”. Cortes que o ministro considera não afetarem o “equipamento necessário” nem diminuírem as capacidades do exército, apesar de o Chefe do Estado-maior do Exército, general Pina Monteiro, ter afirmado que “o potencial humano nas fileiras tende a situar-se em níveis mínimos” e que o efetivo atual do exército “significa uma redução de cerca de 5.500 homens e mulheres em relação ao pessoal necessário para guarnecer a totalidade da estrutura orgânica do exército”.

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