quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Aumentos nos transportes públicos


Como utente de transportes públicos também levei com um aumento entre 15 e 22% no meu passe combinado (autocarro e metro) que utilizo para me deslocar ao trabalho. Se é verdade que a situação está complicada para as transportadoras, em virtude do aumento do preço do combustível por exemplo, mais complicada está para os trabalhadores de classe média e baixa, que são os que, de facto, utilizam estes transportes, ainda para mais quando se trata de um aumento desta ordem, o que, para pessoas que ganham o salário mínimo ou perto disso, é algo brutal.
Figura 1- Eléctrico da Carris.
Não consigo encaixar o porquê dos enormes prejuízos que as empresas públicas transportadoras têm tido ao longo dos tempos. Na área metropolitana de Lisboa os comboios, metro, autocarros e eléctricos vão normalmente cheios de pessoas, muitas delas compram um passe que não é tão barato assim, especialmente no que diz respeito à CP e à Carris. Muitas carreiras e linhas de comboio foram extintas nas últimas décadas, especialmente fora das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, mas também nestas, mas os resultados operacionais dessas empresas continuam a ser maus.

O grande problema é que as empresas públicas são normalmente um dos sorvedores de boys dos partidos no poder, que pouco percebem do assunto, estão lá para "se orientar" e não para pôr as empresas públicas a fazer o seu trabalho com o menor desperdício possível para o Estado. Aumentam-se o número de administradores não executivos, assim como a frota automóvel, assessores, cargos da "treta" para alimentar redes de clientelagem e ideias bacocas (ex: Há algum tempo atrás, a PT ofereceu cerca de 20 sistemas para que os autocarros da carris pudessem ter acesso à Internet, mas em vez de os instalar nos autocarros existentes, compraram novas viaturas para o propósito).

Não se vê uma política de sustentabilidade  e inovação nessas empresas com um mínimo de visão estratégica. É ver o caso da TAP, só quando o Governo, na altura de António Guterres, trouxe Fernando Pinto e a sua equipa, é que a gestão da transportadora aérea nacional entrou nos eixos. Há tanta gordura desnecessária e cobra peçonhenta para eliminar, mas no fim, "quem se lixa é o mexilhão!" A falta de imaginação e de capacidade dos políticos e dirigentes colocados em cargos públicos é muito perigosa quando se une à desonestidade intelectual.
 
Os transportes públicos devem ser um objectivo estratégico para qualquer país e cidade. Precisam de ser incrementados e a sua utilização tem de ser incentivada, melhorando a sua atratividade através de um serviço de qualidade, não só para promover a preservação do ambiente e da qualidade de vida nas cidades, mas como um incentivo à poupança no consumo de combustível, com boas consequências para o bolso das pessoas e do Estado. Iniciativas como aumentar o preço do parqueamento a não residentes e taxar a entrada nas grandes cidades de automóveis pessoais são medidas a considerar para o aumento de receita pública e  para uma maior procura dos transportes públicos. Mais pessoas a circular nos transportes públicos significa mais recebimentos por parte dessas empresas, assim como uma maior aposta em combustíveis alternativos para esses veículos, significa uma melhoria no meio ambiente e uma poupança de recursos.

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