O 1º filme da saga retrata o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), mostrando-o como um grupo paramilitar incorruptível, que luta contra o mundo da criminalidade do Rio de Janeiro, mundo esse que contabiliza não só os traficantes da favela, mas também grande parte das forças de segurança, tudo dentro de um esquema mutualista de corrupção que abrange altas patentes da Polícia Militar. As grandes preocupações dos comandantes do BOPE passam por evitar que o seu batalhão se deixe contaminar pela polícia corrupta e por eliminar traficantes e bandidos que cruzem o seu caminho. "Tropa de Elite" apresenta, portanto, uma perspectiva real, mas algo simplista dos problemas sociais que assolam o Estado do Rio de Janeiro.
Figura 1- Cartaz do filme “Tropa de Elite 2”
Esse primeiro filme mostra um capitão Nascimento, interpretado brilhantemente por Wagner Moura, como um herói dividido entre o dever e lealdade para com o BOPE e o início de formação da sua família. O capitão Nascimento, como é apanágio de um membro desta polícia, é uma pessoa íntegra, inflexível e firme nas suas convicções, condenando a hipocrisia de uma certa elite de esquerda que tende a proteger os bandidos do “morro” contra as acções da polícia, especialmente quando se trata do BOPE, pois estes, quando entram nas favelas, geralmente, é para matar.
“Tropa de Elite 2” começa com o mesmo tom, desta fez confrontando o capitão, com mais idade, com um candidato esquerdista a deputado federal (Fraga, interpretado por Irandhir Santos), que, curiosamente, se encontra a viver com a sua ex-mulher e filho. Porém, à medida que o filme se vai desenrolando, a personagem de Wagner Moura, colocado entretanto num alto cargo de Inteligência na Segurança Pública do Rio de Janeiro, vai ganhando, aos poucos, uma nova percepção da problemática do crime na “cidade maravilhosa”, uma visão mais complexa de um sistema instalado que permite e apoia o status quo para dele tirar dividendos. Percebe então que o trabalho que ele próprio desenvolvia não visava “curar a doença" da criminalidade, mas apenas tratar os seus sintomas, atingindo apenas as camadas mais baixas da população, e deixando de fora os mentores do sistema, o peixe graúdo de um esquema que privilegia e mantém as elites no poder. Esta ideia é algo com que podemos relacionar, com a devida escala, a todas as sociedades mundiais, incluindo a portuguesa.
“Tropa de Elite 2” começa com o mesmo tom, desta fez confrontando o capitão, com mais idade, com um candidato esquerdista a deputado federal (Fraga, interpretado por Irandhir Santos), que, curiosamente, se encontra a viver com a sua ex-mulher e filho. Porém, à medida que o filme se vai desenrolando, a personagem de Wagner Moura, colocado entretanto num alto cargo de Inteligência na Segurança Pública do Rio de Janeiro, vai ganhando, aos poucos, uma nova percepção da problemática do crime na “cidade maravilhosa”, uma visão mais complexa de um sistema instalado que permite e apoia o status quo para dele tirar dividendos. Percebe então que o trabalho que ele próprio desenvolvia não visava “curar a doença" da criminalidade, mas apenas tratar os seus sintomas, atingindo apenas as camadas mais baixas da população, e deixando de fora os mentores do sistema, o peixe graúdo de um esquema que privilegia e mantém as elites no poder. Esta ideia é algo com que podemos relacionar, com a devida escala, a todas as sociedades mundiais, incluindo a portuguesa.
Figura 2- Nascimento (Wagner Moura), Rosane (Maria Ribeiro) e Fraga (Irandhir Santos).
O realizador e argumentista José Padilha dá uma visão de topo sobre o problema social e da criminalidade existente no Brasil, uma percepção mais evoluída que vai amadurecendo na mente do capitão Nascimento, especialmente quando este sai da sua “bolha” BOPE, e se coloca no centro da corrupção brasileira. Não é um filme tão dinâmico como o primeiro, mas não deixa de entreter e é bem mais profundo nas questões que aborda e na densidade psicológica das suas personagens.
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