domingo, 24 de julho de 2011

Final triste, mas esperado

Amy Winehouse não escapou à maldição dos 27 anos de idade. Tal como Robert Johnson, Brian Jones (Rolling Stones), Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison (The Doors) e Kurt Cobain, a talentosa cantora de Soul britânica acaba de perder a vida com essa malfadada idade, muito provavelmente devido ao seu consumo de estupefacientes.

Figura 1- Amy Winehouse por volta de 2003, aquando de "Frank".
Amy Winehouse lança o seu disco de estreia, "Frank", em 2003, cheio de influências do Jazz, Soul e do R&B. Foi um trabalho muito bem aceite pela crítica, tanto pela sua voz contralto e cheia de alma, assim como pela sua escrita descomplexada e ritmada, tendo sido indicada para os prémios de música Mercury em 2004. "Stronger than me", "Help Yourself", "Take the box", "Fuck me Pumps", "In my bed" e "You sent me flying" foram as canções de maior destaque.

Quando olhamos para as fotografias e para os vídeos daquela época ficamos impressionados pela mudança brusca em termos físicos pela qual Winehouse passou até chegar aos dias de hoje. A canção "Stronger than me" retrata o relacionamento (namorava já com Blake Civil-Fielder?) em que o namorado se entrega ao mundo da dependência, tendo constantemente que o proteger... entretanto, como refere a canção "rehab" do disco seguinte, ela própria terá sucumbido aos vícios do seu parceiro, passando ela a precisar da mesma protecção. Poderá estar aqui um indício de como a situação de dependência de drogas se terá iniciado e evoluído com a jovem Amy.

"Back to Black" foi o álbum seguinte, um sucesso estrondoso tanto a nível comercial, tornando-se o disco mais vendido de 2007, como relativamente à crítica, tendo recebido 6 indicações para os prémios Grammy de 2008, vencendo 5: canção do ano, gravação do ano, artista revelação, melhor álbum vocal pop, melhor performance vocal pop feminina. Amy inspirou-se nas bandas femininas afro-americanas dos anos 50 e 60, como The Shirelles, The Ronettes e The Supremes, um disco mais ligado à Soul, com grandes canções como: "Rehab", "Love is a losing game", "Back to black", "You know I'm no good", "Tears dry on they own" e "Me and Mr. Jones". Ainda no mesmo ano, colabora com Mark Ronson, gravando uma versão de "Valerie" para o álbum do músico inglês, que também obteve grande sucesso.
Figura 2- Amy Winehouse por alturas de "Back to Black".
Com o sucesso comercial vieram também os escândalos relacionados com a embriaguez, toxicodependência, disturbios físicos/mentais e problemas conjugais, que afectaram bastante as suas actuações ao vivo, de que é exemplo o seu concerto no Rock in Rio de 2008. Era óbvio que a cantora não estava em condições para fazer uma digressão com múltiplos concertos agendados, precisava de se afastar para efectuar os tratamentos necessários para lutar contra a sua adição.

Em 2008 surgiram rumores de que Winehouse estaria a preparar um novo álbum, mas uma nova leva de escândalos levaram, finalmente, à pausa de que tanto precisava, entrando numa clínica de rehabilitação e passando uma longa temporada nas Bahamas. Entretanto, em 2010, a cantora volta a entrar em estúdio, afirmando que tem canções suficientes para editar 3 álbuns. Em Novembro lança "It's my party", uma versão da música de Quincy Jones. Recentemente havia retornado aos concertos ao vivo e, com isso, também à sua espiral de auto-destruição, como comprova o seu último concerto em Belgrado, em que foi apupada para fora do palco.

Amy Winehouse acaba por cancelar as actuações restantes da sua digressão, inclusivamente a que tinha agendado para o festival Sudoeste, na Zambujeira do Mar. Pouco tempo depois era encontrada morta no seu apartamento em Camden Town. Resta o mito e a possibilidade de edições póstumas que o alimentem, tal como aconteceu com outros artistas que padeceram do mesmo destino.

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